A estreia da midseason de Blindspot está aí, embora a review tenha sofrido um ligeiro atraso. Cease Forcing Enemy revelou algo que todos nós estávamos há muito tempo à espera por saber: Jane Doe é, de facto, Taylor Shaw. Ao fazer isto, Blindspot retirou um dos grandes mistérios à série, uma questão que, por algum tempo, consumiu, não só Jane como Weller (embora este ainda não o saiba). No entanto, para desvendar quem é Taylor Shaw, ainda há um enorme caminho por percorrer.
Já há alguns episódios que restavam poucas dúvidas que Jane era de facto Shaw, apenas faltava a confirmação de alguma fonte fidedigna. Contudo, os produtores acharam bem prolongar esta revelação e dar alguma tensão ao duo Jane/Weller e ao suposto romance. Tal confirmação ocorreu vinda do antigo companheiro de Taylor, Oscar, o homem que esta enviou para a vigiar e proteger depois de ser entregue ao FBI e garantir que o plano que a antiga Jane previamente traçou era seguido à regra.
A revelação de Jane ser Taylor Shaw vai abrir, por certo, algumas portas interessantes no desenvolvimento da narrativa entre Jane e Weller, com alguns avanços já dados neste episódio. No entanto, com todas as revelações que temos visto ao longo dos dois últimos episódios, muito mais há para esperar de Blindspot e este acabou de entrar numa fase em que tudo é possível. Uma fase de verdadeiro reset.
A revelação deixou Jane bastante confusa. Numa primeira fase travou um duelo corpo a corpo com Óscar, após este lhe mostrar o vídeo, depois passou pela estádio de ausência psicológica no trabalho e terminou com a incerteza sobre que passo dar no final do episódio, se Weller se Oscar e o seu passado. Passos de bebê, como se diz. Mas, por enquanto, a questão não é “porque Jane está a fazer isto?”, mas, sim “o que pretendes fazer agora Jane?”.
A relutância de Jane se envolver nas missões que Oscar lhe disse, embora tivesse sido ela a planear, faz todo o sentido, dado que nesta fase a afeição pela equipa do FBI é muito grande. No entanto, eu pergunto-me quanto tempo mais estará ela com a equipa? Se não, vejamos: sabemos que Jane foi quem planeou isto tudo e ainda sabemos, pelo Oscar, que o fez para desmascarar o FBI ou algumas pessoas que lá trabalham. Iremos ver a série usar isto a favor e acelerar um pouco a narrativa principal um pouco ou manterá o ritmo a que nos habituou?
Deixando agora Jane de lado. As circunstâncias da morte do ex-namorado de Patterson, David, estão a ser apuradas pelo Inspetor Chefe Fisher (John Hodgman). Mas vamos por partes, faz sentido esta investigação? Faz, partindo do pressuposto que o FBI é uma agência transparente e que pune este tipo de infrações (para recordar, Patterson infringiu a lei quando levou para casa documentos confidenciais e deixou que David os visse, levando à morte deste). Por outro lado, esta investigação tem tudo para ser suspeita, querendo apenas derrubar Mayfair.
A investigação de Fisher rapidamente chegou à verdade e este não teve outra alternativa senão suspender Patterson. Contudo, isso nunca aconteceu. No meio de uma emergência, Patterson, brilhantemente, mostrou a Fisher o quanto pode ser valiosa para a equipa, após impedir que Jane e Weller tivessem um desastre de avião. Já disse isto em quase todas as reviews, mas Patterson consegue brilhar mais e mais a cada episódio. Uma continuação muito agradável mesmo, Patterson!
Com o odioso Carter a ser agora uma carta fora do baralho, Zapata descarta a sua carta de demissão e continua com a equipa como se nada tivesse acontecido. Todos têm direito a uma segunda oportunidade, ainda mais porque esta estava a ser chantageada. Mas cá para nós, nunca fui muito com Zapata e continuo a não simpatizar. Sinceramente a sua estadia na série continua a parecer precária, mantendo a ideia de ser o elo mais fraco, mas vamos aguardar para ver o que os argumentistas irão fazer com esta situação.
Mais uma vez, o “caso da semana” foi muito bom, embora tivesse que ter uma abordagem superficial. Agora que sabemos quem está por detrás das tatuagens, perguntamo-nos: como é que Jane sabia disto tudo? É que, pelos vistos, as tatuagens de Jane não se limitam apenas ao seu país, mas ao mundo todo. Nada parece acontecer em pequena escala em Blindspot. O caso da semana faz-nos lembrar situações ocorridas recentemente no mundo real e, extrapolando para uma outra série que já terminou, Lost. Apesar do caso da semana ter tido uma tomada demasiado rápido, para aquilo que podia ter sido, mais uma vez, a realização esteve a um nível muito elevado, quer em cenas de tiroteio, quer em lutas de corpo a corpo, pecando apenas pela aterragem do avião. Nota positiva também para o trabalho de grupo realizado neste episódio por parte da equipa do FBI.
Cease Forcing Enemy fez um excelente trabalho, com uma narrativa rápida, com consequências emocionais de episódios anteriores, com algumas respostas dadas, mas em retribuição o número de perguntas cresceu exponencialmente. Um retorno de midseason muito bom, que lança a série para uma boa segunda parte e atémMaio haverá por certo muito mais surpresas.
Alguns reparos:
Fernando Augusto