É verdade que esta quinta temporada tem vindo a desenvolver uma trama algo complexa. Estamos já a mais de meio da temporada e existem ainda muitas pontas soltas, fazendo com que não consiga montar uma história com cabeça, tronco e membros.
Ainda assim este “Oriole” começou já a desvendar, ainda que muito subtilmente, um pouco da narrativa que envolve Carrie. Ela acreditava que os documentos que vazaram da CIA a ajudariam a encontrar aqueles que a querem ver morta. Pelo que me deu a entender, Oriole é uma espécie de nome de código para alguma antiga missão da CIA no Iraque.
Ao ver esse nome num dos documentos, Carrie entra em contacto com um dos seus contactos no Iraque, que a surpreende ao revelar-lhe que Abdul Nazari, um advogado iraquiano, fingiu a sua própria morte. É preciso uma razão muito forte para levar uma pessoa a fingir a sua própria morte, algo que Carrie sabe muito bem.
Acontece que este advogado iraquiano tem algum tipo de ligação com os Russos, deixando estes últimos desconfortáveis perante a eminente descoberta por parte de Carrie. Não se sabe ainda qual a ligação que existe entre Nazari e os Russos, mas certamente será algo que eventualmente colocará em causa todo o esquema que a SVR está a desenvolver juntamente com Allison.
Carrie não demora muito a chegar até Nazari, com a ajuda da jornalista da fundação During e o hacker Numan. Eles descobrem que a mulher do advogado vive atualmente em Amesterdão, o que coloca Carrie a 7 horas de distância do seu mais recente mistério. Na mesma altura em que Carrie chega até Nazari, os Russos chegam a ele também, tornando-o assim, aposto, num alvo inatingível para Carrie. Certamente que a nossa protagonista deve ter percebido que quem invadiu a casa do advogado, enquanto ela lá estava, eram Russos. Terá ela tirado alguma ligação entre o sucedido? A verdade é que ela, mesmo no final do episódio, deu um passo em direção à “boca do lobo”, ao pedir ajuda a Allison.
Saul continua na sua difícil missão contra os protocolos da CIA e a desconfiança de Dar Adal. A sua situação parece ter chegado a um ponto sem retorno, com a deportação para Langley a ser algo inevitável. Acontece que Saul tem já muitos anos de espionagem e sabe bem aquilo que o espera, fazendo com que tomasse a drástica medida de desertar para Israel. Mas não sem antes ter mais uma vez caído no jogo duplo de Allison e confirmar-lhe que Carrie está efetivamente viva.
Este pequeno movimento poderá ser ainda mais desvantajoso para Saul, no sentido em que Dar desconfia já de uma aliança entre Israel e Saul. Até que consiga convencer, e provar, Dar Adal de que tudo o que já disse era verdade, Saul irá passar um mau bocado, sendo dado como traidor. Sabemos bem de que forma os EUA tratam traidores, fazendo de Saul um homem ainda de maior interesse.
No meio de tudo isto temos ainda alguns desenvolvimentos interessantes, envolvendo Quinn e Otto During. Começando por este último, a amizade que o une a Carrie parece não ser assim tão verdadeira, já que o mesmo planeia despedi-la no final do seu contrato, por ser instável.
Já Quinn, que foi por coincidência acolhido no meio de uma célula terrorista, conseguiu astutamente retirar informações preciosas daquelas pessoas. Além de ter conseguido impedir um eminente ataque terrorista na capital germânica, conseguiu ainda uma via direta para um tal de Al-Qaduli. Pela reação de Dar Adal, este é uma pessoa de grande interesse para a CIA e desta forma Quinn poderá assim levar a bom porto mais um dos planos da agência. Só me interrogo é quanto ao atual nível de interesse de Quinn para com Carrie. Ele quase morreu só para a proteger e neste momento está prestes a embarcar em direção à Síria para mais uma operação não oficial.
Aos poucos e poucos, Homeland vai começando a construir uma narrativa consistente, esperando que venha a tornar-se em algo verdadeiramente interessante. A verdade é que a paciência do espectador está cada vez mais no limite e espero que rapidamente comece a ser seguido um rumo que possa justificar solidamente tudo aquilo que se tem passado até agora.
Carlos Oliveira