A cena de abertura do episódio desta semana de Blindspot, “Cede Your Soul”, não foi provavelmente aquilo a que os telespectadores da NBC se têm vindo a habituar. Em vez de lutas, físicas ou emocionais, tivemos apenas a misteriosa Jane Doe, através de um sonho, a ter um encontro romântico (ou porque não dizer sexual?) com um homem igualmente misterioso com uma árvore tatuada num braço. Era uma fantasia sobre Kurt Weller? Ou era de facto alguém do seu passado? O episódio também tem alguns momentos emocionais que afetam genuinamente e aprofundam a mitologia de Blindspot.
Curiosamente, os melhores episódios da série, até agora, são aqueles que dependem menos dos mistérios por detrás das tatuagens de Jane ou da sua verdadeira identidade. Com as bases estabelecidas por essa história, a série é capaz de puxar por temas que requerem mais paciência e que são mais propensos a descrença sem nunca perder intensidade, havendo sempre avanços na história global (mistério de Jane e tatuagens) a cada caso da semana.
Weller tem as suas suspeitas levantadas sobre Mayfair depois de descobrir que esta está a obstruir Patterson sobre a tatuagem que aponta para o arquivo do caso Guerrero. O seu pai descobre que a rapariga pelo qual ele foi acusado de sequestro está viva, libertando todo o alívio e sofrimento num grande momento emotivo. Uma nova tatuagem é revelada no corpo de Jane no final do episódio, além da associada ao caso da semana. Pela primeira vez, duas tatuagens foram exploradas no mesmo episódio. E um novo homem misterioso do passado de Jane emerge das sombras, o homem do sonho sexual presente no sonho de Jane.
Todos estes pequenos detalhes foram inseridos no caso da semana, o qual foi o foco do episódio. Weller e a sua equipa estão a tentar rastrear e neutralizar Trakzer, um software através do qual os terroristas conseguem seguir funcionários do governo através de GPS e matá-los à posteriori. O logótipo da aplicação por sua vez corresponde a uma das tatuagens de Jane. A pista leva-os até Ana Montes (30), um prodígio da pirataria com apenas 17 anos de idade, que perdeu toda a sua família e usa as suas habilidades para fazer o que ela acredita ser um trabalho altamente confidencial para o governo. Após o interrogatório, a equipa do FBI consegue destruir os servidores onde se encontra o Trakzer e assim desativá-lo.
Sem acesso ao Trakzer, um grupo de criminosos russos encontra Ana e força-a a usar as suas habilidades para ajudá-los a encontrar um camião carregado de armas de alto calibre. Jane, que se tem revelado cada vez mais um agente, corre para a linha de fogo para resgatar Ana, com quem fez uma conexão emocional depois de saber que esta é tão só no mundo como ela. Segue-se depois uma das imagens de marca de Blindspot: tiroteios massivos e bem executados e com duas enormes explosões (raras para uma série).
A arma secreta do episódio é Carrero, brilhante desempenho e interpretação. Ela consegue cativar com a sua personagem a partir do momento em que ela aparece no ecrã, e faz uma parceria com Jane mais interessante do que Weller. Há uma diferença marcante entre as cenas de Jane e Carrero em comparação com as cenas com Weller, que muitas das vezes parecem forçadas. Este episódio aprofunda o problema de Jane em socializar com o restante elenco, assim como mostra o afastamento para com Weller, quer por causa do sonho, quer porque Mayfair avisou-o de que não estava a ser objetivo em relação a Jane. Será que iremos assistir cada vez mais ao afastamento entre Weller e Jane, devido a todas as condicionantes? Veremos Weller a confrontar Mayfair por causa da tatuagem de Jane, referente ao caso Guerrero? Será que vamos ter outro homem do passado de Jane morto sem revelar algo importante?
Fernando Augusto