Que a Speed Force esteja convosco, ela está no meio de nós!
Começamos com um metapocalipse que, tal como o cliffhanger no episódio anterior, prometia ser lendário. Vilões contra polícia, carros em fogo, meta-humanos a voar e a lançar raios de energia… cenas transpostas das tiras de banda desenhada e uma delícia para qualquer fã.
O problema foi que passado esses minutos iniciais se perdeu em muito a sensação de uma cidade sob cerco. De um ponto de vista da história central, este foi só mais um episódio, igual a tantos outros. Mas graças a uns pormenores aqui e acolá, no geral, o episódio foi agradável de se ver.
Depois do seu encontro com a Speed Force, Barry vê as coisas de maneira diferente. É como se tivesse encontrado Deus e acreditando que tem uma entidade dessas a apoiá-lo nada o pode parar. Bem, é nada menos do que normal uma pessoa ficar entusiasmada e confiante depois de ter uma experiência dessas. O problema de Barry foi o de não parar na recuperação da confiança, mas ter ficado um pouco a fugir para a arrogância. Também foi demasiado maçador todas as personagens a chamarem-lhe a atenção para isso e claramente se estar a adivinhar que esta falta de cuidado de Barry ia ter consequências. Gostei da conversa entre ele e o pai e acho que teria sido o bastante.
Este foi um episódio forte para Henry e a relação entre pai e filho interpretada por Grant Gustin e John Wesley Shipp sempre transmitiu ao longo da série um sentimento de carinho e amor incondicional. Saltando já para o final, como referi na review da semana passada, parecia-me que Henry não ia sobreviver a Zoom. No entanto, a forma como acabou o episódio e foi cortada a cena, tenho de perguntar: será que ele morreu mesmo? Será que depois de Barry finalmente ter feito pazes com a morte da mãe merece perder já de seguida o pai? Sabemos bem que a vida de herói não é uma vida grata e como consequência do salvamento do resto das pessoas na maior parte das vezes perdem tudo aquilo que lhes é próximo. A cena final de Henry foi um momento tocante e muito forte com ele a despedir-se do filho e a realçar que tanto a mãe como ele sempre o amaram e a culpa da morte deles não é de Barry. Irritou-me o facto de Zoom ter entrado tão facilmente pela festa adentro e ter raptado Henry. Se ele estava fugido não seria lógico terem tomado algumas medidas de precaução? E esta coisa da super-velocidade é um bocado falaciosa, então Barry não devia ter visto Zoom entrar e ter tido tempo de reagir? Fica ainda a questão de se não voltaremos a ver Henry Allen por detrás do Homem da Máscara de Ferro. Kevin Smith, realizador do episódio anterior, após lhe ser revelado quem era a pessoa por detrás da máscara, apenas comentou: “A revelação vai-vos fazer chorar.” Quem é ele? E que impacto terá no futuro e na próxima temporada?
O arco de Cisco foi enigmático e brutal. Desde as visões misteriosas com pássaros a morrer que apenas no fim percebemos que são o futuro da destruição da Terra-2, ao aparelho inventado para parar de uma só vez todos os meta-humanos da T-2 e acabando na sua t-shirt espetacular da versão da Última Ceia com um dinossauro e um meteorito ao fundo.
Barry, logo no início, a fazer desaparecer aquela meia dúzia de meta-humanos foi completamente sem sentido. Se consegue derrotar tão facilmente os vilões não sei porque andamos episódios inteiros a vê-lo combater um vilão de cada vez. E não estava bem a ver como iam derrotar tantos meta-humanos em apenas um episódio, porém a solução sob a forma do “dimensional tuning fork” foi, não só perfeita, como tirada dos comics Crisis on Infinite Earths (embora nesse caso tenha sido o Monitor a construí-lo, mas com um objecivo muito semelhante).
Cisco brilhou ainda no plano para enganar e empatar Black Siren. Carlos Valdes e Danielle Panabaker estiveram radiantes na sua interpretação de Cisco e Caitlin a fingir que eram Reverb e Killer Frost – com tantos papéis cruzados não é fácil acertar naquilo que se quer transmitir. E quem é que não gritou “woo hoo” quando Vibe usou os seus poderes de vibração para a ofensiva? Quero ver mais disso!
Caitlin teve o seu foco também devido ao transtorno de stress pós-traumático provocado pelo cativeiro com Zoom. Foi bastante interessante a maneira como os produtores decidiram não tornar Caitlin uma vítima dessa situação, mas sim lutar contra ela e continuar a ser uma mais valia para a equipa.
Quem teve a oportunidade de se pôr na pele de uma outra versão de Laurel Lance foi Katie Cassidy com a sua versão de Black Siren (Black Siren apareceu pela primeira vez na 1.ª temporada da série animada Justice League, em 2002). Para quem não segue Arrow (spoiler alert!), a Laurel Lance da T-1, a.k.a. Black Canary, foi morta recentemente. Apesar de Black Canary ainda estar muito presente na memória, foi bom ver o seu doppelganger. E o pessoal da T-2 deve andar a tomar adubo! Os poderes das versões de lá estão sempre uns quanto níveis mais à frente das nossas personagens conhecidas. Que poder que Black Siren tinha!! Aquilo sim era um verdadeiro grito capaz de mandar arranha-céus abaixo, pena nunca termos visto a Black Canary a esse nível, foi uma terrífica demonstração de superioridade.
Falando ainda de Wally e Jesse. É bom ver que os produtores não estão a apressar a transformação destes dois novos speedsters e, levando o seu tempo, vemos as personagens a evoluir em caminhos diferentes, mas com o objetivo comum de quererem ajudar as outras pessoas. Este caminho de Wally faz em muito lembrar o caminho percorrido por Roy Harper em Arrow. Se conseguirem ser bem sucedidos, Wally virará em breve uma adição imprescindível para a Team Flash.
Para além de tudo isto, surge-me ainda uma pergunta: onde está Hartley? Estão sempre a falar nele, mas nunca o vemos… Porque não está a ajudar a Team Flash? Espero mesmo que tenha uma boa desculpa!
Factos nerd e interessantes:
Em suma, “Invincible” foi um bom episódio, mas estava à espera de mais. O cliffhanger do último episódio e toda a construção até aqui deixaram-me com as expectativas demasiado altas e, chegando aqui, os produtores não conseguiram cumprir. Será “The Race of His Life”, o último episódio da temporada, a masterpiece de que estamos à espera? Já viram as imagens libertadas de Zoom e Flash prontos para a corrida? Ficamos a aguardar por esta corrida épica. Até lá, boas corridas.
Emanuel Candeias