Vikings chegou ao final da primeira metade da temporada. Mas antes de partir, deixou-nos com um dos melhores episódios que esta série alguma vez nos ofereceu. Teve tudo: desempenhos brilhantes, surpresa, confrontos há muito aguardados, batalhas, visões, visitas ao futuro, heróis que tombaram enquanto outros ascenderam…
Há muito que assistíamos ao percurso de declínio de Ragnar. Do outro lado, temos vindo a ver Rollo num trajeto glorioso e conquistador. Este episódio marca um ponto final e inequívoco nesses percursos paralelos. Ao contrário de outras semanas, nesta nem há tempo para preparações e o episódio começa logo com o cenário de batalha.
Um Rollo muito diferente do que conhecemos há anos atrás pede ao seu novo Deus que o guie, enquanto o exército viking clama por Odin. Tivemos uma longa sequência de batalha que nos guia entre os diferentes focos da luta, enriquecendo a cena com slow-motions bem aproveitados para mostrar cada detalhe. Fora alguns golpes menos realistas (em que os mais atentos com certeza repararam) a cena foi muito bem montada, um duelo épico em águas francesas, entre as duas frotas. O amor pela carnificina espelhado no rosto dos irmãos Finehair e Halfdan, a intensidade nas palavras de Floki e no machado de Bjorn, a bravura de Lagertha resultaram em muitas baixas para os parisienses. Mas eis que Rollo entra em cena e as espadas dos irmãos Lothbrok se cruzam: foi tudo o que esperava, dramático e violento, com longas sequências de murros, foi pessoal… E Rollo foi o mais forte. À medida que Rollo ia superando Ragnar, a sorte dos vikings virava e muito sangue era derramado: Lagertha, Halfdan, Torvi e Floki foram feridos e a retirada era inevitável. O reino francês fica a salvo e Rollo é recebido como um herói no regresso a Paris.
Uma das personagens que se revelou neste episódio foi o imperador Charles. Depois de o termos visto ser influenciado vezes e vezes sem conta, ganhou finalmente personalidade… Talvez tenha aprendido algo com Rollo. Finalmente compreendeu quem estava próxima somente por interesse e tratou de os eliminar.
Quando esperávamos pela cena que nos elucidasse quanto ao rescaldo da guerra no exército de Ragnar, somos surpreendidos com um avanço de cerca de uma década no tempo. No “novo” presente, Ragnar está desaparecido desde a batalha de Paris, Bjorn parece assumir a posição de líder do clã viking e os seus irmãos são agora adultos e independentes. Depois da deserção de Ragnar, apenas Bjorn e Ivar parecem não o renegar e continuar a respeitá-lo.
Entretanto, dois segredos ocultos de Ragnar vêm à tona: o massacre de Wessex e o seu filho Magnus. O fim fica marcado pelo regresso de Ragnar. A sobriedade de outros tempos é notória pela postura e pela clareza dos olhos, mas parece-se com um mendigo, um rei mendigo que confronta a população que já não o segue depois da descoberta do seu segredo mais negro.
Desconhecemos se a segunda metade da série ainda nos fará visitar o tempo após a batalha de Paris com recurso a flashbacks ou se simplesmente seguiremos daqui em diante. No entanto, ficaram dúvidas quanto aos sobreviventes e uns tantos assuntos inacabados quer em Kattegat, quer em Wassex e até em Paris.
André Borrego