[Contém spoilers]
A magia da tecnologia
Nesta recta final da temporada, The Flash continua a necessitar desesperadamente de ganhar momentum e de nos envolver com o grande vilão da temporada. Enquanto isso não acontece, podemos pelo menos aproveitar nesta semana o interessante vilão Abra Kadabra.
Abra Kadabra foi criado por John Broome e Carmine Infantino, tendo a sua primeira aparição nas páginas de Flash (Volume 1) #128 (1962). A sua história de origem conta-nos que era um mágico falhado do século 64 e que decide assim viajar para o passado, para épocas em que os mágicos ainda eram aplaudidos. Com um grande desejo de atenção e aplausos, os ataques de Abra Kadabra tendem a ser quase sempre floreados e onde muita gente possa assistir. Desde a sua aparição que se tornou um vilão regular de Barry Allen, tendo também focado as suas atenções em infernizar a vida a Wally West (diferente do Wally da série).
Sabiam que a origem da palavra Abracadabra remonta a uma frase do aramaico usado no Médio Oriente “abhadda kedhabhra” que significa “desaparece deste mundo”?
“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia” – terceira lei de Arthur C. Clarke
O episódio desta semana consegue captar bem a essência do vilão, dando um toque realmente mágico e impressionante aos seus truques através da tecnologia avançada. David Dastmalchian consegue transmitir uma personalidade perturbada e louca, mas com uns olhos que mostram uma faísca de genialidade. Os seus confrontos com a Team Flash foram a verdadeira alma do episódio e a batalha final pela cidade foi realmente empolgante. Fiquei na dúvida se a sala do futuro em STAR Labs agora deixou de funcionar, uma vez que a esfera que lhe dava energia desapareceu para o futuro…
Sabiam que David Dastmalchian já interpretou por duas vezes diferente um capanga de vilões do Batman? Primeiro em Batman: o Cavaleiro das Trevas (2008) e depois na série Gotham.
Podemos ainda destacar o papel mais ativo que Cisco tem tido como Vibe. Longe vão os dias em que era só o rapaz por detrás dos computadores e o equilíbrio entre as suas diferentes funções e facetas tem sido bem explorado, permitindo uma boa evolução da personagem.
Por outro lado, a aparição regular de Gypsy já está demasiado forçada e parece que não existe nenhum caso atual em que ela também não tenha um interesse. É preciso pontaria para quem nunca a tinha visto antes, agora estarem sempre a cruzar caminhos. Pior que isso é que a abordagem neste episódio ao lidar com Abra Kadabra podia ter sido muito melhor. Termos descoberto mais sobre o passado de Gypsy foi bom, mas a sua atitude intransigente leva a duvidar se ela realmente estabeleceu alguns laços tanto com Cisco como com o resto da Team Flash.
A oportunidade de ouro para descobrir mais sobre Savitar por alguém que vem do futuro foi completamente desperdiçada. Os sentimentos de Barry mostram que apesar de se ter conseguido acertar com Iris continua a não pensar na sua maneira natural, principalmente quando considera deixar Abra Kadabra à solta em troca de informações. E, neste caso, Iris toma um papel essencial em ajudar Barry a manter-se fiel ao seu caminho como herói, não o deixando cair na escuridão. Porém, a resolução final do conflito com Gypsy foi talvez ridícula. Com que então agora a Team Flash está de acordo com condenar as pessoas à morte? Eles têm uma prisão especial para meta-humanos e pessoas com capacidades especiais, podiam perfeitamente ter levado Abra Kadabra para lá onde ele iria sofrer uma pena na prisão e ser castigado pelos seus crimes. Além disso, esta podia ter sido a base para estabelecerem um acordo com o vilão. Eles não deixavam Gypsy levá-lo e assim este não seria morto, mas também não iria livre, seria enviado para a prisão. Depois disso, Gypsy podia pegar em Abra Kadabra e fugir já que os produtores não queriam que a identidade de Savitar fosse revelada agora, mas notou-se uma falta de empenho na escrita.
Falta essa ainda mais notória no que diz respeito ao enredo de Caitlin. Pontos positivos: a relação entre Caitlin e Julian e os momentos tensos no final. Pontos negativos: Hm, Caitlin está a morrer devido a estilhaços. Que pena que não existem dois speedsters que sabem vibrar através da matéria e poderiam facilmente retirar os estilhaços! Ou pelo menos considerar essa hipótese e arranjar uma razão válida para descartá-la. E que tal tirarem o colar de Caitlin, esperarem que ela recuperasse e depois tentar voltar a colocar o colar?! Mais uma vez, podia não funcionar, mas tentar não custa; por fim, a equipa da maquilhagem deve-se ter esquecido de pôr um ar mais doente a Caitlin, porque para quem acabou de estar às portas da morte e ser operada, a mulher estava linda e radiante.
A aparição de Abra Kadabra apesar de não ter dado informações nenhumas sobre Savitar deu a Barry uma boa ideia, viajar para o futuro e tentar descobrir por ele próprio quem é o vilão. Será que no próximo episódio, em “The Once and Future Flash”, será finalmente revelada a identidade de Savitar? Pena que teremos que esperar 4 semanas inteirinhas, pois o episódio só estreia a 25 de abril. Até lá, boas corridas!
Emanuel Candeias