Harlots é uma série de época e retratando Londres em 1763, mais concretamente o mundo da prostituição, foca-se no bordel de Margaret Wells e na sua tentativa de subir na vida.
O piloto começa por nos introduzir a um pouco do dia a dia destas prostitutas, usando uma espécie de ranking descritivo de cada uma delas, enquanto vão interagindo com diferentes clientes. Conhecemos Emily, a rapariga mais rentável do bordel, que se dá mal com Lucy, a filha mais nova de Margaret e que ainda é virgem. Descobre-se que a mãe de Lucy está a poupar a virgindade da filha para a inauguração do seu novo bordel, numa rua mais respeitável, frequentada por homens de outra classe.
A mudança está quase concluída, só falta um pagamento. No entanto, na noite anterior, soldados invadem o bordel de Margaret e prendem-nas a todas, levando-as a tribunal. Depois de anos a escaparem a invasões e prisões, Margaret suspeita que a sua mudança está no âmago desta prisão e é condenada a pagar uma soma bem grande, que poria em causa o negócio. Emily, insatisfeita com a sua situação, decide ir pedir abrigo ao bordel de alta classe, rival de Margaret, o mesmo que organizou esta caça às bruxas.
A única solução é vender mais cedo a virgindade de Lucy e aqui entra em história a irmã mais velha, Charlotte, que está na iminência de ser propriedade de um conde, mas como está relutante em assinar o seu contrato acaba por o chatear tanto e causar-lhe ciúmes que este, na sua tentativa de vingança, compra a virgindade de Lucy a um preço exorbitante, acabando por dar a Margaret exatamente o que ela precisava.
A banda sonora deste episódio é excelente, desde as músicas que vão passando no fundo, como a ópera que é cantada. A caracterização das personagens e dos cenários é deliciosa no aspeto em que está extremamente bem feita. Uma série que retrate uma época e que não consiga esta caracterização falha logo à partida e nisto esta tem todo o potencial para continuar e fazer furor. Outro ponto que torna este piloto bastante interessante é a realidade que retrata da prostituição e a sua universalidade temporal. Possivelmente terá a capacidade de retratar a vida dura de mulheres com uma profissão que era e ainda é mal vista aos olhos do povo e da lei, mas que não deixam de ter tanto direito à vida e a uma profissão como todos nós. Gostei muito e vou continuar a ver. Se viram digam o que acharam, mas se estão a ler isto para descobrir se vale a pena, então vejam, porque vale!
Raul Araújo