Ok! Apontamentos de português à mão e aqui estou eu pronta para o próximo episódio de Ministério do Tempo! Camões, feito! Fernando Pessoa, feito! Agora abram alas: é a vez do pai do teatro português!
O episódio desta semana começa com dois arqueólogos numa gruta que serviu como esconderijo de ladrões de arte do século XV. Tudo normal até que um deles encontra um telemóvel. Como é óbvio, isto chega aos ouvidos do Ministério e Salvador não tem dúvidas do culpado: Ricardo Deus, um burlão do século XXI que desapareceu sem deixar rasto. A patrulha é enviada numa missão ao século XV com o apoio de Ernesto enquanto Irene é incumbida de viajar até 1030 e interrogar Walcott, o viajante do tempo americano que tinha sido capturado no último episódio.
Afonso, Amélia e Tiago chegam aos arredores de Viseu, em 1484. A caminho da cidade, o trio discute como os meios de transporte evoluíram e o cavaleiro do século XVI critica o sedentarismo da nossa sociedade. É neste momento que a patrulha se cruza com um jovem a ser assaltado por dois homens. Os ladrões são segundos filhos de famílias ricas que, sem direito a títulos e heranças e habituados a uma vida de conforto, se viraram para o mundo do crime em vez de procurarem trabalho. A vítima? Gil Vicente, um cómico que se deslocava para Viseu quando foi atacado. Amélia e Tiago imediatamente reconhecem o seu nome e os quatro resolvem viajar juntos.
Ao chegarem à cidade o grupo separa-se, por sugestão de Afonso, e a patrulha começa a procurar por Ricardo Deus, usando um retrato feito por Nuno Gonçalves. Rapidamente se apercebem que a população teme o viajante do tempo porque este conseguiu um posto como corretor real e abusa do seu poder.
Enquanto a patrulha procura uma forma de chegar até Ricardo Deus, vai até uma taberna onde, junto de um padre com quem tinham travado amizade mais cedo, assiste a uma apresentação de Gil Vicente sob o olhar atento de dois soldados, que trabalham para o corretor. No fim da apresentação, os soldados tentam deter Amélia, Afonso e Tiago, mas Gil Vicente ajuda-os a fugir e acaba ele detido e torturado.
É neste momento que entra Mafalda Torres em cena. A ex-agente confronta Ricardo Deus e revela que os dois eram amantes e cúmplices no roubo de arte, mas que foram traídos pelos lacaios de Ricardo e que este foi assassinado e Mafalda acabou por fugir para salvar a sua própria vida. Tudo isto provou-se uma fachada para que Ricardo conseguisse escapar sem ter de se comprometer com Mafalda. Ao sentir-se traída, a antiga agente do ministério decide entregar Ricardo à justiça.
Este foi um dos melhores momentos do episódio. Pudemos finalmente explorar mais um bocado a personagem da Filomena Cautela, que sempre apareceu de fundo e misteriosamente, mas que começou agora a revelar alguns dos seus verdadeiros motivos, que não são tão fúteis e maldosos como inicialmente deram a entender. Esta personagem poderá revelar-se bastante interessante e com mais profundidade do que o inicialmente previsto.
Ao saber da prisão de Gil Vicente, a patrulha tenta intercetar a carruagem de prisioneiros que segue para Lisboa, mas apenas consegue encontrar Mafalda. Tiago informa o Ministério e Salvador envia Ernesto para ir buscar Mafalda, mas ao sair da porta do tempo é atacado pelos mesmos ladrões do início do episódio, que tinham roubado a porta do tempo. Os criminosos assustam-se e decidem queimar a porta depois de espreitar pela mesma e se depararem com Camões e Pessoa vestidos de diabo. Tiago, Amélia e Afonso salvam Ernesto e os quatro fazem um acordo com Mafalda: esta deixa-os usar a sua porta do tempo em troca da sua liberdade. Os agentes do Ministério aceitam e Tiago elabora um plano para salvar Gil Vicente, que vai ser decapitado.
