Após um começo promissor (se não contarmos o primeiro episódio, que fugiu um bocado ao conceito da série), The X-Files volta em grande esta semana com um cativante episódio ao estilo de “monstro da semana”, onde Mulder e Scully perseguem um homem-lagarto que tem estado a aterrorizar uma pequena cidade.
Bastam os primeiros dez minutos de visualização para ter a certeza que o terceiro episódio ia ser fascinante! Com um inteligente e hilariante guião e uma energética interpretação dos convidados especiais, The X-Files voltou às origens e mostrou-nos que a série nem sempre se leva a sério. A história é bastante simples: um casal de drogados assiste a um ataque contra duas pessoas por parte de uma criatura do tamanho de um homem com a aparência de um lagarto. Uma das vítimas morre com uma mordida no pescoço e a outra, um oficial de controlo de animais chamado Pasha, consegue fugir com vida; por alguma razão, o depoimento do casal é válido e um sketch do monstro é usado para investigar a morte.
A noite chega e mais uma pessoa jura ter sido atacada pelo monstro e confirma ser a criatura do sketch; o monstro é visto e fotografado, mas este foge depois de esguichar sangue pelo seu olho para assustar Mulder – o que não é nada nojento! Mais tarde, enquanto Mulder investiga gritos no motel onde a dupla está hospedada, descobre-se que há a possibilidade do monstro ser na verdade um homem, depois do funcionário do estabelecimento confessar espiar hóspedes (incluindo o próprio Mulder), sendo que um deles se transformou à sua frente num homem-lagarto.
Descobre-se então que o homem-lagarto é um simpático vendedor de telemóveis, mas quando é descoberto, foge para um cemitério. Mulder encontra-o com a ajuda do psicólogo do suspeito, que diz recomendar a Guy Mann (O nome mais obviamente falso do universo) andar pelo cemitério para se acalmar, e em vez de o prender, pede a Guy para contar a sua história. Os próximos doze minutos do episódio são dedicados a contar a maluca história do homem-lagarto: este nasceu e cresceu como um monstro e quando estava a relaxar na floresta, testemunha a morte da vítima encontrada no princípio do episódio por um outro ser humano, e é mordido por ele. Por alguma razão misteriosa, o monstro transforma-se num ser humano e começa a comportar-se como tal. Depois de uma crise da meia-idade e a adoção (e mais tarde desaparecimento) de um cão com o nome de Dagoo, Guy conclui que ser humano é uma maldição: há que se preocupar com impostos, salários, hipotecas e o sentimento de raiva e vingança. A narração de Guy é uma das melhores e mais bizarras partes do episódio, e tudo graças a Rhys Darby, que interpretou o simpático monstro da semana de maneira engraçada, fazendo com que Guy se tornasse numa personagem empática depois de apenas um diálogo.
Guy mais uma vez foge quando descobre que está perante um agente da polícia e Mulder nota a partir das fotos que tirou da criatura que esta sofreu uma mordida. Percebe então que Pasha é o culpado e tem estado a sufocar e morder brutalmente as vítimas: caso resolvido!
Após a prisão de Pasha, Mulder vai atrás de Guy. Preparando-se para a sua hibernação de dez mil anos, começo a acreditar que Guy é apenas mais um dos casos paranormais que se provaram ser uma farsa. Mas é aí que Guy se transverte (desta vez, permanentemente) para o seu verdadeiro formato, deixando Mulder em choque.
Com esta última cena, podemos concluir que o detetive ainda quer acreditar! E é bom saber que The X-Files ainda tem a capacidade de nos entreter sem parecer obsoleto ou lamechas.
No mundo de hoje, as oportunidades de incorporar criaturas e lendas urbanas em futuros episódios são imensas! A Internet (a nova paixão de Mulder) é recheada de creepypastas e mitos à espera de serem satirizadas. Até aí espero com os dedos cruzados que The X-Files continue a usar esta genial fórmula e ganhem novos fãs suficientes para, se calhar… fazer ainda mais episódios?
Cátia Neto