Ministério do Tempo, a mais recente aposta da RTP 1, está de volta com mais uma viagem pelo passado. Desta vez, a nossa patrulha do tempo favorito deu um salto a 1553 para salvar Luís Vaz de Camões (João Vicente) da morte!
O episódio começa com uma conversa entre Maria dos Prazeres (Carla Andrino), Ernesto e Irene sobre reformas, onde criticam a atual situação do país. Maria dos Prazeres, uma funcionária do ministério do século XVIII, comenta a degradação de Portugal no setor económico. O momento é interrompido por um fax do século XVI que informa sobre a possível morte de Camões.
Tiago volta a ligar para o passado para falar com a falecida mulher e acaba por falar com o seu eu do passado, sendo repreendido por Amélia e Afonso por continuar a fazê-lo e não conseguir enterrar o assunto.
Salvador reúne Tiago, Amélia e Afonso e fala-lhes do novo desafio que o Ministério enfrenta: um dos maiores poetas portugueses pode morrer antes de escrever a sua maior obra! E, enquanto Afonso se sente perdido pois nunca ouviu falar de Camões, Amélia e Tiago mostram ser dois pólos opostos: a jovem é completamente apaixonada pela obra do poeta e o paramédico revela conhecimentos muito superficiais sobre o assunto.
A patrulha viaja até março de 1553, onde se encontra com Antão Teles de Mendes, um agente do Ministério, que os informa que o nome de Camões não se encontra na lista de embarque da nau de S. Bento, mas sim na S. Gabriel. Após uma pesquisa, Tiago rapidamente descobre que a única nau que chegou sã e salva ao seu destino foi a de S. Bento e que todas as outras naufragaram no Cabo da Boa Esperança. Mas este não é o único dilema do grupo: o nome de Afonso também consta da lista!
É então que Amélia, Tiago e Afonso decidem procurar Camões e encontram-no numa taberna no meio de uma discussão com outro homem por causa de uma mulher. Afonso e Tiago ficam automaticamente com uma impressão negativa do poeta – arrogante, mulherengo e conflituoso – mas Amélia fica fascinada por conseguir finalmente conhecer o seu herói.
A patrulha decide separar-se: Amélia fica a vigiar Camões e Tiago e Afonso irão à procurar do Afonso que consta na lista da nau. Rapidamente encontram um jovem numa taberna que depressa descobrem tratar-se do filho de Afonso, nascido após ele forjar a própria morte. Depois de uma breve conversa, Tiago sai, mas Afonso decide ficar. Depressa percebe que o filho cresceu a ouvir contos sobre as suas aventuras e que deseja ser um cavaleiro como o pai.
Enquanto isso, Amélia perde-se de encantos por Camões e decide ir com o mesmo para um dos quartos da taberna. Tiago, farto de esperar, vai ao seu encontro e, depois de confrontar Camões, deixa-o inconsciente. Amélia repreende Tiago, mas confessa que ela própria já não aguentava os versos.
Os dois levam o poeta inconsciente para o navio de Antão Teles de Mendes, onde encontram o filho de Afonso a dormir e um bilhete do próprio Afonso, que sugere que embarcará na nau no lugar do filho. Amélia e Tiago saem decididos a impedir o amigo e encontram-no embriagado. O paramédico atinge Afonso com um banco para o deixar inconsciente e é enfrentado por um grupo de soldados que o acusam de cobardia, mas depressa oferece os seus serviços após Tiago lhes mostrar um saco de moedas.
Na manhã seguinte, Camões e o filho de Afonso acordam depois das suas naus terem partido e dirigem-se a Antão, que lhes oferece um lugar na nau de S. Bento na condição de Afonso se tornar o guarda-costas de Camões. Ambos aceitam e, apesar do poeta tentar coagir o jovem a ir divertir-se, Afonso recusa. O seu pai assiste a tudo emocionado.
A patrulha regressa a 2016 e apresenta-se a Salvador, anunciando que a missão foi um sucesso, mas omitindo diversos detalhes, como a presença do jovem Afonso. O Ministro anuncia que têm um novo agente: Camões, para grande desagrado de Afonso e Tiago.
No final, Afonso viaja para 1542, onde vai ao encontro do filho (ainda uma criança) e lhe dá dicas para lutar, assim como um saco de moedas para o ajudar e à mãe. Tiago volta a ligar à falecida mulher e conversa sobre o seu dia.
Ainda temos uma pequena aparição de Mafalda Torres vestida com roupas da década de 30/40 e um passaporte com símbolos nazis.
Ainda num registo calmo, Ministério do Tempo vai criando aos poucos e poucos um bichinho da curiosidade que se torna impossível para mim resistir. A começar pelo futuro das atitudes de Tiago em relação a Mariana, a falecida mulher. O que irá acontecer com as suas interferências? Será que ele irá tentar impedir a sua morte? Será que irá mexer com o passado e alterar o presente? Aqueles pequenos segundos em cada episódio sobre a relação de ambos deixam-me bastante inquieta sobre o futuro e passado de ambos…
Destaco ainda o cuidado que se notou neste episódio relativamente às falas das personagens estarem mais adequadas ao seu período histórico, assim como os seus comportamento e roupas. Um dos pontos negativos continua a ser a fraca banda sonora.
As piadas sociais que as personagens vão soltando ao longo do episódio são subtis, mas bem construídas e inseridas no contexto certo, têm o seu encanto. Um exemplo disso é Antão Teles de Mendes, um homem do século XVI, afirmar que a pontualidade dos portugueses nunca muda, não interessa em que século seja.
A crítica feita à juventude de hoje em dia e o seu pouco interesse na cultura portuguesa também não passou despercebida. Tiago revela poucos conhecimentos sobre Camões, deixando Amélia incrédula e Salvador, Irene e Ernesto desiludidos com a desvalorização dada à cultura portuguesa hoje em dia.
Estes pequenos pormenores tornam esta série ainda mais interessante, tornando o Ministério do Tempo uma série sobre épocas, mas consciente dos problemas da nossa.
Beatriz Pinto