No centro da cidade, Ricardo Deus ordena que decapitem o cómico, mas o padre interfere, insistindo em apresentar as reclamações do povo, como é hábito. Tiago também fala e afirma que, segundo a vontade de Deus, um raio deverá cair sob o verdadeiro pecador. Neste momento, Ricardo Deus cai, pois foi atingido por um dardo tranquilizante de Afonso. A patrulha salva Gil Vicente, que mostra a Amélia o seu auto. A jovem estudante sugere-lhe o título “Auto da Barca do Inferno” e o cómico segue o seu caminho.
Indecisos sobre Mafalda Torres, a equipa do Ministério decide dar-lhe meia hora de avanço antes de esta se tornar novamente inimiga deles. A ex-agente aproveita a hipótese e escapa.
Durante as aventuras da patrulha no século XV, Irene viaja até 1030 e envenena Walcott, oferecendo-lhe o antídoto em troca de informação. O americano informa-a que nos Estados Unidos está a ser desenvolvida tecnologia movida a energia nuclear que os permite viajar no tempo, mas tem consequências físicas. Entretanto, Salvador recebe um ultimato da embaixada americana e é obrigado a libertar Walcott, para fúria de Irene.
Podemos prever que a intervenção de outros países nas viagens no tempo não irá ficar por aqui, o que poderá dar um novo ritmo à história e um novo obstáculo nas missões dos nossos agentes. A exploração da história de outros países além do nosso é outro ponto potencialmente interessante de ser abordado.
Ainda em 1030, Irene visita Armando Névoa, um antigo agente do ministério que está detido por traição. Névoa foi o mentor de Irene e está gravemente doente, mas afirma que gostava de saber quem o traiu, deixando Irene desconfortável. A agente informa Salvador, que afirma que a prisão de Névoa é justificada, mas que este foi um bom agente e que irá transferi-lo para melhores condições. Quando um guarda vai buscar o antigo agente para a transferência, descobre que este faleceu.
Tenho de confessar que gostei bastante desta nova linha de história. A possibilidade de conhecer mais do passado do Ministério é atrativa e deixa-nos em pulgas para saber como é que as coisas funcionariam no passado. Salvador já provou ser um líder forte, justo, mas ao mesmo tempo impiedoso caso a situação se justifique. Será que a patrulha irá encontrar algum esqueleto no armário? Ou será que mais alguém do ministério esconde outro segredo impressionante? Talvez foi alguém que conhecemos que traiu Névoa? Cada vez estou mais curiosa e ansiosa que mais personagens sejam exploradas.
Para terminar… Camões e Pessoa são a minha nova dupla favorita da televisão! A nova missão de Camões de conseguir que Fernando Pessoa perca a virgindade é verdadeiramente hilariante e usar uma viagem ao passado ao Carnaval de Torres Vedras é de génio. Aquela cena final em que ambos se encontram com Amélia, Afonso e Tiago no final foi perfeita para quebrar o ambiente pesado que se sentia.
Apesar de este episódio ter acalmado o ritmo, existem vários pontos chave que foram desenvolvidos e que poderão ser o futuro desta fantástica aposta da televisão nacional. Tivemos também uma pequena pausa do drama da falecida mulher de Tiago e dos problemas familiares de Amélia, o que foi ótimo. Agora é esperar pelo próximo episódio e, quem sabe, por uma oportunidade de explorar o passado de Irene e Salvador, duas das personagens que mais me intrigam de momento.
Mais uma vez, uma fantástica aposta da RTP1, cheia de segredos e mistérios! Mal posso esperar por abrir mais umas portas e viajar pelo passado! E quem sabe com uma visita de D. Afonso de Albuquerque? Vamos ser honestos, era o parceiro perfeito para Camões na sua missão de tirar Fernando Pessoa da casca!
Beatriz Pinto