[Contém spoilers]
Se há tema que me incomoda bastante é o bullying e as suas consequências e mal li sobre o que seria esta nova aposta da Netflix quis de imediato fazer a sua review. Sendo assim, este grande sucesso de 13 episódios chamado 13 Reasons Why conta a história das razões que levaram Hannah (Katherine Langford) a cometer suicídio. A maneira dela contar a história é bastante peculiar, pois antes de colocar termo à sua vida gravou sete cassetes a explicar as razões que a levaram a fazer tal coisa.
Hannah era uma estudante do secundário aparentemente normal até que um dia decide cometer suicídio. As semanas que se seguem na escola secundária de Liberty têm sido tensas, com vários professores a alertar os alunos para os sintomas de depressão, de modo a evitar que uma situação do tipo se volte a repetir. Quem se encontra bastante abalado com esta história é Clay (Dylan Minnette), que tinha uma paixoneta por Hannah e era seu amigo. Clay é um rapaz um bocado reservado e estranho, não se adaptando muito bem socialmente aos colegas. Um dia, ao chegar a casa, Clay encontra uma estranha encomenda no chão, contendo um mapa e sete cassetes. Clay começa a ouvir o primeiro lado da primeira cassete (em cada episódio da série ouve-se um lado de uma cassete) e fica em choque ao saber que é a voz de Hannah a explicar as razões por detrás do seu suicídio. Ela explica que cada lado da cassete é referente a uma pessoa que de certo modo teve influência na sua decisão. Clay está incluído numa das cassetes e não consegue compreender o que fez de errado, uma vez que gostava bastante dela e eram bons amigos. Ele encontra-se assustado, mas determinado a descobrir todas as pessoas e o que fizeram de tão mau para que Hannah terminasse com a sua vida.
A primeira pessoa da cassete é um jogador de basquetebol da escola chamado Justin (Brandon Flynn), a primeira paixão de Hannah e com quem ela dá o seu primeiro beijo. Num parque infantil, Hannah e Justin dão o seu primeiro beijo e tudo lhe parece mágico e perfeito. Até ao ponto em que ele lhe tira uma foto menos própria quando ela descia do escorrega de saia, vendo-se as cuecas. No dia seguinte ao encontro, Justin gaba-se de ter estado com Hannah e mostra a foto aos seus colegas de equipa, o que faz com que eles a compartilhem com a escola toda. A humilhação é real e esta é a primeira grande razão de Hannah ter cometido suicídio.
Este primeiro episódio agarrou-me de tal forma que tive logo que ver o próximo, o seguinte, e já vou a meio da temporada. A série está tão bem conseguida e consegue mostrar como uma simples brincadeira entre supostos colegas e amigos pode realmente magoar uma pessoa e fazer com que ela se sinta humilhada, abusada, com baixa autoestima. Bullying não é fácil, meus amigos, e pode levar a consequências terríveis, sendo que esta série representa muito bem esse tema. Tenho que referir que a realização e as mudanças temporais do antes e depois do suicídio de Hannah estão muito bem conseguidas, fazendo com que vejamos Clay no tempo presente a ouvir a cassete no local onde Hannah descreve os acontecimentos e de seguida já vemos Hannah no passado a viver esses acontecimentos, como se Clay estivesse a observá-la por uma televisão ou, neste caso, a imaginar a cena enquanto ouve as cassetes num velho walkman.
Por fim, só vos aconselho a verem a série toda e não se ficarem só pelo piloto. Esta série de 13 episódios é uma masterpiece da Netflix com sucesso garantido! Não se vão arrepender. Já agora, aproveitem e leiam a crónica especial dedicada à série: 13 Reasons Why: A tua vida não tem que ser uma cassete, faz stop.
Cristiana Silva