Nos dois primeiros episódios, Blindspot fez um ótimo trabalho em estabelecer o que pretende enquanto série ao mesmo tempo que seduziu o público a querer cada vez mais. Nesta semana, o terceiro episódio conseguiu, não só manter, como aumentar o suspense. Já o desenvolvimento dos personagens teve uma notória melhoria, fazendo deste episódio o melhor até agora.
Após o momento de angústia promissor no final do segundo episódio, “Eight Slim Grins” (um anagrama à rapariga desaparecida) matou a única pessoa que poderia ter as respostas sobre quem era Jane. Depois de Jane confrontar o homem misterioso (que aparece nos seus flashbacks) e de uma boa e bem coreografada sequência de luta (um dos pontos fortes de Blindspot) este acaba por revelar que a quer ajudar e diz-lhe para não confiar “neles” (FBI) mesmo antes de ser baleado no peito e morrer. Convenientemente para a série, o tal homem misterioso é um “fantasma”, levando a mais um beco sem saída.
O caso desta semana também esteve em destaque. A ideia por detrás de Candyman (ex-Navy SEALs que se tornam ladrões de joias) não só foi inteligente na forma como foi abordada, como nos trouxe cenas de ação intensas e bem executadas. Um exemplo disso foi o tiroteio no hospital, apesar de no fim Robek acabar por morrer antes que pudesse revelar muita informação útil. No entanto, antes do último suspiro, deu a Jane uma pista, Orion, que embora sendo extremamente vaga, como Zapata mencionou, por certo será importante.
Apesar deste episódio não se ter centrado sobre uma das tatuagens de Jane, estas não deixaram de fazer parte do universo de Blindspot. Patterson (mais uma vez fantástica, quer no sentido de humor, quer nas falas ou na forma como explica a Jane a sua situação no grupo) descodifica outra tatuagem no corpo de Jane, que associam a um antigo número de um caso do FBI no qual Mayfair foi responsável. Curiosamente, esta ao saber, age de forma suspeita e desinteressada.
Enquanto isso, a dinâmica do grupo esteve sempre sobre grande stress. Jane apresentou uma constante necessidade em desobedecer às ordens impostas por Weller, enquanto este, embora confiando em Jane (por ter quase a certeza de que esta é Taylor) mostra uma tendência sempre protetora em relação a ela. Pelo meio, Reade está cada vez mais renitente em relação a Jane fazer parte das operações do FBI no terreno, chegando mesmo a questionar a autoridade de Weller. No entanto, em clima de tensão, Weller e Jane acabam por ser honestos, um em relação ao outro. Jane revela o que homem misterioso lhe disse, ao passo que Weller revela a Jane que esta poderá ser Taylor, a menina desaparecida, aliviando assim o clima entre eles. No fim do episódio, Jane é aceite oficialmente como membro da equipa.
Mas a maior revelação deste episódio, mesmo depois de ficarmos a saber que Jane é de facto Taylor Shaw, é de que Mayfair não é confiável. Guiada pelo receio acerca do caso que a tatuagem revelou, Mayfair encontra-se com o seu contacto (Michael Gaston, que faz sempre papel de vilão). Na conversa é referida a palavra “Daylight” e ainda que, se Jane estiver ao corrente poderá ter de ser morta, de modo a eliminar pontas soltas.
Este episódio mostrou o quão envolvente Blindspot pode ser. Os personagens continuam a ter uma evolução muito satisfatória, com destaque para a interpretação de Weller neste episódio, finalmente (o seu discurso sobre confiança foi fantástico)! A linha de tempo da narrativa parece estar cada vez mais sólida e o caso da semana teve uma melhoria significativa. Quanto a mistérios, enquanto um é revelado, dois aparecem. O que é Daylight e Orion? Será que estarão relacionados? Será que quem fez as tatuagens em Taylor está a tentar expor a Mayfair e tudo o que está subsequente?
Fernando Augusto