Contém SPOILERS!
Mais um episódio se passou… e mais uma vez tivemos falta de desenvolvimentos sobre o apocalipse que se iniciou semanas antes. Os mistérios adensam-se, no entanto, a escassez de elementos sobre os personagens está a criar dúvidas nos seguidores sobre a qualidade da série. Mesmo assim, julgo que ainda muito está por revelar, já que Robert Kirkman e Dave Erickson não iriam criar uma série de qualidade inferior relativamente à mítica The Walking Dead.
A vida no barco continua… quase que me sinto a assistir a The Last Ship, mas em vez de um vírus mortal temos zombies. Bem, mas desta vez, o episódio passa-se sobretudo numa ilha onde existe um parque natural, isto porque o grupo tem de tentar despistar o barco que vai em sua perseguição, algo que, em princípio, se deve às conversas de Alicia no rádio com o misterioso Jack.
O grupo para na ilha porque alguém lhes faz sinal de luzes com uma lanterna. Se até agora Strand se mostrou irredutível, desta vez permitiu que Madison e Travis seguissem com o seu plano. De toda a situação que se passa, posso dizer que este grupo em particular tem tido muita sorte com as pessoas que encontra! Ao princípio o grupo é demasiado amigável e até partilham comida. Com a evolução do episódio vemos, mais uma vez, Madison a assumir o controlo das decisões do grupo (curiosamente, é Travis que se acha o chefe) e acaba por esmiuçar algo impensável. Sempre pensei que tinha sido um dos miúdos, filho de George, a brincar com a lanterna à janela, algo que poderia ter visto alguém fazer num filme ou em desenhos animados. Mas não, a trama adensa-se com a esposa de George a afirmar que ele pensa matar toda a família para os salvar dos zombies. É verdade que a conversa das duas mulheres acaba por ser demasiado forçada, mas o certo é que se chega à conclusão que as duas crianças merecem uma vida melhor.
Cris continua revoltado com a morte da mãe, contudo, pelo menos, começa a revelar alguma iniciativa para sobreviver no novo grupo. Vai com o filho de George matar os zombies que se acumulam junto da rede da praia. O choque de Travis ao ver o filho a sair-se bem naquela tarefa chegou quase a parecer ridícula. Então Travis não teve de matar zombies na praia antes de embarcar para o Abigail? Está à espera que o grupo sobreviva no mar eternamente, sem necessitar de ir a terra buscar alimentos? Travis continua a achar-se o chefe do grupo, mas, contrariamente à sua postura do episódio anterior, voltou a apresentar questões existencialistas, algo que não pode existir num mundo onde milhões de zombies têm fome. Bem, o certo de toda esta cena acaba por ser mesmo o treino de Cris para assumir um papel útil no grupo, algo que todos deveriam estar a fazer em vez de se lamentarem pelos cantos de um iate luxuoso.
Wila, a menina deste novo grupo, acaba por se suicidar acidentalmente com o veneno que George tinha escondido e que Nick já havia descoberto nas suas típicas buscas por medicamentos e drogas. A menina, já zombie, morde a mãe e despoleta a decisão de levarem o seu irmão e partirem da ilha. Partida que não aconteceu, já que o irmão mais velho se recusa a deixar partir a criança. Em suma, vemo-lo a matar a mãe zombificada enquanto o grupo levanta âncora e parte.
Em suma, julgo que todo o episódio se revelou desnecessário perante o potencial que a série pode atingir, no entanto, outros aspetos começam a florescer e daí ainda poderemos aproveitar alguma coisa. Começando pelas desconfianças, fundamentadas, em relação a Strand. Não nos podemos esquecer que temos aqui um ex-militar dos bons. Parece-me que Daniel ainda vai descobrir algo que nos vai deixar em choque. Por sua vez, Strand é apanhado a falar no rádio com alguém. Apesar de continuar a ser um personagem misterioso, julgo que começa a justificar-se o facto de que ele não é assim tão altruísta como parece. Com um jeitinho, o barco que os perseguia não se deveu às comunicações de Alicia, mas sim ao passado de Strand.
Fear The Walking Dead continua a arrastar o desenvolvimento do seu enredo e começa a cair no erro de apresentar uma situação-problema por episódio, algo que já está fora de moda relativamente ao gosto da maioria dos telespectadores. A nossa série necessita de um grande confronto com zombies para começarmos a criar empatia com os personagens ou um par de estalos na cara de Travis também funciona!
Questões em análise:
Rui André Pereira