O que torna alguém num herói? O que se pretende para um legado? Pode realmente alguém mudar o seu destino? Ou mudar o destino da humanidade? Depois de meses de promoção, da construção mundial dos heróis e das inúmeras apresentações, Legends of Tomorrow da DC estreou na CW. Um spin-off de Arrow e The Flash que se centra numa variedade de heróis, aliados e vilões presentes nestas duas séries. A estreia foi marcada por ação, exposição dos personagens e ainda conseguiu colocar algumas grandes questões e definir o tom para o resto da temporada.
A série começa com “Pilot, Part 1” escrito pelos criadores Greg Berlanti, Marc Guggenheim, Andrew Kreisberg e Phil Klemmer. Empurrando os telespectadores para um futuro distópico, onde um desesperado Time Master, Rip Hunter (interpretado por Arthur Darvill), implora ao Time Masters Council por permissão para mudar a linha do tempo, a fim de parar a ascensão do vilão imortal Vandal Savage (Casper Crump). Rip Hunter sai então em busca dos oito membros de que precisa para a sua cruzada, e é aí exatamente que a série começa a ficar interessante.
Hunter recolhe então os seus oito desajustados eleitos, um processo que serve de introdução para os telespectadores que não seguem Arrow ou The Flash. O primeiro é Ray Palmer – Atom (Brandon Routh), que sofre de complexo de inferioridade e tenta a todo o custo ser um herói, fazer algo grandioso pela humanidade. Sara Lance – The White Canary (Caity Lotz), fugindo aos seus demônios no Tibete, após a ressurreição no poço de Lazarus. O novo Firestorm, também conhecido como Professor Martin Stein (Victor Garber) e Jefferson “Jax” Jackson (Franz Drameh), que estão ainda na fase de ligação mental um ao outro. Leonard Snart – Captain Cold (Wentworth Miller) e Mick Rory – Heat Wave (Dominic Purcell), que as únicas coisas que pretendem é não serem heróis, passar a vida a assaltar e chutar umas quantas pessoas. Por fim, os semideuses alados Kendra Saunders – Hawkgirl (Ciara Renée) e Carter Hall – Hawkman (Falk Hentschel), que tentam reaver as suas memórias e com isto a grande paixão que nutriam um pelo outro. No entanto, devido a tanta personagem principal, Legends of Tomorrow parece ainda estar à procura da melhor maneira para as articular em conjunto.
A maior parte da estreia, porém, centra-se sobre se a equipa que Hunter montou assume ou não a responsabilidade de salvar o mundo e embarcam nesta aventura pela linha temporal. Eles brigam, debatem, lutam fisicamente e reclamam, mas isso é tudo o que se espera, e, no fim, lá vão eles.
Na segunda parte do Pilot, Part 1, a série, inteligentemente, começa a juntar as personagens em grupos menores, permitindo uma melhor interação entre elas, embora se esforce para adicionar profundidade e, muitas vezes, sentido. Mas sinceramente esta série não pretende ser sobre lógica ou filosofia. Para isso existem outros programas. Este é um grupo que viaja no tempo, com o intuito de apenas e só kick some ass, como se viu na luta no bar envolvendo Sara Lance, Snart e Mick Rory. Em abono da verdade, foi a melhor cena em todo o pilot, quer pela ação, quer por todo o humor presente.
Infelizmente, o vilão imortal da série, Vandal Savage, não é tão assustador ou tão ousado como deveria ser. Quer Arrow, quer The Flash, introduziram recentemente vilões que despertam medo, como Damien Darhk ou Zoom, mas Vandal Savage, além da sua imortalidade, ainda não parece inspirar medo ou, francamente, muito interesse. Com um vilão mais dinâmico e cruel (ou com um aumento das habilidades e malícia de Savage), Legends of Tomorrow poderá tornar-se verdadeiramente numa grande série.
Por enquanto, é uma história de ação e aventura a um ritmo acelerado com bons recursos visuais, referências divertidas, reviravoltas intrigantes e um elenco grande – onde Rip Hunter parece fazer o papel professor. Eles são, como Ray Palmer disse “… uma coleção de ninguéns que o tempo não dá a mínima para…”, mas que querem ser heróis, quiçá lendas. Mas ainda não o são. Mas há potencial e muito tempo.
Algumas observações:
Fernando Augusto