Reese Witherspoon, Nicole Kidman e Shailene Woodley encabeçam um elenco repleto de estrelas de Hollywood e que não estamos habituados a ver no pequeno ecrã. Com este elenco de luxo as expectativas não podiam deixar de ser mais do que muitas.

Adaptada do livro com o mesmo nome, a história centra-se na vida de três mães: Madeline (Witherspoon), Jane (Woodley) e Celeste (Kidman) e começa com o primeiro dia de aulas dos filhos das três.

Madeline, casada com Ed (Adam Scott), é mãe de Chloe e de Abigail e melhor amiga de Celeste. Esta é casada com um homem mais novo, Perry (Alexander Skarsgard), e que parece adorá-la apesar da diferença de idades e mãe de gémeos. No primeiro dia de aulas, conhecem Jane, uma mãe solteira, nova na cidade, onde não conhece ninguém e na qual tem apenas a companhia do seu filho Ziggy.

Big Little Lies apresenta-nos todo o tipo de mães, a solteira (Jane), a divorciada (Madeline), a que abdicou da carreira (Celeste) e ainda outra com uma grande carreira profissional, Renata (Laura Dern). Apesar de todas demonstrarem ter uma vida sem problemas, na realidade todas escondem algo e temem (por) alguma coisa.

Neste primeiro episódio sabemos da ocorrência de um homicídio no futuro, ainda que desconheçamos a identidade da vítima e o que possa ter acontecido. Ao longo do episódio vamos assistindo a pequenos trechos dos interrogatórios da polícia, em que os interrogados vão introduzindo as personagens.

Madeline não é muito adorada, sendo aquela mulher intragável, que fala pelos cotovelos  e que é bastante cruel e por vezes inconveniente, metendo-se em tudo e sabendo de tudo da vida dos outros. Descobrimos que a maneira de ser é apenas uma capa que a impede de mostrar as suas verdadeiras inseguranças. Madeline tenta lidar com a nova mulher (Zoe Kravitz) do seu ex (James Tupper), ao mesmo tempo que se sente a perder as filhas, perdendo ao mesmo tempo tudo o que tem na vida: ser mãe.

Já a vida de Celeste aparenta ser perfeita, um jovem e atraente marido e dois filhos lindos, mas na realidade vive apavorada com medo desse marido, que é violento e controlador.

Jane, a mãe mais jovem, por sua vez, é mais reservada, mas parece fugir de alguma coisa do seu passado. O pai do seu filho não entra na equação e ela nem sequer fala nele. Foi só a mim que me pareceu que o miúdo pode ser fruto de uma violação?

No primeiro dia de escola, Ziggy, o filho de Jane, é acusado de agredir a filha de Renata, levando a uma situação meio estranha, em que o pequeno rapaz é acusado em frente a todos os seus colegas e dos seus pais. Jane defende o filho e recebe o apoio de Madeline, o que acaba por despoletar o que parece ser um confronto de titãs entre Madeline e Renata.

Não chegamos a ter a certeza se Ziggy atacou mesmo a filha de Renata, mas ficamos a saber que o miúdo é sonâmbulo e que algo se passa na vida desta dupla mãe e filho, ao vermos Jane pegar numa arma e a colocá-la sob a almofada quando vai dormir.

Bom primeiro episódio, que mantém as expectativas altas e que serve para nos mostrar o que vamos poder acompanhar, apresentando-nos as personagens e um pouco da sua história de vida, bem como o fator mistério, com uma morte por desvendar, e que por certo será deslindada com o avançar dos acontecimentos, ao mesmo tempo que vamos descobrindo os podres das pessoas envolvidas e das quais foi mostrado apenas uma ponta do icebergue.

As pequenas histórias individuais acabam por estar todas interligadas e fornecem-nos momentos de tensão, medo, mistério e mágoa que nos deixam totalmente colados ao ecrã. Para além disso, são acompanhados não só de interpretações extremamente bem conseguidas (o que não é de estranhar tendo em conta o nível de atores envolvidos), como também de uma boa realização, que nos transmite sentimentos antagónicos (tanto nos consegue transportar para um local calmo e pacífico com imagens de um mar a perder de vista, como nos consegue mostrar a tensão nos mais pequenos pormenores) ao longo do episódio. Por cá, e se não queres perder esta aposta, podes ver através do TVSéries.

David Pereira