[Contém spoilers]
Prato do dia: tarte de grilos
E se loucura fosse o principal e exclusivo tema desta série? E se tudo o que vimos até agora não passassem de delírios de pacientes num hospital psiquiátrico? Isso é o que o episódio de Legion nos leva a questionar esta semana, enquanto o plano de Lenny é revelado e vamos ganhando peças para montar o nosso puzzle no meio de uma ventania. Apesar de um episódio mais calmo em comparação com o da semana passada, continuamos com uma sólida qualidade que se vai mantendo desde o início da temporada.
Mesmo estando todos os fãs à espera, estava também tudo a cruzar os dedos para a série ser renovada e felizmente chegaram as boas notícias de que assim será e teremos uma segunda temporada. Por isso, antes de mais, parabéns a Noah Hawley por ter conseguido criar uma série de sucesso de mutantes da Marvel, diferente não só de tudo no seu género, mas distinta no meio de tanta variedade fornecida pela televisão.
Segundo passo após os agradecimentos, pesquisem a música “Requiem, Op.48: Libera Me” de Gabriel Faure (é a música que está a tocar como fundo quando Syd está imersa no cantar dos grilos) e ponham-na a tocar enquanto leem esta review. Espero que lancem a soundtrack da série, porque está qualquer coisa de fenomenal.
O controlo de Lenny está quase completo, o fim está próximo e, de uma maneira ou outra, David não pode escapar. A escolha é juntar-se ou ser eliminado. Psicanalisando todos os seus reféns, Lenny aprimora a credibilidade da sua ilusão, descobrindo fraquezas e formas de os domar: Melanie e a perda do seu marido, Ptonomy e a morte da mãe, a ligação mais próxima que a de um cordão umbilical entre Cary e Kerry, o desejo de poder de Waller… Syd dá provas de resistência e tendo-se tornado na heroína desta história (uma vez que o personagem principal se encontra possuído pelo vilão principal), o nosso apoio é incondicional, torcendo para que seja ela a descobrir o que está por detrás da misteriosa porta e que salve o momento… mas Lenny é astuta e, tal como o Flautista de Hamelin, encanta os ratos com a sua música, Syd é aprisionada na sua cama imaginária pelo canto de grilos mágicos. Já David tem um tratamento especial com uma representação bastante gráfica e horrenda do que o espera. E estes minutos do episódio são cruciais, pois ficamos a saber que Lenny é realmente um parasita. Um parasita à procura de recetáculos poderosos para envenenar e seguir para o próximo, mas o poder de David é tão aliciante que ela decide enveredar por outro caminho e juntar os poderes dos dois, criando um ser com a capacidade de desafiar até mesmo Deus. Lenny é uma ameaça tão perigosa e devastadora que o pai biológico de David o deu para adoção na tentativa de Lenny nunca o encontrar. Se o telepata mais poderoso do mundo tem medo de um parasita da mente e não o consegue deter, tendo que se separar do seu filho, será que David tem alguma hipótese de escapar?
Estará tudo perdido?
Desliguem o botão da depressão, rodem para animação, mudem a música para “Feeling Good” de Nina Simone e dancem como se fossem uma Bond Girl.
O mergulhador da casa de gelo é o Ás por quem ninguém esperava. Mesmo preso no plano astral, Oliver Bird consegue entrar em contacto tanto com Cary como com Melanie e mostrando a verdade a ambos reacende-se a esperança.
Há que reconhecer que o elenco desta série é surreal. Cinco estrelas! De realçar a expressão corporal de Bill Irwin, que é magnífica, Rachel Keller faz um “papelão” e Aubrey Plaza é uma musa entre musas.
Antes de me despedir ficam ainda alguns pontos para considerar:
Nem acredito que este foi o antepenúltimo episódio e que a temporada está quase a acabar! Não estou preparado para me despedir de David e companhia! O Chapter 7 chega na próxima semana e aqueles que acordaram da ilusão de Lenny terão que resgatar todos os outros. Começa agora a definitiva batalha contra o Demónio dos Olhos Amarelos. Até lá, deixem a vossa mente despertar!
Emanuel Candeias