Se vocês gostam de Person of Interest, então vão gostar de saber que vamos voltar a estar convosco esta semana! Sim, a CBS está a “despachar” a série, fazendo com que saia mais do que um episódio por semana. Este processo é claramente discutível, mas eu só tenho a agradecer por poder ver estas “carinhas larocas” mais do que uma vez por semana.
Os nossos heróis tentam reanimar a Machine, que está com alguns problemas de reconhecimento facial (um momento muito divertido logo no início do episódio), mas, após alguns minutos, começa a divulgar números de potenciais criminosos e/ou vítimas. No entanto, parece que 90% destes casos ou já aconteceram ou se tornaram becos sem saída, o que leva Harold e Root a questionarem-se sobre a “saúde” mental e pessoal da Machine. Vamos tendo uns flashbacks tremidos de momentos que já vimos em temporadas anteriores, que não é mais do que a nossa adorada inteligência artificial a ir buscar elementos do passado para se reconstruir novamente, ainda que o “feitiço se vire contra o feiticeiro” e os nossos heróis passem a tornar-se vítimas e vistos como ameaças.
A linha narrativa de Person of Interest sofreu uma transformação incrível. Transformação incrível porque, com a redução episódica, os argumentistas começaram a focar-se na crescente ameaça de Samaritan e na revitalização da Machine. Ou seja, despegaram-se de casos isolados e concentraram-se na essência de toda a série e “SNAFU” não é exceção. Embora a tonalidade seja mais leve do que a do início, este episódio é de uma abordagem humana extraordinária, em que se estabelecem os paralelismos do limite de humanização da Machine, com tudo o que isso tem de bom e menos bom. Este foco que permite arrancar uns momentos bem divertidos com os atores continua a permutar a série num clima de constante evolução e que se estabelece como uma obra de arte única e nunca antes vista.
Não se trata de adoração pela série, mas sim um reconhecimento das suas qualidades, que se têm evidenciado com um respeito incrível pelos fãs e que projeta um final que certamente vai fazer as delícias de todos. Mas, voltando ao episódio, continuamos com o coração partido assim que vemos Root a procurar por Shaw com uma lágrima no canto do olho. Sentimos pena da Machine depois dos flashbacks que vamos vendo, onde a aprendizagem deu lugar a 42 mortes virtuais. Ficamos preocupados quando John se torna um alvo. Rimos sempre que o Fuscanator (sim… isto é muito bom!) manda umas piadas. Partilhamos da saudade de Harold por Grace. Revoltamo-nos sempre que Samaritan entra em cena de rompante.
Todos estes sentimentos que a série suscita no espectador revelam que a televisão é precisamente isto: provocar uma montanha-russa de emoções que nos levam a viajar pelo pequeno ecrã e que nos enriquece o espírito. Portanto, Person of Interest continua em alta e o progresso do seu enredo só mostra que é uma pena despedirmo-nos de tão extraordinárias personagens tão cedo.
Jorge Lestre