Os vilões têm o direito de amar tal como o resto dos comuns mortais. Sejam eles uma bruxa verde de inveja, um deus caído em desgraça ou um cobarde que não vive sem poder. Toda a gente tem direito a ser feliz, se encontrarem alguém que esteja disposto a aceitá-los (maldades incluídas) como são. Neste lote temos os casais Belle e Rumplestiltskin e Zelena e Hades. O gangue do Bem ficou na margem este episódios e pudemos tirar umas miniférias deles. Eu, confesso, já precisava.
Comecemos pelos veteranos Rumple e Belle. Gostava tanto deles na primeira temporada! A maneira como a relação deles se desenvolveu foi muito bem trabalhada e a química entre Robert Carlyle e Emilie de Ravin sempre ajudou muito. A relação deles foi sempre a que mais me cativou porque está longe de ser boa. Regina só encontrou Robin quando o seu coração estava mais do que amolecido (já não era a Bruxa Má), mas Rumple sempre teve de balançar o casamento com a vida como Senhor das Trevas.
Já passaram por muito em cinco temporadas. Entre as viagens para as quais o Rumple era sempre arrastado com o pessoal e as mentiras que contava a Belle, o casal não teve descanso. Quando foi revelado que ele era o Senhor das Trevas outra vez no final da quinta temporada e Emma o chantageou ameaçando contar a Belle a pequena brincadeira, passei-me. Nem queria acreditar que Rumple ia voltar às mentiras da quarta temporada e que iam fazer isto outra vez à pobre, inocente Belle. Grávida, ainda por cima!
Mas não. Graças aos deuses! O portal que Hades pediu a Rumple para criar queria transportar a bebé de Zelena e Robin para o Submundo e acabou por transportar a mãe e Belle. Não sei muito bem como é que Zelena fugiu de Oz e se isso é importante ou se terá consequências mais para a frente, mas a verdade é que ela nem aqueceu o lugar em Storybrooke.
A conversa entre Rumple e Belle foi das mais sinceras que tiveram na série toda. Ele a expor-lhe a verdade toda, do bebé deles, do que tinha feito para salvar Baelfire, de ser outra vez o Senhor das Trevas. Admirei a coragem dele. Quer que Belle o aceite como é. Não achei o pedido dele assim tão estapafúrdio. Belle tornou-o num homem melhor. O Rumple dos flashbacks não é o mesmo que vemos agora, nem de perto. Mas torná-lo num homem diferente é algo que nunca conseguirá fazer, porque Rumple gosta demasiado do poder. E chegou à conclusão que, se ela o quer mudar, é porque não o ama como é, mas uma visão utópica do homem que quer que ele seja. Veremos qual será a decisão de Belle. Ela também não se pode esquecer do bebé que carrega. E em como isso pode afetar Rumple. Ele já perdeu um filho devido ao seu amor pelo poder. Viu-o morrer. Não sei até que ponto não acalme ainda mais quando tiver o bebé nos braços.
Agora o casal das trevas. Zelena e Hades, quem diria! Pessoas amarguradas, ressentidas com os irmãos e com sede de vingança. Os dois conheceram-se em Oz muito antes de Zelena zarpar para a Floresta Encantada e, posteriormente, para Storybrooke, quando a Bruxa Má do Oeste ainda procurava o cérebro do Espantalho. Não me convenceu a cena em que Dorothy (e Toto!!) o salvam. Zelena podia transformar Dorothy em cinza logo no palácio e pasma-me que não o tenha feito.
Então, chega Hades, que pretende ajudar Zelena a lançar a maldição para ele próprio trocar de papéis com o irmão Zeus. Eles foram fofinhos e tal, mas este romance com Zelena foi fabricado à pressa e caiu do nada. Não estou a dizer que não gostei de os ver juntos, porque um casal de vilões é sempre engraçado (como o Fisk e a Marianna de Daredevil, por exemplo), mas foi demasiado repentino. Ele queria o beijo do verdadeiro amor para voltar a viver, a viver realmente. E percebeu logo que encontrara isso em Zelena. O problema é que Zelena não sabe o que é confiar e amar alguém. Daí ter rejeitado a oferta de Hades. Será que este romance vai para a frente?
Adorei a Zelena neste episódio. Especialmente porque ela me faz lembrar os velhos tempos de Regina. E de ter saudades destes tempos. Mesmo muito. Porém, por muito má que seja, foi enternecedor ela ter entregue a filha a Robin depois de a ter magoado. Honestamente, nem sei porque é que eles querem a filha afastada da Zelena. Ela é a única a querer passar tempo com ela. Grande pai que Robin foi ao ter abandonado a filha recém-nascida para ir atrás da Regina que nem um cachorrinho. Snow e Charming também não são inocentes nisto, mas o filho deles já é mais crescido. E ninguém pensou no facto de poderem lá ficar para sempre presos? Nós sabemos que isso nunca iria acontecer, mas as personagens não. Porque não ficou um deles para trás?
Um pequeno destaque para Snow e Charming, que se aperceberam que não estão a fazer nada lá em baixo. Só os vemos a resmungar e a lamentarem-se no apartamento. Mexam-se, pessoas! Salvem almas, procurem o Hades, alguma coisa. Ah, e adorei aquela cabine para assombrar pessoas. Fez-me lembrar quando, em Harry Potter e a Ordem da Fénix, o Harry e o Mr. Weasley foram para o Ministério da Magia da mesma maneira. Só um aparte!
Que vos parece? Será que Hades não quer mesmo usar a bebé para ativar a maldição do tempo? Não me agrada que andem a reciclar histórias assim à cara podre, mas qual é o plano do Hades? Se é que ele tem um?
Maria Sofia Santos