“You did this to yourself”
Considerando o quão bom foi o episódio da semana passada, o desta semana teria sido uma total deceção se não tivessem existido os últimos minutos. Neste ponto, Blindspot provou que se o episódio for medíocre, haverá pelo menos algo no final para que os espectadores fiquem entusiasmados para a próxima semana, só que desta vez vamos ter de esperar três meses devido ao hiatus. Blindspot deixou-nos temporariamente com uma nova revelação bombástica e com um par de questões prementes ainda sem resposta e mais outras quantas levantadas.
No entanto, acho que os seguidores de Blindspot apreciaram aqueles intensos dez minutos finais de “Evil Handmade Instrument”: Jane a declarar-se a Weller; Zapata assinando uma carta de demissão; Carter a sequestrar e a torturar Jane; o ex-noivo de Jane (o dos flashes) a matar Carter e a revelar-lhe, por fim, um vídeo em que ela, a antiga “Jane”, diz ser a responsável por todo o mistério de Jane. Mas para já vamos por partes.
O caso da semana neste episódio foi surpreendentemente desinteressante. Girou em torno de agentes infiltrados russos e na obtenção de justiça pelo assassinato de David, onde todo o enredo foi simplesmente fraco. Nada realmente que fizesse uma pessoa ficar presa ao ecrã ou sentir-se envolvida no que estava a acontecer. E isso não deve ter sido um problema, considerando que este foi um caso pessoal para o FBI. Patterson, no entanto, mostrou outra vez que a série podia tê-la como personagem principal. Mais uma vez brilhante a encarnar o papel. Colocou emoção, raiva, desespero, tristeza ao episódio e chegou a ser durante muito tempo a única que nos fazia ficar presos ao ecrã, sempre na expectativa de quando entraria em colapso nervoso.
Para compensar o medíocre caso da semana, os últimos minutos foram intensos e imprevisíveis. Jane finalmente declarou-se a Kurt, surpreendendo-o à porta do apartamento com um beijo. Desde o piloto a lidar com a sua misteriosa identidade, com as inúmeras tatuagens e os seus significados, com a aceitação e rejeição, finalmente tomou um rumo e assumiu aquilo que pretende. No entanto Blindspot já nos habituou a que nesta série os momentos felizes não durem muito tempo. Quando voltava a casa, Jane foi sequestrada por homens mascarados, acordando numa pequena sala com o odioso Carter. Carter cansou-se de esperar por algo e tomou a iniciativa de, à força, obter respostas do que supostamente Jane sabia sobre “Daylight” e não só. No meio da tortura e perante a falta de respostas que Carter ouvia, foi Jane quem lhe fez uma pergunta, “O que é Orion?”. Quando tudo parecia perdido para Jane, eis que Carter foi morto. Foi um personagem formidável, um antagonista perfeito (odioso quanto basta) para a equipa do FBI, embora a sua morte, apesar de nos fazer feliz, tenha sido um pouco forçada e sem sal.
E de seguida veio a grande revelação: o homem que matou Carter e salvou Jane é o homem com a tatuagem de árvore (que não é a grande revelação). Ele vem até Jane e mostra-lhe um vídeo no telemóvel. No ecrã é a antiga Jane (com cabelos longos e sem tatuagens) e através de uma mensagem de vídeo gravada, a Jane do presente ouve, “se estás a ver isto, então tudo está a correr conforme o planeado”. De seguida Jane ouve que é ela a responsável quer pelas tatuagens, quer pela falta de memória, que ela fez isto a si mesma; tudo o que se está a passar é por causa dela.
Assim, enquanto ficamos com esta nota para os próximos meses, há outras coisas a ter em conta até a série voltar. É ainda uma incógnita se o pai de Kurt esteve envolvido no rapto de Taylor Shaw ao não. O homem da tatuagem finalmente tem um nome, Óscar. Passará a fazer parte do elenco e a ajudar Jane a completar a sua missão ou irá morrer como todos os outros personagens do passado de Jane? Quem é a antiga Jane, o que pretende, qual as suas intenções? A atual Jane já mostrou ser boa pessoa, mas e quanto à antiga? Com a morte de Carter, Zapata irá para a frente com a sua demissão, por sentir culpa e peso na consciência por ser uma agente corrupta? Será que Patterson ultrapassará a perda de David? Que mais segredos Mayfair esconde e até que ponto estará envolvida em “Orion” e o que isso significa?
Qualquer pergunta terá de aguardar três meses pelo menos, até lá resta-nos esperar que a série mantenha o nível a que já nos habituou. Até ao regresso de Blindspot!
Fernando Augusto