[Contém spoilers]
Did I loose you?
A nova viagem de Barry à Speed Force fica marcada pelo pontual retorno de personagens e atores de quem sentimos saudades, numa aventura que apesar de excitante não foi de todo agradável para o nosso herói, assumindo o episódio um tom mais sombrio. Além disso, acabamos o episódio com um sentimento de falta de realização e de perda. Será que perdemos Jesse? Perdemos Jay? Perdemos Iris? Ou ter-se-á Barry apenas perdido nele mesmo? O que também se está a perder é a janela de oportunidade para o crescimento de momentum de Savitar antes do season finale.
To infinity… and beyond
A rápida decisão de salvarem Wally foi adequada, uma vez que a descrição do sítio onde ele está preso foi: “um sítio pior que a morte”. Gostei de como toda a Team Flash se mobilizou rapidamente, mostrando uma unidade e competência extraordinárias. Todos (ou quase todos. Sim Jesse, estou a olhar para ti!) têm um papel bem definido e sabem como desempenhá-lo. E assim, com um plano aparentemente sólido, Barry parte mais uma vez para enfrentar e pedir ajuda à Speed Force, num lembrete do episódio “The Runaway Dinosaur” na temporada passada.
Quando é que Barry irá aprender a viajar pelo multiverso e para a Speed Force sem a ajuda de Cisco? Às vezes acho que apesar de grande parte da sua força se dever à equipa e aos amigos, depende demasiado deles, não se deixando evoluir a ele próprio mais rapidamente.
Se anteriormente Barry foi recebido mais ao menos de braços abertos, com uma representação da sua mãe e um tom carinhoso, desta vez as coisas foram bem diferentes. E podemos bem perceber porquê. Depois de aparentemente, na última visita, ter chegado a uma aceitação da morte da mãe, Barry criou o Flashpoint e pôs em risco todo o equilíbrio temporal, sorte teve ele de não ter logo um Time Wraith à perna. A compreensão da situação pela Speed Force, devido à morte do pai e de todas as tragédias umas a seguir às outras, foi notável e, para além disso, fica-se com uma sensação de que esta entidade não é um inimigo de Barry, muito pelo contrário, esta atitude mais rude é uma tentativa de lhe abrir os olhos. Ele é o verdadeiro Flash, ele é o herói, é ele quem tem de enfrentar Savitar e salvar Iris. A Speed Force parece que de certa forma está à espera que Barry amadureça o suficiente e cresça na compreensão e uso dos seus poderes para então poder “reinar” nesse domínio. O Flash futuro criou a prisão de Savitar na Speed Force, ou seja, teoricamente esse Flash tem a capacidade para moldar a Speed Force e seria bem capaz de salvar Wally sem a necessidade de substituir alguém. Ninguém conhece melhor uma prisão do que o seu diretor.
Eddie Thawne (Rick Cosnett), Ronnie (Robbie Amell) e Snart/Captain Cold (Wentworth Miller) apareceram todos como fantasmas dos sacrifícios passados, momentos em que o dia foi salvo não pelo Flash, mas pelos seus aliados. O “grosso” do episódio, que nos permitiu embrenhar mais profundamente na experiência televisiva, foi mesmo o tempo passado na misteriosa Speed Force com as lições que Barry parece relutante em aprender. E se o pico do drama nos foi dado pelas diferentes versões encarnadas pela Speed Force, no pico da adrenalina tivemos os confrontos com o Time Wraith e o Black Flash, onde Barry não se saiu nada mal. Apesar de que não acho que o Black Flash fosse o verdadeiro, mas sim apenas uma simulação da Speed Force, o que significa que Eobard Thawne ainda pode bem continuar a correr. No final, mais um sacrifício teve de ser feito e Jay Garrick (John Wesley Shipp), que veio ao salvamento mesmo a tempo, teve que tomar o lugar de Wally no inferno – mas não sem antes termos uma referência de Snart a Jay como o Flash da Golden Age e termos visto Barry a usar o característico capacete do seu mentor. Já agora, não foi também esta a primeira referência a Flash como o Scarlet Speedster? Eu pelo menos não me lembro de ter ouvido antes. Wally pode ter sido salvo, mas Kid Flash estará de fora da batalha final, provavelmente a ter sessões triplas num psicólogo.
O que mais nos deita abaixo em todo o episódio é perceber que apesar de Barry ter conseguido salvar Wally não captou a mensagem da Speed Force. O caminho que escolheu, ao afastar Iris da sua vida, só fará com que a escuridão que o rodeia cresça mais e mais. A relação entre Barry e Iris vai tendo os seus altos e baixos em termos de escrita e expressão. Algumas vezes os dois parecem chegados e um verdadeiro casal, enquanto noutras é tudo muito superficial e falso. Achei, no entanto, bastante surpreendente ter sido Barry a pedir um tempo e não Iris, pensei mesmo que fosse ela a ser a incompreensível. Iris mostrou ser capaz de “Amar Pelos Dois” (estamos contigo, Salvador Sobral!), enquanto Barry substitui o amor pelo medo.
Jesse Quick está neste momento no ponto em que Wally estava há uns episódios atrás, a empatar e sem um propósito definido. No entanto, estas entradas e saídas repentinas da personagem também não permitem que ela tenha um crescimento suficiente para não a acharmos mais irritante do que estimulante na maior parte do tempo. O raciocínio dela foi posto completamente de lado quando decidiu perseguir Savitar, mas felizmente ainda conseguiu uma informação valiosa: Savitar não é de todo um Deus. “Tell me, do you bleed? You will” (Batman v Superman: Dawn of Justice). A lógica do resto da equipa também não é muito sólida, pois tendem a excluir Jesse da maioria das missões, esquecendo-se por um lado que ela é o Flash da Terra-2 e por outro já não se importam de a enviar sozinha para a Terra-3.
Têm as vozes afinadas? Então vão-nas preparando, pois o crossover musical entre as duas séries do Arrowverse atualmente com mais sucesso chega já na próxima semana. Sendo dividido em duas partes, se quiserem acompanhar todo o evento deverão começar por ver o episódio “Star-Crossed” na série Supergirl e depois a conclusão em The Flash no episódio “Duet”. O extravagante vilão Music Meister dará bastante que fazer aos dois heróis. Até lá, boas corridas!
Emanuel Candeias