Fear The Walking Dead voltou do seu enooooooooooorme hiato! É verdade que a maioria dos seguidores prefere a série mãe, contudo, vamos já sentindo um cheirinho deste drama apocalítico que ajuda a matar saudades de TWD. Pela primeira vez, tivemos apenas um dos personagens em destaque. Poderia ter sido mau, muito mau mesmo, e o resultado de tudo isto acabou por ser um dos melhores episódios da série até ao momento.
Embora nada nos tenha sido mostrado, nota-se que passaram já algumas semanas (meses?) desde que Nick optou por abandonar a família. Desde que chegou à grande herdade da família de Strand que este personagem sofre (mais) uma evolução, tornando-o o protagonista com maior progressão, seja ela positiva ou negativa. Nick começou como toxicodependente, passou a prestável e uma mais-valia na aniquilação dos walkers que os perseguem, até que, conhecendo Celia, decide retroceder e reconhecer que os zombies são pessoas e, por isso, não merecem a morte. Curiosamente, não acredito que continue assim por muito tempo, embora a sua postura levante algumas questões que julgo pertinentes: se não mata zombies, de quem são as entranhas com que se “besunta” para se tornar invisível perante os monstros que o querem comer? Como é possível que a sua adição tenha desaparecido num ápice? Como é que alguém, num cenário apocalítico, prefere ficar sozinho vezes e vezes sem conta?
Bem, Nick começa com uma mulher e o seu filho. Mas depressa estes dois partem ao encontro do pai do miúdo e Nick ruma a Tijuana. Pelo caminho, acaba por perder o seu bem mais precioso, a mochila que contém a água, que sabiamente tem vindo a racionar, e a comida. Como é possível que não tenha conseguido dar a volta e subjugar aquela mulher desesperada em proteger a filha? O que é certo é que sem água e comida, num clima relativamente agreste, Nick está em apuros.
Com todos estes acontecimentos o jovem fica em apuros e começa-se a explorar os limites (ou limitações?) do ser humano. Apesar de termos notado anteriormente que Nick é um jovem desenrascado, depressa o vemos entre a vida e a morte. Ainda tenta comer um cato, mas o sabor fá-lo vomitar. Curiosamente, até gostou do sabor da sua urina. Fragilizado pela fome, sede e frio, é atacado por cães que acrescentam o adjetivo “ferido” a todas os atributos que o têm perseguido ao longo do episódio. Não fosse um grupo de zombies, que fez dos canitos um pequeno snack e, posteriormente, os gangsters da estrada, Nick estaria em maus lençóis.
Como é seu costume, junta-se aos zombies na caminhada e quase termina morto às mãos dos vilões amadores que espalham o terror nas estradas. Ainda não percebi como é que dois dos senhores se deixaram apanhar por seres lentos e desajeitados. Mas isso agora não interessa nada!
Por sorte, começa a chover e Nick consegue saltitar até uma aldeia próxima onde um grupo o ajuda a recuperar. Apesar de todos os azares o terem atingido, Nick é um dos personagens com mais sorte da série, já que conseguiu chegar a um dos míticos santuários de humanos.
Durante todo o episódio, tivemos flashbacks sobre a situação anterior ao apocalipse de Nick. Onde a sua aparente namorada (que vimos no piloto como zombie) o tenta aconselhar num dos períodos mais negros da sua vida. Útil não terá sido, mas pelo menos serviu para conhecermos um pouquinho mais do seu passado.
Julgo que a reunião familiar, ou parte dela, não tardará a chegar, tal como acontece em TWD. Se bem que, para variar um pouco, o ideal era mesmo demonstrar a possível realidade num cenário apocalítico: reencontrar familiares é mais difícil do que encontrar uma agulha num palheiro… ou no cu de um elefante, se preferirem.
Como já referi anteriormente, o episódio foi bem construído e apesar da ausência de grandes cenas de ação, ou diálogos exploratórios, tivemos aqui um dos melhores momentos da série. Frank Dillane, o nosso Nick, revelou-se a escolha acertada para este papel e merece (quase) todos os créditos pelo sucesso do episódio. Os desenvolvimentos acabaram por ser poucos, mas deixam várias questões no ar sobre a sobrevivência no início do fim do mundo.
Questões em análise:
Rui André Pereira