Westworld – 01×05 – Contrapasso
| 01 Nov, 2016

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O quinto episódio de Westworld inicia-se com uma história. Uma história sobre um cão de corrida que passa a vida atrás de um pedaço de feltro e que um dia, num parque, apanha um gato (que para ele era parecido com o feltro) mata-o e fica ali parado e confuso. Passou a vida toda a tentar apanhar aquele objeto – pudendo mesmo assumir-se que era o seu objetivo de vida – e agora que o completou não sabia o que fazer. Esta história, para mim, simboliza uma das principais premissas de Westworld, homens que foram à procura da perfeição, do inatingível, e quando talvez o tenham conseguido, matam-no e não sabem bem o que fazer.

Ao nível das histórias construídas é-nos apresentada Pariah, a cidade dos pecados que simboliza os nossos instintos mais primitivos, sendo que neste mundo é permitido aos participantes submeterem-se a esses instintos sem consequências e sem qualquer sensação de culpa. É aqui que a ponte entre William e Logan aumenta cada vez mais, parecendo que irão seguir caminhos diferentes: de um lado Logan, atraído pelo seu lado negro, quer cada vez mais mortes; por outro lado, William sente-se cada vez mais próximo de Dolores e apenas quer protegê-la.

Este episódio também teve um momento que toda a gente queria ver, um confronto teórico entre Anthony Hopkins e Ed Harris, numa conversa acerca do que está escondido por detrás de todas as histórias.  De um lado temos o criador, alguém que assumimos ter as respostas, e do outro alguém que as procura, procura algo mais, o sentido de realização vazio que seguir as narrativas dá. Faz parte de uma jornada de autoconhecimento, se entender este parque talvez se entenda a ele mesmo e à humanidade.

Já em Person of Interest,  Nolan tinha começado um debate sobre o sentido da vida, através da comparação com uma única inteligência artificial criada. Westworld vai um passo mais longe e temos um parque inteiro como robôs que aparentam sentir emoções, ter historias próprias e muito por descobrir. Mas contrariamente ao esperado, a mais recente criação humana tem mesmo sentimentos e emoções, tal como nós, tem dúvidas do seu sentido de existência e, dentro do que é possível, luta para o descobrir. Numa pequena nota sobre a intro, se existe muita gente que diz que passar a intro de Game of Thrones é um crime, o mesmo poderá ser dito sobre Westworld.

Com este despertar dos Hosts o que poderemos esperar de Westworld daqui para a frente? Não sei, mas estou com muita vontade de descobrir. O que quer que aí venha será de certo intrigante, quer seja a solução proposta para este dilema ou uma eventual falta de resposta.

Raul Araújo

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