Sempre acreditei que Blindspot poderia fazer aquele “click” a qualquer momento e “Split the Law” é o episódio que a transforma finalmente numa série a sério. Pode não ser uma grande série ou uma série que nem cative minimamente, mas é competente e bem estruturada e neste episódio foi acrescentado algo que estava a faltar: densidade, abrangência da história e de enredo. Se este episódio fosse o piloto, por certo faria com que pelo menos os próximos fossem vistos. A história episódica foi a mais forte até agora e o episódio aprofunda o mistério de Jane e fornece um vilão concreto, credível ao contrário de um superficial (a entidade desconhecida por apagar as memórias de Jane e a tatuar todo o seu corpo).
No caso da semana, Weller e a sua equipa têm em mãos uma situação de reféns num banco, e o endereço deste corresponde a uma das tatuagens de Jane, presentes na base de dados (que é basicamente um “Google Alert” para as tatuagens de Jane). A negociação com os sequestradores, presumíveis empregados descontentes, caminha para bom porto até que a dada altura estes abrem fogo sobre os reféns. Depois de invadir o edifício e abater os criminosos, Weller e Jane acabam por dar com uma cave, declarada de solo internacional pela CIA e usada como “Black Site” para interrogar um suspeito chamado Dodi, membro de uma organização terrorista chamada de Dabbur Zann. Isto desencadeia o aparecimento de Tom Carter, vice-diretor da CIA, o homem que tem vindo a pedir a cabeça de Jane.
O confronto torna-se uma guerra jurisdicional entre FBI e CIA, com Weller e Mayfair nada satisfeitos com a CIA a operar em território americano. Além do controverso relacionamento entre as duas agências, as tatuagens de Jane e ela própria tornam-se mais um ponto de atrito. Jane mostrando serviço, descobre em apenas sete minutos o que de verdadeiramente aconteceu no banco. A situação de reféns era apenas uma artimanha para resgatar Dodi do “Black Site”.
A equipa do FBI rastreia Dodi para um cemitério, um lugar tão bom como outro qualquer para um tiroteio. Depois de deixar Weller e os restantes elementos da equipa fazer o trabalho pesado, Carter desce com a sua equipa para tentar reivindicar Dodi para si. Quando Mayfair se opõe, todos os agentes de ambas as agências apontam as suas armas uns contra os outros, criando um bom impasse. Carter faz um movimento para Jane propondo uma troca, Jane por Dodi, mas Mayfair tem uma boa razão para duvidar após impedir que Carter quase matasse Jane. No fim Jane fica com o FBI e Carter leva Dodi.
Carter é um vilão magnífico, irritante ao ponto de querermos vê-lo morto e cai que nem uma luva em Michael Gaston. O episódio também se foca na ligação emocional entre Weller e Jane. A ideia de Jane ser potencialmente Taylor Shaw não é muito interessante para mim como história, mas gosto da ideia de ambos terem reações divergentes quanto à ideia. Jane não tem nenhuma memória de ser Taylor e sente muita pressão para ser alguém que não é. Enquanto isso, Weller espera o retorno de Taylor para poder finalmente amenizar a culpa sobre o que aconteceu à sua amiga de infância. Há também desenvolvimentos relativos ao passado de Jane, mostrados pela recordação do seu rapto enquanto jovem e do cativeiro ao qual foi sujeita. O pai de Weller também foi introduzido e ainda tem um tempo de antena de três segundos antes de Weller lhe bater com a porta. Mas o maior desenvolvimento aqui foi Zapata. Depois dos acontecimentos da semana passada, revelando uma dívida de jogo, agora vemo-la do lado do inimigo, Carter. Um ponto negativo esta semana foi a quase ausência de Patterson, por tudo o que consegue trazer à série.
Fernando Augusto