[Contém spoilers]
“Everything’s better in song.”
A perfeita harmonia com que o nosso coração fica ao terminar o episódio reflete a magia criada em “Duet” e a atenção dada a esta carinhosa “carta de amor” aos musicais. É sem dúvida um entretém para ver e rever. Numa só tirada, este crossover musical de The Flash e Supergirl mostrou ser um sucesso ao nível do grande crossover “Invasion!”.
Claro que por outro lado este é um episódio que levantará muita controvérsia e por muitos será considerado uma perda de tempo gigante. Quem não “engole” musicais por nada dificilmente irá tirar algum sentido destes 40 minutos. Eu por norma não procuro musicais, mas simplesmente adorei o que foi feito neste episódio, ver os nossos heróis tão bem encaixados num estilo diferente foi impressionante! A nível critico, “Duet” também ganha pontos pela originalidade, pela oportunidade dada aos atores com talento musical, pelas divertidas canções e pela brilhante execução de todo o evento.
Onde este crossover peca é exatamente no mesmo ponto onde foi criada uma certa entropia no grande crossover anterior. A verdade é que este é um crossover apenas de uma parte e não de duas partes, sendo que apesar de Music Meister ser apresentado nos últimos minutos do episódio “Star-Crossed” de Supergirl, os fãs de The Flash podem muito bem acompanhar o evento vendo apenas o episódio “Duet”. Por outro lado, os fãs da Rapariga de Aço podem ficar um pouco desapontados de um grande enredo da série ser resolvido noutro sítio que não a série original.
Em conjunto com Grant Gustin e Melissa Benoist, Darren Criss (Music Meister) junta-se ao elenco de ex-membros de Glee para uma lembrança dos tempos passados da série musical. Os três atores têm um comprovado selo de aprovação nos dotes musicais e mostram que ainda não perderam o toque. As surpresas estenderam-se às boas prestações dos outros atores que, não tendo o canto de um passarinho, não se desenrascam nada mal mesmo assim.
O foco musical do episódio presenteou-nos com um reportório deslumbrante:
Para a maioria, e eu sem exceção, “Super Friend” foi a preferida, conjugando o melhor dos dois mundos, uma música que realmente capta o espírito dos super-heróis. A perspetiva de duas personagens num musical que sabem que estão nele também deu um tom singular ao episódio, quando o objetivo se centralizou em seguir um guião muito mais simples do que seria na “vida real”.
Algo que também marcou o evento foi a característica já vista no episódio “Welcome to Earth-2” na 2.ª temporada de The Flash, em que podemos ver versões diferentes das personagens a que estamos habituados. Malcolm Meryln é sempre um desgraçado; Cisco e Winn no mesmo universo é uma explosão geek; e Joe tem sempre das melhores transformações; o que há melhor do que ser transformado num gangster gay numa relação com Stein? Brutal!
O que este acontecimento também fará lembrar a muitos é o aclamado e imortalizado episódio musical “Once More, with Feeling” (episódio 7, temporada 6 – para quem quiser ir rever) de Buffy, A Caçadora de Vampiros. Parece que eventos musicais em series de ação funcionam bastante bem em casos pontuais.
Falando um pouco mais do vilão da semana, Music Meister foi um vilão de sucesso criado por Michael Jelenic e James Tucker para a série de animação Batman: The Brave and the Bold e com a primeira aparição no episódio: “Mayhem of the Music Meister!” (2009). Interpretado por Neil Patrick Harris, o seu episódio de aparição foi um sucesso e a popularidade da personagem cresceu rapidamente, aparecendo noutros episódios dessa série, em jogos, fan fictions e com os fãs a desejar uma adaptação live-action. Esse desejo foi realizado pela CW, que apostou em Music Meister como a personagem central no crossover musical entre The Flash e Supergirl. Ainda como curiosidade, Music Meister partilha muitas semelhanças com outra personagem da DC Comics, Music Master, um vilão da Liga da Justiça, pertencente a um universo alternativo.
Os motivos de Music Meister permaneceram meio enevoados e nesta adaptação foi mostrado com poderes quase divinos. Quem segue Supergirl poderá fazer a comparação com Mxyzptlk, um ser da quinta dimensão que, tendo uma perceção muito diferente do tempo e do espaço, vê a nossa realidade de uma forma muita única. Será que Music Meister é um ser do mesmo género? Terá ele acesso ao futuro e, sabendo que a resolução dos problemas de casal, tanto de Barry como de Kara, eram essenciais para que eles tivessem sucesso nos desafios que se avizinham, decidiu dar uma mãozinha? Fica também a dúvida se o voltaremos a ver e se a sua personalidade continuará a puxar mais para o amigo do que para adversário.
“Ride Wally, ride”
De momentos extraordinários tivemos ainda a épica batalha entre Music Meister vs. Kid Flash, Vibe e Martian Manhunter (e, ao que parece, o “vilão” também ajudou Wally a começar a superar os seus medos); e apesar de muitos acharem lamechas, achei a canção final de Barry um verdadeiro pedido de casamento, com a faísca do romance a ser inflamada para que Barry e Iris possam voltar a ser os para-raios um do outro.
Quem anda um pouco farto de vilões velocistas ficará extremamente contente com as notícias de que no próximo episódio teremos a aparição de Abra Kadabra, um icónico vilão de Flash que certamente virá dar um toque único à série e que possivelmente será utilizado no futuro e não só nesse episódio. Para além disso, em resposta às críticas de termos pela 3.ª vez consecutiva um grande vilão com o mesmo género de poderes, o produtor executivo Andrew Kreisberg prometeu que “Na próxima temporada, não teremos um speedster [como vilão] ”. E ainda, Grant Gustin, numa entrevista recente, afirmou que a revelação da identidade de Savitar irá abalar os fãs como nada até hoje. Mesmo quem tem as suas teorias ficará surpreso com a revelação disso e também das profecias. Até lá, boas corridas!
Emanuel Candeias