É o fim do mundo, mas não o fim da esperança.
Tendo uns dos maiores erros da 3.ª temporada sido os fracos flashbacks, o ritmo inconstante (não permitindo à série ganhar o momentum necessário para o final) e um season finale pobremente escrito, pela segunda vez os produtores pecam e a 4.ª temporada de Arrow não foi aquilo que podia ter sido.
Antes de ver o episódio, ouvi um burburinho online de que o final tinha sido uma tragédia. No entanto, como costume, decidi ignorar e ver por mim mesmo, mas o mal foi que realmente “Schism” dececionou bastante. Claro que nem tudo foi mau, mas muitos erros podiam – aliás deviam – ter sido evitados e outros simplesmente não se percebem. De uma forma geral, acho que a 4.ª temporada teve melhores episódios e uma escrita mais sólida que a 3.ª, mas principalmente neste season finale, onde tudo devia brilhar ainda mais, os produtores não o conseguiram e claro está que isto leva a que as criticas à série aumentem enquanto a sua popularidade diminui. Este insucesso é ainda mais realçado por os season finales de Legends of Tomorrow e The Flash terem sido tão bons.
Chegando ao final de todas as temporadas do Arrowverse, como classificariam vocês as diferentes séries: Arrow, The Flash, Legends of Tomorrow, Supergirl?
Passando para o episódio propriamente dito… Algo que esteve muito bons nos últimos episódios e que falhou de repente, não sei porquê, foram as cenas de ação. Faltou coreografia, faltou relevância e faltou impacto. Gostei por exemplo de Darhk a conter a seta explosiva, mas fiquei com a sensação de que muitas das outras cenas eram meio aleatórias. Sem falar que pior que a pontaria dos ghosths só mesmo a dos stormtroopers.
Depois, não sei se sou eu que não me lembro, mas como é que a H.I.V.E. descobriu o esconderijo da Team Arrow? Ou foi algo repentino e que não foi abordado?
O plano de Lyla de enviar os agentes da A.R.G.U.S. atrás de Darhk também foi desnecessário e completamente ignorante. Se calhar confiar em Oliver não teria sido uma má ideia.
Outra coisa que acho que estragou o episódio foi o tempo que estipularam para o rebentar dos misseis nucleares. Tudo bem que deu a sensação de urgência, mas tão pouco tempo era impossível para terem feito tudo o que fizeram. Encontrar Cooper, fazer o discurso ao público, andar de um lado para o outro, combater os ghosts… aposto que demorou mais que 45 minutos. Gostaria também de ter visto a reação do resto do mundo a este apocalipse eminente.
Algumas atitudes das personagens também pareceram anti-climáticas, estando mais preocupadas em discursos do que em resolver propriamente a situação em mãos. Estavam positivos demais e o suspense do fim do mundo iminente e da batalha final perdeu-se por completo.
Stephen Amell já mostrou que nos consegue impressionar e inspirar, mas também não esteve no seu melhor. A sua conversa com Felicity pareceu apenas uma repetição do que fomos ouvindo ao longo da temporada, não havendo um sentimento mais forte e definido. Os produtores batem tantas vezes nas mesmas teclas que o drama se torna em repetição e se perde o impacto e a novidade. E mesmo o discurso à população em geral – apesar de achar que foi uma boa jogada e ter tido uma vibe ao género de Spider-Man (2002) – não foi muito profundo nem inspirador.
Malcolm Meryln, mas que raio se passa com esta personagem? Será que ainda nos importamos? Ou melhor, a verdadeira pergunta é… porque é que ainda não o mataram ou prenderam? Acho que a ambiguidade é demasiada e Malcolm é responsável por situações demasiado importantes para serem esquecidas: morte de Sara, morte de Thea, morte de Laurel e por aí fora. Os produtores têm que decidir se querem que ele seja uma ajuda à Team Arrow ou se é um vilão, e então terá de ser lidado como tal,
Paul Blackthorne tem um potencial enorme e foi praticamente esquecido nesta season finale, o que é uma pena. Não gosto desta relação dele com Donna e acho que só veio prejudicar as duas personagens. Será que se irá aguentar? Tendo sido expulso da polícia, qual o papel de Quentin no futuro?
Este formato dos flashbacks já se percebeu que não funciona, ou pelo menos o público já percebeu. Ocuparam demasiado tempo do episódio e não acrescentaram grande coisa. O mais emocionante foi mesmo rever Amanda Waller e a perspetiva de vermos Oliver na Rússia no futuro.
Mas chega de reclamar e passando às coisas positivas do episódio. Em termos de discursos, gostei da conversa entre Curtis e Oliver, onde ele lhe lembra que quem vive em Star City já passou por tanta coisa que adquiriu uma certa forma de resistência a este tipo de situações e que, se motivados, podem ser uma ajuda preciosa. Curtis foi uma agradável surpresa nesta temporada e resta saber se na quinta vai passar a ser um membro regular da Team Arrow e se veremos finalmente a sua transformação em Mr. Terrific?
