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“We Need to Talk About Darlene”

Depois dos acontecimentos chocantes da semana anterior, Mr. Robot apalpa terreno para expor alguns dos segredos mais negros da fsociety. Depois de hackearem o FBI, a equipa recebe uma visita inesperada e que não acaba propriamente de forma amigável. Somos transportados para um flashback de quando Mobley, Trenton e Darlene se juntaram para criar a organização hacktivista. Não há sinal de Elliot. Elliot é apenas um nome neste novo episódio. Uma lufada de ar fresco de tanta loucura… aparentemente. Depois de se terem metido em novos sarilhos, a equipa precisa de agir rápido de forma a assegurar que o seu plano segue para a frente e a agente Dominique DiPierro está cada vez mais próxima de encontrar os membros.

A ausência de Rami Malek permite que o resto do elenco floresça e cresça em dimensão narrativa. Este segmento ligeiramente mais curto que os anteriores revela uma precisão incrível na forma como Sam Esmail conjuga uma história negra, capaz de colocar desafios da própria integridade e dignidade humanas, com o thriller ritmado. Darlene é a estrela deste “succ3ss0r”. A irmã de Elliot revela uma faceta ainda desconhecida para os fãs da série e a sua porção de história ganha uma vivacidade incrivelmente ambígua. Ambígua é o termo correto porque as suas atitudes vão sendo vistas de forma bem-intencionada ou de forma desumana e cruel. Não é uma personagem linear. Tal como o seu irmão, há algo de muito misterioso e lunático dentro da sua alma. Ver esta personagem despir-se aos nossos olhos acaba por trazer ainda mais energia à temporada que, até agora, não desilude.

Outra questão interessante é a intensidade com que as investigações do FBI atingem os nossos “heróis”. Grace Gummer é tão natural quanto o seu papel exige e é tão imprevisível quanto os protagonistas. Mas é Carly Chaikin que rouba todos os louros. A atriz conseguiu estabelecer um limite interessante de que a loucura da sua personagem é defeito de família. “Quem sai aos seus não degenera”, diz o velho ditado. Com estas revelações todas, a expectativa dos episódios seguintes torna-se ainda maior.

De que forma nos pode surpreender ainda mais esta genial série de televisão?

Jorge Lestre