Na semana passada, o produtor executivo de Blindspot, Martin Gero, prometeu que os próximos episódios se centrariam fortemente sobre a mitologia da série e não ficámos desapontados. Se na semana passado o anagrama do episódio foi “Trust No One”, o episódio desta semana tende a seguir o mesmo caminho, “Suspect Everyone”.
Independentemente do conteúdo problemático e controverso, “Persecute Envoys” é o episódio mais bem construído de Blindspot até agora. O episódio avança vários dos arcos que estão em curso, constrói o desenvolvimento dos personagens para a maior parte do elenco principal e dispõe de um mistério da semana cheio de reviravoltas inesperadas. E, por outro lado, ainda consegue colmatar algumas falhas que a série ainda não nos elucidou. Por exemplo, pela primeira vez, quando Jane pergunta como as suas tatuagens poderiam ter previsto um evento, a série dá-nos uma resposta plausível vinte minutos depois. Essa resposta lança alguma luz sobre a natureza e a finalidade das tatuagens também: todas as tatuagens parecem levar a uma infestada corrupção.
Esta semana, um crime chocante chama a atenção para pistas nas tatuagens de Jane, que ajudam a equipa do FBI a descobrir as verdadeiras razões por detrás dos assassinatos dos dois polícias de Nova Iorque. Esses polícias estiveram envolvidos na morte a tiro de um homem negro um ano atrás e, num dos muitos pequenos momentos de personagens neste episódio, mas reveladores, Reade expressa solidariedade com a vítima e desconfiança em relação à polícia. Algumas cenas mais tarde, aprendemos que Zapata é um ex-oficial da Polícia de Nova Iorque. É uma série inteligente e intrigante, em que cada personagem vai muito além do seu presente, é sobretudo o seu passado que os moldou a serem o que são hoje.
Neste episódio, Blindspot explora a brutalidade policial e o racismo institucional. Quando os assassinatos começam a parecer um ato de vingança, o suspeito, um jogador negro profissional de futebol americano que nunca cometeu um crime, é ligado ao crime. No entanto, descobrem que ele é paranoico e que a polícia o está a chantagear com fotos de um encontro sexual com outro homem. Como a sua paranóia se baseia no medo, torna-se claro que o grafite na cena do crime foi destinado a desviar a atenção para um crime interno. Devastadoramente, um terceiro polícia, desta vez uma jovem negra, é assassinada enquanto a equipa seguia uma pista falsa.
O enredo do episódio cria uma ponte eficaz com o flashback do passado de Mayfair. Acontece que Saul Guerrero era um peão numa conspiração da Casa Branca para contornar processos ilegais de recolha de dados de indivíduos suspeitos. Curiosamente Mayfair também era um peão, embora por muito tempo estivesse relutante em fazer parte desta conspiração. Cinco anos atrás, ela, Carter (o agente da CIA) e Sofia Varna (Vice Diretora Política da Casa Branca) foram forçados a manter esta conspiração. À medida que o caso progrediu, o sentido de integridade de Mayfair foi desaparecendo.
Para intensificar esta perda de integridade, Mayfair também se apaixonou por Varna, interpretada por Sarita Choudhury. A relação desenrola-se com subtileza e acaba por se tornar um ponto brilhante num período negro da vida de Mayfair, no entanto o fim desta relação é de cortar o coração. Blindspot tem este estranho poder de criar personagens misteriosos, estranhos e cativantes só para os matar no final do episódio.
Enquanto isso, passamos a maior parte do episódio a aprender a amar Zapata – não, ainda não está recuperada da morte do seu parceiro polícia – para no final constatarmos que também ela é corrupta. Carter continua a chantageá-la para (contrariada) lhe dar informações sobre Jane. Falta saber se Blindspot irá fazer dela vilã, mas para meu contentamento e de milhões de espectadores espero mesmo que não.
Jane e Weller começam a aliviar a tensão entre eles. Weller, pela primeira vez durante a série, fez uma piada. Também pela primeira vez desde que a série começou, Weller socializou com o seu pai, num bom momento. Mas para mim o momento alto do enredo dos personagens vai para a noite das meninas no final do episódio, é adorável, com Patterson e Zapata numa missão para encontrar a bebida favorita de Jane.
Foi mais um bom episódio, sólido, emotivo, divertido e com muita tensão. Ouve um grande avanço da história dos personagens e mais uma vez Blindspot conseguiu, não se focando em Jane, cativar os espectadores com enredos secundários. Como pontos fortes destaco Zapata, Weller (pelo que tem vindo a crescer desde o início da série) e, como não podia deixar de ser, a Ladies Night.
Fernando Augusto