Sarah vê-se forçada a colaborar com Ferdinand para remover o estranho organismo que tem alojado na sua bochecha e precisa de encontrar M.K. para que esta encontre Rachel como moeda de troca. Cosima e Scott analisam o tumor do falecido Dr. Leekie para entender a fisionomia destas enigmáticas larvas, ao passo que Alison precisa de arrancar informações de uma clínica de natalidade discretamente para ajudar as suas irmãs. Helena debate-se com uma decisão difícil; após uma conversa sentida com Donnie e Felix, descobre que a sua irmã adoptiva está em sarilhos. Para encontrar M.K., Sarah precisa da ajuda do seu novo colega Dizzy, até que descobre que as motivações de M.K. vão muito para além do que esperava.
É incrível como em cada semana Orphan Black consegue romper as barreiras da criatividade utilizando o motor de alta cilindrada de marca Tatiana Maslany para desenvolver um argumento rico e polvilhado de emoções. “From Instinct to Rational Control” é absolutamente vertiginoso, desde os twists frequentes a uma chamada erótica ‘molto affascinante’ (os fãs vão perceber o trocadilho linguístico), a um desenvolvimento de personagens imprevisível, terminando com fortes enredos paralelos que vão alimentando a narrativa, injetando-a progressivamente com abundantes doses de adrenalina.
“We Need to Talk About Donnie”
Quando a personagem de Donnie Hendrix foi lançada logo na primeira temporada, pouca ou nenhuma empatia sentíamos pelo mesmo. Muito porque na preparação da história, os criadores e argumentistas não viam potencial na personagem, até que decidiram brincar com ela e aumentar o seu destaque. Isto resultou. Resultou de forma tão graciosa que Kristian Bruun tem conseguido arrancar momentos inesquecíveis de um humor subtil e próprio. Um registo que o ator definiu como a sua imagem de marca na série, tornando Donnie numa das mais bem-sucedidas personagens de toda a narrativa. Paralelamente ao enredo principal, é em Donnie e Alison que as gargalhadas se concentram e, neste episódio em particular, isso toma proporções do mais brilhante que se consegue arranjar. Em “From Instinct to Rational Control” e, perdoem-me este SPOILER [quem ainda não viu o episódio que evite prosseguir no resto deste parágrafo], Donnie e Felix fazem-se passar por um casal gay que decidiu contactar a clínica de natalidade para uma hipotética inseminação artificial. Vejamos que Donnie, como é óbvio, tenta “encarnar” o seu papel o que, não só deixa Felix perplexo e embaraçado, como aquele olhar final pela janela mostra a tosquice saloia que é tão natural que nos leva às lágrimas de tanto rir. Mas, porque já não bastava isto, Donnie precisa de contribuir para a colheita de esperma e, uma vez que revistas homossexuais não fazem parte do seu estímulo sexual, dá uma “ligadela” a Alison para que lhe dê uma ajudinha. Ajuda preciosa, esta que eleva o episódio a um patamar de frenesim cómico absolutamente maravilhoso e nos faz já doer a barriga.
Não há comediantes… há Donnie. Não há estupidezes… há Donnie. Não há constrangimentos… há Donnie. Não há momentos parados porque Donnie está lá para salvá-los. Se Maslany lidera o elenco de forma, dita, perfeita, então este sidekick conquistou-nos o coração e eu mal posso esperar pelas aventuras destes dois que fazem o meu dia ser bem mais emocionante e mais divertido.
Jorge Lestre