Estamos de volta, Clone Club, e esta semana os mistérios estão cada vez mais empolgantes, há mais narrativa aberta, estudo de personagens e desenvolvimentos originais. Enfim, mais um dia normal nas vidas das nossas sestras favoritas.
Sarah recebe a chamada da estranha M.K., que a alerta que os Neolutionists estão a caminho do seu esconderijo e, por força maior, precisa de regressar a casa para saber com o que está a lidar desta vez. Ao reencontrar-se com as suas irmãs, Sarah percebe que Cosima está a sofrer com a perda de Delphine e o tratamento através do sangue de Kendall não está a ter sucesso. Alison e Donnie ainda acolhem Helena, que está grávida, e isto desencadeia novas emoções na família Hendrix. Já Felix tem um segredo que precisa de contar à sua família adotiva e em flashbacks vamos vendo o progresso de Beth após os acontecimentos do episódio anterior. Sarah procura por M.K. para saber mais informações sobre os Neolutionists e vasculha pelos pertences de Beth novas pistas.
É muita informação num episódio só, é certo. O ritmo frenético já característico da série permite que o desenvolvimento seja fluido sem prejudicar o entendimento do espectador e muito disto se deve à realização de John Fawcett e das extraordinárias opções de montagem. Nunca é demais realçar que Maslany esteve ao mais alto nível, conjugando as cenas em conjunto das irmãs de forma exemplar e trabalhosa. Vemos aqui alguém que é dedicado ao máximo à sua profissão, num registo singular que a define como a “camaleão-fêmea” da televisão. Jordan Gavaris também continua extravagante e irreverente como o ‘same old Felix’ e a própria estrutura narrativa permanece com muita garra, força e pujança.
Sentimos que a série cresce em unidade que, em muito, se deve à combinação dos elementos performativos de Maslany e dos que se ramificam em seu redor. Vejamos o exemplo de Donnie, que era absolutamente secundário, e agora assume um papel relevante, cómico e essencial na história e que quebra o drama intenso da maioria das cenas. Em técnicas de filmagem, o realce dos rostos de Maslany, em especial os olhos que espelham o estado de espírito de cada uma das sestras mais adoradas do mundo, traz-nos uma aproximação humana e quase presencial como se estivéssemos ao lado das personagens a sentir o que elas sentem. Vejam-se os cenários que se metamorfoseiam à medida que os planos alternam e que transparecem o ambiente de desconfiança, casa (no sentido figurativo de lar, conforto, segurança), pânico e desamparo; a banda sonora que sabe encaminhar-nos para diversas emoções causando um impacto significativo na carga de cada momento.
Tudo em Transgressive Border Crossing é pensado ao detalhe. Há uma dedicação e carinho por parte de todos que culmina num dos melhores episódios da série e que, mesmo não explicando tudo, deixa-nos precisamente com aquele sentimento já comum para os fãs da série, de se estar num jogo de gato e rato e que não há solução à vista. Só por isto e por preservar a sua própria identidade, Orphan Black mantém o estatuto de uma das melhores séries atualmente em exibição.
Jorge Lestre