No episódio desta semana de Legends of Tomorrow, Fail-Safe, continua o forte desempenho que Phil Klemmer tem construído a partir do episódio piloto. Quando a série foi anunciada pela primeira vez, pensei que seria mais virada para a ação, porque se pensarmos sobre isto, estamos a enviar, para o passado, humanos com super poderes e com armas que possuem tecnologia de ponta, para lutar contra vilões com tecnologia muito mais fraca, o que teoricamente deveria ser fácil para os nossos heróis. Em vez disto, a série tende a colocar os nossos heróis em situações em que os super poderes não vão resolver a situação ou causar impacto na linha temporal.
Numa série em que temos Atom, Captain Cold, Firestorm, Hankgirl e toda uma enorme tecnologia ao seu dispor. é curioso o ponto mais fraco ser o enredo e o mais forte, até agora, ser a caracterização das personagens. Legends of Tomorrow é uma boa série, isso não está em causa, mas tem que lidar com alguns problemas muito rapidamente.
Nos cinco episódios que foram exibidos até agora, podemos constatar o seguinte: Legends of Tomorrow começa a cair numa rotina. Eles viajam no tempo, vão para determinado lugar, Hunter cria um plano, o plano envolve duas ou três pessoas a fazerem alguma coisa. Ao mesmo tempo, dois ou três membros da tripulação vão fazer alguma coisa que nada tem a haver com o plano e, por fim, são deixadas duas ou três pessoas na nave, ao abandono, que vão protestar todo o episódio com o facto de terem sido deixadas de lado. Em seguida, o plano de Hunter dá asneira e os os membros da tripulação, que ficaram na nave, chegam à conclusão que são parte integrante do plano. Hunter revê o plano, eles vão ajudar, salvam a situação e next.
Porque é que se recruta nove pessoas se vamos estar em todos os episódios a deixar algumas no banco de suplentes? As suas ausências deixam realmente buracos nos planos de Rip. Esta semana, Fail-Safe deu continuação ao episódio anterior, onde o Professor Stein, Heat Wave e Atom foram detidos numa prisão soviética por Valentina Vostok e Vandal Savage, com Vostok a tentar criar um Firestorm Soviético, a partir de Stein. O plano de Hunter é deixar Hawkgirl e Jackson na nave enquanto White Canary e Captain Cold tentam resgatar Stein, ou então, como plano B, matar Stein por intermédio de Sara.
Porém este plano é péssimo. Vejamos: Jackson poderia ter ido com Sara e Snart e só precisaria de tocar em Stein pare estes se fundirem no Firestorm e saírem de lá, em vez dos seus companheiros estarem a ser torturados para fazer com que Stein cedesse. Mas eles só fazem isto no fim do episódio, porque até lá precisamos de ver que Rip não sabe ser um líder, muito menos elaborar planos. E estar disposto a matar Stein para o mundo não cair em trevas? Desprezável Rip.
Fora isto, o episódio foi fantástico. A caracterização das personagens, a sua evolução, é melhor do que em qualquer das outras séries da DC. Depois de na última semana Stein ter empurrado Jackson, por este não seguir os conselhos do professor, nesta semana a ligação espiritual entre os dois foi fantástica. Desde a mensagem que Jackson fez no seu braço para ajudar Stein, à cena com Vostok, foi muito bom de se ver! Mostra que a ligação entre os dois, quer física quer mental, finalmente está a dar frutos.
Enquanto isso, os escritores continuam a dividir o elenco em vários grupos e, até ver, isso tem funcionado de forma muito satisfatória. Rip e Sara fazem parceria esta semana e conectam-se na crueldade que compartilham (estarem dispostos a matarem Stein para impedir que Savage crie os Firestorms soviéticos). Heat Wave e Atom estão os dois presos na mesma cela, onde é notória as opostas personalidades de cada um. Ray quer salvar toda a gente, ao passo que Mick quer apenas salvar-se a ele e Snart. No fim, todo o tempo preso com Ray parece ter tornado o coração de Heat Wave mais macio e amável.
Falando de Atom, se por um lado a personagem de Brandon Routh se torna chata por todo o egocentrismo e pela constante necessidade de querer ajudar tudo e todos, diga-se, em abono da verdade, que tem sido uma das revelações da série. Não só fornece humor à série quando esta mais precisa, como também é a personagem com o maior coração, pronto a sacrificar-se sempre em prol dos outros. Ele é inspirador para os seus companheiros, uma pessoa esperançosa na humanidade.
E já não há palavras para descrever Wentworth Miller. Soberbo. Neste episódio, mais uma vez, mostrou a sua inteligência ao descobrir, muito cedo, o plano B de Rip. O seu lado bondoso, o seu companheirismo quando se opôs veementemente a tal plano também foi muito agradável. Uma das coisas que faz Snart ser esta maravilhosa personagem é que, apesar de teimar em ser vilão, tem o seu código. E tenho de realçar uma das suas citações neste episódio: “Esta não é minha primeira fuga de uma prisão”.
Fail-Safe termina com a equipa a aterrar de emergência em Star City, em 2046, após a nave ter sido atacada por Chronos, novamente. A revelação de um novo Green Arrow (negro) é uma maneira intrigante de terminar o episódio, aliada ao triste futuro distópico da cidade.
Destaco ainda alguns pontos que acho que são relevantes:
Fernando Augusto