Sabem aquela expressão que dizemos frequentemente quando finalmente nos apercebemos de algo que durante muito tempo nos passou ao lado, “cair a ficha”? Pois bem, como se já não bastasse o constante número de reviravoltas, Mr. Robot lança um episódio bomba onde as personagens finalmente caem em si. Já não há estratégias megalómanas ou possibilidade de escapar. A ambição levou a melhor de Elliot e da fsociety. Darlene e Cisco estão a ser alvos de busca da agente do FBI Dominique DiPierro, ao mesmo tempo que Joanna força Elliot a localizar a chamada do que pode ser o esconderijo do desaparecido Tyrell.
É um capítulo curtinho, mas de grandes diálogos e de grandes emoções. Não só recupera a narrativa de um Tyrell fantasma, que já-tentamos-saber-dele-desde-o-primeiro-episódio, como aborda a intimidade de Darlene e Cisco como nunca antes vimos. Apesar do ambiente escuro e sombrio, a narrativa de Mr. Robot é de uma frieza importante para que o espectador entenda que nem sempre ter-se empatia pelas personagens é suficiente para elas escaparem do seu destino. As peças foram jogadas com antecedência, mas as consequências nunca estiveram numa escala tão elevada de perigo. Não é apenas o FBI que persegue a fsociety… o Dark Army sabe que não pode deixar pontas soltas no seu plano e Cisco tornou-se uma ameaça ao mesmo.
Angela também questiona Elliot, contando que o FBI a tem procurado para responder a certas questões relativamente à sua relação com a organização hacker. Apesar de tudo, a quase ausência de Mr. Robot neste capítulo permanece uma questão intrigante. Será que vem aí outro gigantesco twist da loucura insana de Elliot? Teremos de esperar.
Apesar de ter um desfecho magistral, Mr. Robot abranda de ritmo no avançar da narrativa para poder contextualizar as suas personagens, mostrando que quanto “maior é o voo, maior é a queda”. O “cair a ficha” finalmente é aplicado quer a Elliot, quer a Darlene, quer a Angela. Embora as suas intenções sejam nobres em derrubar a E Corp, uma certa megalomania percorria-lhes as veias até a realidade os enfrentar de forma dura e cruel.
Jorge Lestre