Depois de passar a maior parte do tempo, nos seus três primeiros episódios, presa em 1976, Legends of Tomorrow finalmente avança dez anos esta semana. O cenário da Guerra Fria ofereceu uma mudança de ritmo para a série e o novo conflito permitiu a cada membro do elenco ser o centro das atenções. Alguns destacaram-se mais do que outros, mas isso é de se esperar neste momento.
“White Knights” começa em 1986, onde os nossos heróis tentam invadir o Pentágono e roubar o original de um arquivo redigido sobre o paradeiro de Savage. Um plano elaborado, envolvendo disfarces, luta corpo-a-corpo e uma amostra dos poderes de Firestorm, mas que é quase deitado a perder quando Kendra perde o controlo emocional no meio do assalto. Felizmente foram capazes de agarrar o arquivo e saber que Savage se encontra em Moscovo.
Depois desse desastroso assalto, embora bem sucedido, o elenco é dividido (parece que começa a ser um hábito ou uma necessidade da série, talvez para não se espalhar ao comprido) e o episódio explorou vários sub-enredos todos ligados ao misterioso programa soviético de Vandal Savage. O emparelhamento mais agradável foi Ray Palmer e Leonard Snart, mais uma vez. Foi muito bom ver Ray a tentar concretizar os seus sonhos de ser um agente secreto e a falhar miseravelmente, enquanto Snart, além de salvar o plano, ainda levou o brinde. Wentworth Miller está rapidamente a começar a ser o MVP da série. A sua interpretação é um regalo para os telespectadores, ora remete os seus colegas para uns furos abaixo, ora rouba tudo quanto pode, ora quer matar… mas, acima de tudo, deixem-no ser um vilão.
Neste episódio, Rip teve um reencontro dramático com o seu antigo mentor do Time Masters. Foi interessante vê-lo lutar, entre a sua lealdade para com Druce (interpretado por Martin Donovan) e o seu compromisso para com a cruzada. Nós sabemos que Rip está obcecado em trazer a sua família de volta, mas a esta altura, a afeição que este nutre pela equipa também é forte. E provavelmente não será a última vez que ele se vai encontrar dividido entre a missão e os seus amigos.
O caçador de recompensas Kronos também regressou esta semana. Infelizmente, todas as comparações a Boba Fett ficam aquém. Kronos parece ser uma personagem interessante, embora não seja particularmente ameaçadora ou intimidadora e o seu trabalho deixa muito a desejar. Qualquer obstáculo o deixa K.O. Veremos se esta personagem terá um melhor destaque nos episódios que estão por vir.
Um ponto forte da série, até agora, tem sido a evolução da caracterização das suas personagens. Neste episódio, isso foi notório para as das metades de Firestorm, na exploração da ligação entre Stein e Jax. Se, de um lado, temos um professor frustrado, exigente e teimoso, do outro existe um estudante que pretende ser ouvido e ter peso nas decisões que Firestorm toma. Esta luta interpessoal culminou com Stein a assumir que, no fundo, é como é pelo medo de perder Jax, tal como perdeu Ronnie no passado, em The Flash. Não nos esqueçamos que Stein arrastou Jax à força para esta cruzada e, com isto, fugiu à sua monótona vida e agora é tempo de lidar com as consequências das suas ações e, até ver, com nota positiva. E nunca é demais dizer, finalmente algum tempo para Jax poder crescer enquanto personagem.
Para mim, a única personagem que continua à parte do restante elenco é Kendra. Se no segundo episódio ela tirou férias, por assim dizer, neste continuou em baixa. Primeiro, acho que não há necessidade de a transformar numa versão 2.0 de Sara. Depois, quanto tempo mais será preciso para encarnar a guerreira que tem dentro de si? E como se não bastasse, o emparelhamento com Sara não a ajudou em nada, pelo contrário, esta voltou à sua bloodlust num treino. No meu ponto de vista acho desnecessário, mas dou o benefício da dúvida à série.
O momento alto do episódio foi o cliffhanger com que o episódio terminou. Stein absorveu a energia nuclear, mas na sequência, após um tiroteio bem realizado, Stein, Ray e Mick ficaram todos reféns de Savage, onde terá com ele, algo melhor que energia nuclear, ou seja, a metade de Firestorm. Resta agora saber como a equipa vai lidar com este problema, uma vez que, três pesos pesados da team se encontram fora de combate. Algo que ainda não consigo entender é porque é que Ray nunca leva o seu fato de Atom para situações de risco.
Resumindo, foi mais um episódio de Legends of Tomorrow bom. Além da premissa à volta de Savage, a série conseguiu também avançar com o enredo em torno dos Time Masters, o que é bom. Snart e Mick continuam fantásticos e a carregar a série. Kendra precisa urgentemente de evoluir como personagem. Por outro lado, a interação entre Martin e Jax foi fantástica e comovente.
Fernando Augusto