The Reckoning marcou o final da 4.ª temporada de Vikings, a mais longa de todas, que contou com 20 episódios. Não terá sido a melhor das temporadas a que já assistimos de Vikings, mas foi sem dúvida a que teve o momento mais marcante de todas elas e foi sobretudo uma temporada de passagem de testemunho.
Adorei cada momento de Ragnar na série, desde o seu auge glorioso ao seu declínio, até ao discurso fatídico, mas emblemático. Travis Fimmel liderou esta série com brilhantismo e um desempenho que sempre será reconhecido. Mas este fim de série prova que o testemunho foi bem transmitido, há muita vida ainda em Vikings e com certeza poderemos aguardar por uma 5.ª temporada ao melhor nível.
Entrando precisamente no episódio. Começamos justamente onde tínhamos ficado a semana passada. O que restava do exército de Athelwulf não tinha por onde avançar sem enfrentar o cerco viking. Os ingleses foram caindo uns atrás dos outros, Athelwulf ia assistindo à derrota iminente e teve a sobriedade de colocar de lado o seu orgulho e aceder ao realismo das circunstâncias, fugindo com mais alguns sobreviventes. Enquanto os filhos mais novos de Ragnar festejam esta vitória numa batalha, podem muito bem ter perdido aqui a oportunidade de vencerem a guerra, pois ao deixarem Athelwulf fugir deram-lhe a oportunidade de reorganizar um exército.
Ecbert, no seguimento do que tem sido a sua atitude desde que entregou Ragnar a Aelle, decidiu que queria morrer no seu castelo, mas para que o seu reino perdurasse passou os seus poderes para o filho, que abandou Wessex com o seu povo, como novo rei, rumo a um lugar seguro onde pudesse recomeçar a construir um novo exército e império.
Quando os vikings chegaram ao castelo de Ecbert só encontraram um lugar deserto. Enquanto queimavam e destruíam à sua boa maneira, Ecbert entrega-se e face à discussão entre irmãos sobre o destino que lhe deviam dar oferece-lhes uma proposta: o direito a terras consideráveis para cumprirem o desejo de Ragnar em se estabelecerem em terras inglesas, onde poderiam cultivar os solos e alargarem o seu território. Em troca, Ecbert só queria escolher o modo como abandonaria este mundo. A astúcia e matreirice de Ecbert não o abandonaram e conseguiu o que queria enquanto oferecia “nada”, pois ao passar o poder a Athelwulf, “nada” era “tudo” o que lhe restava para oferecer. E escolheu uma morte pacífica, solitária, cortando-se e deixando o sangue e a vida fugirem-lhe enquanto relembrava os momentos que mais marcaram a sua vida.
Já Floki, num momento que vinha de crescente glória, depara-se com a maior das adversidades. Depois de ter perdido o seu maior amigo, que tanto admirava, perdeu o seu grande amor, Helga, morta pela criança que amava e que havia trazido na sua anterior demanda. Isto só nos trará um Floki mais insano do que tudo a que já assistimos dele, o que de, certo modo, promete.
Por fim, vamos até ao banquete vitorioso, que tinha ainda cartas na manga para nos surpreender. O exército está de facto numa forma e dimensão temíveis para quaisquer adversários, mas está prestes a ser quebrado em várias parcelas. E porquê? Porque os filhos de Ragnar pensam de modo muito diferente e têm ambições distintas. Bjorn quer explorar o Mar Mediterrâneo, Halfdan quer juntar-se a Bjorn nessa jornada. Ubbe, Hvitserk e Sigurd parecem contentes com as terras das quais pensam ser donos e querem assentar e viver uma vida mais pacífica. Já Ivar, com o seu sangue verdadeiramente viking e a sua raiva constante, pretende marchar sobre todos os povos ingleses, lutar batalha atrás de batalha, subjugar todos ao poder viking, conquistando sempre mais e mais. Ivar precisaria do apoio dos irmãos para conseguir dar força a este plano; acontece que uma discussão mais calorosa entre ele e o irmão que sempre lhe fez frente, Sigurd, sendo certo que nunca gostaram um do outro, culminou num ataque súbito de raiva de Ivar, no qual arremessou um machado que se enterrou no peito de Sigurd, pondo fim à sua vida. Sigurd sempre foi o filho mais sensato de Ragnar, mas por outro lado sempre foi o menos viking e este fim de vida precoce, no fundo, era algo que todos pensávamos que pudesse vir a acontecer mais cedo ou mais tarde, às mãos de Ivar. Deste modo, Ivar perdeu por completo a confiança que poderia ter de Ubbe e Hvitserk e será interessante ver quem assume agora a liderança deste povo, qual será a divisão e as decisões eminentes. Quem retornará a Kattegat? Quem ficará em Inglaterra? Quem partirá em busca de novas conquistas?
No final tivemos ainda oportunidade de assistir a uma cena de antevisão da próxima temporada, que nos traz um reforço de peso para o elenco, o actor Jonathan Rhys Meyers (The Tudors), que interpretará um padre com comportamentos pouco religiosos.
André Borrego