Genial, espetacular, de uma criatividade e inteligência do outro mundo. Isto são umas poucas expressões de muitas semelhantes que podem ser usadas para descrever esta obra de arte televisiva que é o segundo episódio de Sherlock, The Lying Detective.
O episódio começa com Watson numa nova terapeuta, enquanto continua a recuperar do choque que foi a morte de Mary, mas sem ver Sherlock. Este, por sua vez, está pedrado o tempo interio, tem uma espécie de laboratório de metanfetaminas em casa, e está obcecado com o seu novo caso, o de Culverton Smith, magnata famoso e serial killer. Sherlock descobre isto com uma visita da filha de Smith, que afirma ter sido drogada com algo para a fazer esquecer; tudo de que se recorda é que o pai ia matar alguém, mas não se recorda de mais.
Assim, e após impedi-la de se suicidar, Sherlock começa a sua obsessão: papéis do caso espalhados por todo o lado, disparos de armas quando não sabe como progredir e mais drogas. Assim, Miss Hudson leva-o à força a Watson para este o ver. Só com um pequeno promenor, leva-o a casa da terapeuta de Watson, durante a primeira consulta destes marcada dois dias antes, quando Sherlock lhe tinha dado a morada duas semanas antes. Sim, Sherlock pode estar sob o efeito de imensas drogas e alucinações, mas não perde o seu racicionio espetacular. Cativando Watson para o seguir no caso assistimos a uma visita conjunta com Smith ao seu hospital, onde vai admitindo subtilmente diversas vezes que é um serial killer. Aquando de um confronto final, com recurso à sua filha, Sherlock descobre que nunca a conheceu, e que ou alucionou ou foi enganado, e mediante uma tentativa de matar Smith, acaba a ser agredido por Watson.
Foi um prazer assistir a uma jornada pela mente mais brilhante que o mundo já conheceu, quando esta se encontra aparentemente semi-destruída e quando está em baixo continua a levar pontapés que o impedem de se levantar. A cada sinal, esperamos que Sherlock mostre que tudo aquilo era falso, que não está realmente fragmentado (fazendo referência à 2.ª temporada), mas continua, e mesmo após o desenlace apercebemo-nos que tudo o que ele fez foi para salvar Watson, mas não foi fingido, a verdadeira falcatrua foi aquilo ser verdadeiro.
Assim, quando face ao facto de que Sherlock estava em iminente perigo, o nosso doutor ‘pega’ nos seus conflitos de frente, enfrenta-os e vai em socorro de Sherlock. De notar, a conversa final entre ambos (que acaba com um abraço!!) em que Watson deixa de culpar Sherlock pela morte de Mary, e confessa tanto a ele como a Mary (a alucinação que ele estava a ter) que a traiu, se bem que a versão de traição dele descansou o coração dos fãs, uma vez que não passou de umas mensagens.
Ainda somos agraciados com uma mensagem de Irene Adler, o que poderá indicar que participará no episódio final, tal como finalmente descobrimos quem originou as mensagens do Moriarty, e quem irá ser o próximo e, talvez maior, rival de Sherlock.
É impressionante como cada pequeno detalhe tem um impacto ao longo do episódio, tudo aquilo que não encaixa e que pudemos pensar como normal é utilizado pelos argumentistas, sempre com um mistério e uma reviravolta em mente. É simplesmente genial! E apesar desta viagem à mente de Sherlock ser mais negra do que estamos habituados, gosto de ver que não perde o seu toque de humor, levando lágrimas aos olhos pelos dois motivos. Peço desculpa a quem não aprecia particularmente esta obra, mas para mim a indústria televisiva pode arrumar as malas e sair, porque acima disto não há mais nada!
Raul Araújo