O episódio desta semana começa no presente, onde Stein, um advogado, leva uma ordem judicial a Salvador, o representante máximo do ministério. Stein afirma que defende os interesses dos descendentes do Rabino Abrão, que terá sido queimado na fogueira em 1542 pela Inquisição.
O advogado exige que o Ministério indemnize a família em 100 milhões de euros e que devolva o Livro das Portas, que foi escrito pelo Rabino e entregue ao Rei D. João II em troca de proteção. Este livro é a base do Ministério. Apesar de Salvador afirmar que o crime já prescreveu (pois tem mais de cinco séculos), Stein ameaça expor o maior segredo do Estado Português: o Ministério do Tempo.
Temos um início bastante diferente daquilo a que fomos habituamos, mas não deixa de ser uma lufada de ar fresco. O episódio desta semana lida não com a forma como a mudança do passado pode alterar o presente, mas como a exposição das portas do tempo pode alterar o futuro.
Salvador exige a presença da patrulha, que estava em férias. Amélia, em 1894, escrevia sobre as suas aventuras e preocupações e tentava escapar das tentativas da mãe de lhe encontrar um bom marido. Tiago volta a fotografar, um sinal de que está a ficar em paz com a morte da mulher. Afonso, ao contrário do que se pensava, ficou a viver em 2016 e a explorar o século XXI, adquirindo uma paixão por motas.
Quando a patrulha se reúne com Salvador, Ernesto e Irene recebe a missão de voltar ao passado e salvar o rabino da fogueira, tentando desta forma impedir que Stein cumpra a sua ameaça. Afonso, Amélia e Tiago são informados de que a porta que dá acesso a 1542, a porta 148, está num constante loop, ou seja, eles terão de chegar à porta antes do fim do dia ou esta fecha e eles ficam presos no século XVI.
A patrulhar viaja então para 1542 na companhia de Alexandre Herculano, um famoso historiador, para conseguir libertar o rabino. A sua primeira tentativa passa por capturar o advogado de defesa, que é substituído por Herculano. Durante o julgamento de Levy, Amélia, Tiago e Afonso são surpreendidos pelo aspeto do cardeal D. Henrique, o inquisidor do reino, que é igual a Ernesto. Devido às corrupções da época, a equipa falha e volta ao presente.
Tiago confronta Salvador com as semelhanças entre Ernesto e D. Henrique e o ministro tenta desviar o assunto, fazendo o paramédico sair da sala furioso. Aqui assistimos ao início de uma das piadas recorrentes do episódio que espero que continue pela série, dando aquele toque de humor que já se tornou tão característico da série da RTP! Salvador menciona José Cid e Afonso, que desconhece muitos nomes da actualidade, questiona-o sobre o assunto, ao que a personagem de António Capelo responde: “O Tiago explica-lhe!”. O mesmo acontece mais à frente quando falam de Salgueiro Maia. O que tem o seu quê de piada, pois revela a falta de paciência de Salvador, que já deve ouvir as dúvidas dos viajantes do passado sobre o presente há vários anos, aliada à evidente falta de conhecimentos de Tiago, que muitas vezes afirma ter de ir procurar os apontamentos de história.
No fim do dia, Amélia regressa à família e, para fugir a uma nova investida da mãe, acaba por dizer que tem um namorado. No dia seguinte, a jovem confessa a Afonso e Tiago que não sabe como resolver a situação e Afonso sugere que o paramédico pose como namorado da estudante. Logo de seguida, Amélia encontra-se com Camões, que a tenta seduzir, e depois de esta ignorar os seus avanços, acusa-a de estar apaixonada por Tiago.
De volta a 1542, Tiago e Afonso interrompem o julgamento de Levy e fingem ser enviados do papa e que este enviou uma bula papal para absorver o rabino, mas o cardeal não acredita na veracidade da mesma e prossegue com a condenação à fogueira.
Nessa noite, Tiago viaja até 1894 e posa como noivo de Amélia. Devido às críticas da mãe do mesmo, o paramédico vai embora ofendido, afirmando ser de origens humildes.
Ao mesmo tempo, Afonso questiona Ernesto sobre a sua semelhança com o infante D. Henrique e pede que este interfira para bem do ministério.
Na sua terceira tentativa, a patrulha viaja até 1542 e vai falar com D. João III (Afonso fica de fora desta missão porque foi este rei que o condenou à morte). El-rei escreve uma carta para impedir a morte do rabino, mas o infante recusa-se a ler a mesma durante o julgamento e, mais uma vez, Levy é condenado à fogueira.
