Estamos de volta à Academia do FBI em Quantico, onde a nova missão dos recrutas consiste em vigiar a sua superior no dia-a-dia. A técnica de vigilância não necessita só dos equipamentos certos, mas também de entender os comportamentos que cada um tem durante o seu atarefado dia, algo que os recrutas irão aprender durante o exercício. Os novos “casalinhos de rolas” estão ainda a tentar perceber o seu estado, uma vez que os encontros têm acontecido com cada vez mais frequência. Depois de Alex ter mostrado a cara ao resto do mundo através de um vídeo, as suspeitas do potencial bombista de Grand Central caem agora sobre Caleb, assim que descobrimos a proveniência do seu envolvimento com o caso. Shelby, Booth e Asher apressam-se a ajudar Alex a infiltrar-se no computador de Caleb e novos segredos surgem.
O enredo de Quantico parece estar a querer chegar a um objetivo claro, ainda que tente “passar a batata quente” entre os intervenientes da narrativa. Os personagens começam a revelar as suas verdadeiras intenções e a trama vai-se adensando à medida que Parrish segue no encalço de cada um. Durante os eventos na Academia do FBI, há uma linearidade na construção dos personagens estabelecida pela forma amorosa como os recrutas se começam a relacionar e, mesmo não sendo uma estratégia inovadora, certamente impulsiona a mediocridade argumentativa para um prazenteiro serão de uma hora. O destaque do episódio também incide sobre Miranda, a manda-chuva do FBI, e na triste relação que mantém com o seu filho; não só este momento arranca uma prestação adorável de Aunjanue Ellis, como alimenta o puzzle mental que temos feito na nossa cabeça para ligar as peças que estão ainda em falta.
Mas, acima de tudo, a banda-sonora que nos proporcionou alguns temas de Florence + the Machine forneceu ao episódio um carisma fora do vulgar. Mesmo que Quantico não seja um must-see, continua a ter alguns trunfos na manga e nada melhor do que desmistificar os personagens para que possamos tirar algum proveito da série e podermos entreter-nos. Nenhum dos twists nos deixa boquiabertos, mas conseguimos franzir uma sobrancelha e achar as situações, pelo menos, estranhas e pouco confortáveis. O calcanhar de Aquiles da série continua a ser a fraca realização que não é suficientemente competente para nos fazer agarrar ao enredo que, ultimamente, até tem progredido. Mesmo que o elenco até seja minimamente aceitável, Quantico pode entreter, mas o objetivo de se tornar uma série de referência está já riscado da lista.
Jorge Lestre