Clone Club, tinham saudades? Pois bem, estamos de volta com as reviews de uma das séries mais fascinantes do século XXI e, posso dizer com todo o orgulho, que este regresso não desiludiu… muito pelo contrário!
Lembram-se de Beth Childs? Para os mais esquecidos, Beth foi aquele clone que Sarah conheceu na fatídica noite do início da série, na linha de comboio. Nunca ficou conhecida a sua história e este “The Collapse of Nature” foca-se precisamente em tudo o que envolve a sua personagem que, para surpresa de muitos, já estava bem avançada em comparação com a que conhecemos recentemente. Beth conhece M.K., um novo clone, e juntas procuram por respostas para o movimento dos Neolutionists que estão, de alguma forma, relacionados com a sua criação. Se, a nível profissional, Beth precisa de se drogar para conseguir um pouco de paz, já as irmãs Cosima e Alison parecem estar um pouco alheias à agenda de Beth.
Voltamos a ver Paul e Art, um cameo de Felix (um pequeno tesourinho) e o Dr. Aldous Leekie, todos nas suas “posições” iniciais e com os segredos que para nós já não são novidade. A jornada de Beth é levada ao extremo quando desvenda um dos grandes mistérios e comete um crime por acidente.
Para não tentar revelar demasiado daquilo que é o poder da imagem e das interpretações que ela nos transmite, vamos deixar a história de parte e focarmo-nos nas personagens. Tatiana Maslany está de volta e, como sempre, em todo o seu esplendor. Beth é uma personagem moralmente complexa, com uma conduta irreverente em busca de respostas e a nova M.K. tem de tão misteriosa quanto alguns traços que homenageiam Lisbeth Salander de The Girl with the Dragon Tattoo. A escrita continua palpitante e desvenda muitos dos segredos e mistérios que os fãs mais queixosos andavam roídos por saber e este argumento de Graeme Manson é, em muito, auxiliado pela realização de John Fawcett, que torna as sequências sombrias e imprevisíveis, ao mesmo tempo que mantém com regularidade a consistência lógica de ideias e de eventos.
Se a 3.ª temporada da série tinha deixado algo a desejar e perguntas por responder, este início é precisamente tudo o que esperávamos. O que torna Orphan Black inesquecível está lá – e mais completo que nunca – e estes mistérios que tanto queremos ver desvendados não deixam de manter a narrativa fresca e com muito ainda por explorar. Em qualquer esquina há um segredo, uma personagem que não devia estar lá e surpreende por estar, um mistério agudo de relações humanas entre pessoas idênticas umas às outras. Em suma, podem ficar descansados que o regresso continua a manter o registo de qualidade da série.
É tão bom voltar a ver estas meninas tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes, num jogo de gato e rato à procura de respostas para a sua criação. A ética é profunda, a ciência leve e inofensiva, mas quem ganha mesmo é Maslany, porque ela é inquestionavelmente versátil e magnífica. Esperemos que vibrem com este regresso da mesma forma que eu, que estava impaciente para ver o que mais nos reserva esta sequência de ideias e, em especial, como Beth se relaciona com tudo isto e o que conseguiu fazer para minimizar os danos às nossas adoradas ‘sestras’.
Jorge Lestre