Afonso acusa Tiago e Amélia de estarem demasiado preocupados com os próprios problemas para se conseguirem concentrar na missão. O cavaleiro afirma que Tiago se questiona-se porque é que o Ministério quer salvar o rabino e não o deixa salvar a falecida mulher. Este momento é de bastante tensão, pois Tiago sabe que as palavras de Afonso são verdadeiras. Porque é que o Ministério autoriza salvar um homem que morreu há cinco séculos atrás, mas não o deixa viajar três anos para impedir a morte da sua mulher? Até nós questionamos as verdadeiras intenções deste Ministério, mas logo de imediato uma conversa entre Salvador e Ernesto desfaz qualquer dúvida.
O Ministro do Tempo pede ao seu agente para se envolver na missão e, perante a relutância do mesmo, enumera as consequências que terão de enfrentar caso a verdade sobre as portas do tempo chegue a público: pessoas a querer viajar no tempo para salvar entes queridos ou apenas presenciar momentos históricos; alterações na história do país; uma mistura tal entre presente e passado que ninguém saberá distinguir ambos, o que poderá mudar para sempre o nosso mundo. Ernesto aceita viajar até 1542, mas com uma condição: caso a missão corra mal, ninguém deverá voltar para o salvar.
Tiago volta a jantar com a família de Amélia e afirma estar disposto a ganhar dinheiro para lhe dar a vida que ela merece. O jovem afirma que irá para o Brasil para fazer fortuna e que irá casar com Amélia, mas a mãe dela fica nervosa e abandona o jantar, seguida do marido. Aqui podemos assistir a uma troca de olhares entre Amélia e Tiago, que nos leva a acreditar que o futuro reservará algo mais para eles e se as palavras de Camões para a jovem estudante não serão verdade.
Na última tentativa da patrulha de salvar o rabino, Ernesto veste-se como D. Henrique e consegue absolver o acusado, mas no último momento o verdadeiro infante entra na sala e acusa-o de ser um impostor. Ernesto é detido, mas a patrulha consegue escapar com Levy e a mulher, apesar da relutância de Afonso.
Já no presente, o cavaleiro insiste em voltar para salvar Ernesto, mas Salvador recusa e explica-lhe a promessa que fez ao agente do tempo.
Levy fica bastante feliz com a forma como o seu livro está a ser aplicado e confessa que lhe resta pouco tempo de vida, pois está doente. Salvador oferece-lhe ajuda médica, mas o rabino recusa. Mais tarde, Levy enfrenta Stein e diz-lhe que quer que os seus herdeiros se mantenham longe do Ministério e que esqueçam o processo e o dinheiro.
Ainda em 1542, Ernesto enfrenta D. Henrique e confessa-lhe que é seu pai, pois teve um caso com D. Maria de Aragão e Castela quando era fidalgo da corte em 1510. O infante não acredita nas suas palavras e agride-o. Ernesto confessa-lhe estar desiludido pois não acha correto que ele julgue as pessoas só por estas terem uma fé diferente da sua. D. Henrique condena-o à fogueira, mas Ernesto é salvo pouco tempo depois por Afonso. O agente afirma que não terão tempo de chegar à porta antes que esta feche, mas o cavaleiro afirma que conseguirão. De seguida vemos Afonso e Ernesto a viajarem por 1542 de motas e são avistados por um grupo de alentejanos que afirmam quererem um cavalo daqueles. Esta última situação é bastante caricata, pois dá-nos uma visão diferente: como é que as pessoas do passado reagiriam às invenções do presente?
Por fim, Tiago e Amélia desabafam um com o outro e revelam uma cumplicidade muito grande. Devido a flashbacks, descobrimos que Tiago seguiu Amélia em 1940 e que viu a campa da mesma e que a jovem estudante se está a questionar sobre a identidade do marido e o paradeiro da filha. Poderá Tiago ser o marido de Amélia? Sabemos que no momento os pais da jovem acreditam que o paramédico está no Brasil a fazer fortuna para casar com a filha deles, mas poderá surgir alguém na vida de Amélia que mude isso? Ou será que Tiago irá ficar em paz com a morte da falecida mulher e seguir em frente?
Assim termina mais um episódio desta grande aposta da RTP, a cada semana e a cada episódio melhor e mais surpreendente. Responde às nossas perguntas e dúvidas, mas rapidamente as substitui por outras. Apesar dos momentos sérios e de tensão, são-nos apresentados momentos de humor com piadas bastante ligadas ao nosso dia a dia.
Tenho que confessar que a maior surpresa deste episódio foi o passado de Ernesto! Estava à espera que este pertencesse a uma época mais atual, mas gostei bastante da forma como o seu passado foi revelado. Outra surpresa agradável é a forma como as personagens evoluem de episódio em episódio, assim como a relação entre elas. Isto não torna a série monótona, mas cria um ambiente especial e encantador.
Eu sem dúvida não irei perder o próximo episódio e só espero que Ministério do Tempo me continue a surpreender todas as semanas! Esta foi a série que devolveu a minha fé na ficção nacional e espero não me vir a desiludir!
Beatriz Pinto