Gostei do pormenor de Felicity ter dado a oportunidade a Cooper de escolher ser o herói e salvar o mundo e não morrer como um vilão. Isto demonstra um grande caráter por parte da nossa heroína Overwatch. Algo que não percebi foi o desviar do míssil que se dirigia para Star City. Foi por terem usado um método diferente? Ou qual a razão de terem conseguido desviar o míssil tão em cima do tempo desta vez, mas não na situação de Havenrock? E espero que os acontecimentos nesta cidade não sejam esquecidos na próxima temporada e que haja um plot dedicado a isso. A escolha de enviarem os restantes misseis para o espaço fez-me lembrar do novo filme X-Men: Apocalypse.
A derrota de Darhk teve os seus prós e contras. Neal McDonough esteve genial, tanto neste episódio como na temporada em geral. Se problemas existirem com o vilão não foram de todo devido ao ator, que sempre ajudou a dar um ar de vilão superior, arrogante e com desprezo pela vida dos outros. Depois de perder Ruvé, ele perde também toda a razão e só quer ver o mundo a arder para sentirem a sua dor. O plano de usar a esperança do povo para combater a magia de Darhk foi bem pensado e uma boa solução. Também gostei de Darhk a mostrar os seus skills de combatente; como ele disse, é um ex-membro da Liga dos Assassinos, logo, a magia não é a única coisa que tem de mortal. Mas confesso que não gostei de ver o Green Arrow a assassiná-lo no fim. A forma como o matou, ao espetar-lhe uma seta no coração, tal como Darhk fez a Laurel, deu-lhe uma vingança completa que, porém, acho que não era de todo necessária. Apesar de os escritores nos quererem fazer acreditar que às vezes é preciso matar alguns vilões, neste caso, Oliver podia tê-lo prendido em Lian Yu juntamente com Slade Wilson. Depois de usar a esperança e a luz, acabou por ceder, mais uma vez, à escuridão.
“What you’re feeling isn’t a darkness, it’s a schism. You’re at war with two sides of yourself.”
Hm, e o que será que aconteceu à filha de Darhk? Voltará ela mais tarde à procura de vingança?
Oliver como mayor. Estou curioso para ver como se vai Oliver portar e se vai conseguir conciliar isso com a sua vida de herói. Algo bom que fomos vendo nesta temporada e que o próprio Diggle referiu é que Oliver é que tem estado a sustentar a moral do resto da equipa em muitas situações. Se no passado era sempre ao contrário, agora já não é assim. O Green Arrow cada vez consegue ter um melhor equilíbrio da sua luz e escuridão e Oliver como prefeito poderá lutar à luz de todos e deixar de ser visto apenas como um playboy.
O futuro de Thea e Diggle. Ambos estão perdidos, viu-se isso nos episódios anteriores e é positivo os produtores estarem cientes desse facto. Quer dizer que, em princípio, no futuro veremos um crescimento destas personagens. Irá Thea procurar Roy? Haverá esperança para termos o Speedy original de volta? E será que chegará a uma conclusão sobre o que fazer em relação a Malcolm? Se antes Thea era algo mais que uma heroína – filha mimada, rebelde metida na droga, dona de uma discoteca, focada em tornar-se forte e poder proteger-se a ela mesma, controlada pela bloodlust – muita dessa personalidade se perdeu recentemente e será bom se for recuperada. Lyla aceitou melhor do que estava à espera o que Diggle fez a Andy, mas lá está, ela é uma soldado. E Diggle também o é, por isso é que decidiu voltar para o exército para conseguir lidar com a escuridão que se apoderou dele. Que razões o farão voltar depois? O que mudará nesta sua nova campanha militar?
“You thought I was leaving, too? Not a chance”, Felicity para Oliver.
Oliver e Felicity voltam a acabar mais uma temporada apenas os dois, mas desta vez em circunstâncias muito diferentes. Será que existe esperança para a 5.ª temporada de Arrow? O que me dizem vocês? Vão continuar a seguir a série ou vão desistir? Stephen Amell refere que a nova temporada será um back-to-basics e vimos melhorias em relação à temporada anterior, por isso, pessoalmente, acho que a série ainda tem bastante para dar.
Fica ainda a pergunta, será que os eventos em The Flash irão influenciar Arrow? Se Barry realmente mudar por completo a linha temporal deixaremos de ter ligações com The Flash até a situação ser resolvida ou as outras séries também serão afetadas? Inclino-me mais para a primeira situação, embora fosse engraçado ver como a vida dos elementos da Team Arrow iria mudar.
Um grande hiatus nos espera até os nossos super-heróis e as séries da CW voltarem em outubro. Até lá, salvem a vossa cidade e aproveitem para pôr em dia alguma série atrasada ou começar a ver uma nova.
Já leram o texto aqui no site “ESTREIAS 2016/17: QUAIS AS TUAS ESCOLHAS?”? Pode ser que alguma das novas séries vos interesse. Recentemente Preacher estreou e o piloto teve uma boa receção e em breve também teremos a aguardada nova série de Robert Kirkman, Outcast.
Emanuel Candeias