Em “Babylon”, Mulder e Scully investigam um atentado terrorista fatal no Texas, a pedido de dois detetives, Einstein (interpretada por Lauren Ambrose) e Miller (Robbie Amell), – que curiosamente se assemelham a uma versão mais nova da dupla – enquanto tentam evitar que mais pessoas fiquem feridas.
A maneira como o episódio se desenrolou foi uma surpresa para mim. Os primeiros minutos estabeleceram um tom de seriedade: um jovem islâmico faz as suas preces, toma o pequeno-almoço e sai de casa para se encontrar com um amigo. Os dois param à frente de um edifício e poucos segundos depois de entrarem, este explode, matando várias pessoas. Shiraz parecee ser alguém sereno e tolerante para com o preconceito que sofre no Texa, e mesmo quando a galeria de arte (que aparentemente expunha um quadro dito ofensivo para a população islâmica) explode, a minha teoria era que no fim do episódio iria ser revelado que a explosão fazia parte de mais um dos planos do governo, visto que até agora a conspiração descoberta por Mulder em My Struggle ainda não foi utilizada em nenhum dos precedentes episódios.
No entanto, o episódio foi apenas mais um entre muitos de outras séries criminais a retratar minorias de forma estereotipada – o que hoje em dia despoleta certa controvérsia. Na minha opinião, The X-Files desperdiçou uma grande oportunidade de as representar num espírito positivo, ou pelo menos com mais gravidade.
Chris Carter, o realizador e escritor de Babylon (e também de My Struggle, outro episódio que não gostei), apesar de ter sido o criador da série, falhou em dar ênfase nos dois principais do episódio: a aparência de “Sculder Júnior” (que daria um ótimo e divertido episódio!) e o retrato da população islâmica nos Estados Unidos. Os dois temas têm tons demasiado diferentes para serem retratados no mesmo episódio de maneira coesa. E, para piorar, Mulder recebe da detetive Einstein comprimidos alucinogénos para poder “conversar” com Shiraz e descobrir a localização do grupo terrorista a que pertence e durante isso vagueia pelo Texas, invade uma festa country e alucina uma versão da detetive Einstein, nas palavras de Mulder, como se ela fosse uma personagem de 50 Shades of Grey. Se a temporada tivesse mais episódios, isto não seria um problema!
Porém, o guião de Babylon abordou um tema que pode ser inserido em múltiplos contextos: o poder da palavra e o seu impacto no comportamento e mentalidade de um indivíduo, que não só foi discutida através do caso do bombista, desnecessariamente persuadido a sentir ódio por tudo o que o contrariava.
Na próxima semana teremos o grande finale da série e será uma grande oportunidade para a série se redimir! Mal posso esperar para a próxima semana, ainda tenho esperança neste revival!
Cátia Neto