Underground relata-nos o período mais indecoroso dos Estados Unidos, a época da escravatura. A trama passa-se na Geórgia de 1857, quatro anos antes de despontar a Guerra Civil Americana. Numa constante busca pela liberdade, muitos são os escravos que tentam fugir dos locais onde são forçados a trabalhar e, na mesma quantidade, muitos são os caçadores de escravos que partem em busca deles, a troco de dinheiro.
Esta série narra a realidade do que foi a escravatura, através de uma plantação de algodão mantida por um homem, muito abastado, que tem sob a sua alçada um grande grupo de escravos. Desse grupo, destacam-se aqueles que trabalham na chamada casa grande, que estão lá para servir os patrões dentro de casa, e os escravos que trabalham no algodão e no que for necessário, denotando-se alguma inquietude entre os dois grupos, pela diferença entre as tarefas.
A história tem momentos distintos. Depois de vermos alguns escravos em fuga, vemos uma das mulheres a dar à luz, com o parto feito em surdina para que não sejam ouvidos os gritos na casa grande, onde se discutem os preparativos para a festa de aniversário da filha do dono da plantação. De seguida temos um homem que ajuda uma escrava, que foge dos caçadores de recompensas que vão no seu encalço. Por fim é-nos apresentadoa um casal de abolicionistas.
Todas as histórias importam, quase todas se cruzam.
Noah, um dos escravos capturados no início, tem conhecimento de uma espécie de mapa que o irá tirar daquela plantação, um mapa que o há-de guiar para norte, para a liberdade, mas não quer ir sozinho e, como tal, tenta convencer outros a juntarem-se a ele.
Elizabeth e John, o casal de abolicionistas, discutem, enquanto viajam de comboio, a possibilidade de oferecerem a sua casa para abrigo e de passagem aos escravos em fuga. Para nosso espanto, ambos estão a viajar para a festa de aniversário da sobrinha. John é irmão de Tom, dono da plantação de algodão.
Mais uma surpresa, August, aquele que vimos a auxiliar uma escrava em fuga, e que em determinado momento faz frente aos que a perseguem, não passa de mais um caçador de recompensas.
A mulher que no inicio dá à luz, não querendo que o seu filho passe por tudo o que ela e todos os outros estão a passar, acaba por matá-lo. O choque das duas realidades está bem patente quando nos mostram a festa de aniversário com tudo a preceito e o funeral do bebé onde todos os escravos se juntam.
Emocionante, vemos homens e mulheres a serem chicoteados, quase que o sentimos na nossa própria pele. Das épocas mais injustas que alguma vez existiu, quando homens pensaram que podiam deter outros homens, como se de mercadoria se tratassem.
A luta pela liberdade é uma constante e a esperança de a conseguirem está bem presente nos olhos daqueles que não desistem. Com uma fotografia incrível, esta série tem tudo para ser muito boa. As interpretações dos actores são fenomenais, aconselho vivamente.
Ana Galego Santos