Contém SPOILERS:
Preparem os lenços, caros fãs de Outlander, o episódio desta semana é o mais devastador de toda a série! Claire está no hospital, desorientada e banhada em sangue, o destino do seu bebé é ainda incerto, mas após alguns dias, a Madre Hildegarde traz notícias arrasadoras. O bebé está morto… uma menina batizada de Faith. Claire está absolutamente devastada, quebrada por dentro, com uma mágoa gigantesca e um ódio a Jamie ferve dentro da sua alma.
Quando regressa a casa, com uma receção sentida dos seus criados, Claire descobre que Fergus havia sido vítima do tirano Jack Randall e que este fora o verdadeiro motivo para Jamie ter quebrado a sua promessa. Randall, na boîte, violou o jovem e Jamie entra de rompante no quarto após ouvir os gritos de súplica do rapaz. Depois de ouvir este conto terrível, Claire apressa-se a tentar livrar Jamie da prisão e apercebe-se de que, para o conseguir, terá que voltar a passar por um teste que irá ferir a sua alma novamente. Quando chega à corte do Rei Louie, este lança-lhe um teste: tentar descobrir entre o Mestre Raymond e o Comte St. Germain qual destes está envolvido nas artes da magia negra, para além de ter que se deitar com o Rei como pagamento da libertação do seu marido.
Toni Graphia volta a assinar um argumento por demais poderoso. Um episódio extraordinário de uma força dramática que irá levar qualquer um às lágrimas. Não só é a escrita divinal, como é acompanhada por uma magnífica Caitriona Balfe que carrega o episódio todo do início ao fim com uma garra abismal. Desde os cenários que até então merecem todos os elogios do mundo, à fotografia que capta a essência de cada imagem gravada, ao brilhante guarda-roupa, às performances, à montagem que propicia verdadeiros momentos nunca antes vistos em televisão. “Faith” excede tudo aquilo que Outlander construiu até hoje, garantindo que os próximos episódios serão cruciais para o desenvolvimento narrativo.
A realização de Metin Hüseyin é vertiginosa, sabendo exatamente o posicionamento da câmara para trazer uma abordagem intensa da vida de Claire e Jamie, conseguindo arrancar verdadeiras pérolas de filmagem. Outlander é um conto sobre amor. Mas é um conto em que o próprio amor se torna inimigo de si mesmo, como que saído de uma fábula de William Shakespeare e trazido para a televisão. Há uma linha complicada de transpor tal intensidade no ecrã e decerto que a equipa da série passou por imensos desafios para conseguir tal proeza. Apesar disto, afirma-se como um estudo do ser humano e dos limites das suas emoções, o que a torna uma série obrigatória para todos. A complexidade relacional e os twists fortes e de uma projeção quase saída de um filme de horror tornam-na num conto moderno pintado com tons fantasiosos.
“Faith” assume-se, portanto, como o capítulo máximo do desenvolvimento narrativo e do estudo de personagens, o que contribui para o enriquecimento da série como um todo. Se ainda não começaram a ver, toca a fazer binge-watching deste magnífico exercício de televisão que mexe com a nossa alma e toca bem fundo no coração.
Jorge Lestre