Bruxas, cobras, anjos e mais tortura apimentam a 2.ª semana de The Bastard Executioner.
Após o que, de uma forma geral, foi considerado um piloto longo e um pouco confuso, para aqueles que tinham esperança de que The Bastard Executioner pudesse vir a ser algo interessante e cativante, é obrigatório verem este novo episódio!
O que começou com uma decapitação na semana passada tem que continuar agora com um trabalho bem mais sangrento e obscuro na vida do novo carrasco. E assim, com a ajuda de Anora e de corpos de animais mortos, Wilkins começa a treinar as novas técnicas que precisa de adquirir para o seu novo ofício. Apercebemo-nos também que, ainda bem que Wilkins tem ao seu lado o filho do anterior carrasco porque, sem ele, ficaria meio perdido nas ferramentas que precisa de utilizar. A devoção que vemos, tanto pelo filho como pela mulher do ex-carrasco, é meio arrepiante, mas tendo em conta o que foi mostrado da maneira como este os tratava, não é de estranhar que existam sérios problemas psicológicos naquela família.
Para quem estava habituado a Sons of Anarchy, é provável estabelecer uma comparação entre a relação da bruxa e Wilkins e a corrupção de Jax por Gemma, tudo em nome do destino. E, neste enquadramento, é intrigante que o Wilkins deposite tão rapidamente tanta confiança nesta personagem tão misteriosa da qual não sabe quase nada.
Ao longo do episódio, podemos ainda descobrir um pouco mais sobre Wilkins e a sua infância. Vemos que ele é deixado em pequeno com monges, onde aprende a lutar, e certamente que é deixada uma pista de que ele será de facto um filho bastardo. Entretanto, esta semana vemos ainda cobras, muitas cobras. Seja num corpo mutilado e abandonado no meio do mato, nas visões de Wilkins ou na gigante coleção de cobras mortas que Anora possui na “cave”. Mas o que é que significam estas cobras? E as visões? Onde se enquadra toda esta magia?
Em relação á história principal, esta foca-se no “castigo da semana” e nas fidelidades de Wilkins. Uma jovem rapariga é capturada quando os rebeldes atacam uma caravana, e isto vem desencadear uma resposta pela Baronesa. Ao contrário do marido, percebemos que a Baronesa Aberffraw, que é gaulesa, está interessada em perceber as razões que levam a esta revolução e a tentar achar uma resolução pacifica, chegando a afirmar que quer marcar um encontro com o líder dos rebeldes, The Wolf. Este ponto é interessante, não só por ficarmos a conhecer a natureza (mais simpática no meio de tanta brutalidade) da Baronesa, mas também porque aprofunda a história sobre o domínio da Inglaterra sobre o País de Gales. Já Wilkins, confronta-se não só com um problema ético de torturar uma menina tão nova, como também de equilibrar as suas duas identidades e alianças (entre a Baronesa e The Wolf).
Enquanto isso, Toran e Wilkins seguem com o seu objectivo principal, e conseguem ganhar alguma confiança no seio dos ingleses e desvendar mais um dos intervenientes no massacre das suas famílias. Mas será que Wilkins vai aguentar esta farsa até ao fim, sem chacinar, antecipadamente, o homem que ele pensa ser responsável pela morte da mulher?
Quem não fica muito contente com o avançar da relação entre Wilkins e a Baronesa é Milus. As intenções deste aparente vilão continuam no escuro, e não sabemos como ele pretende alcançar o poder agora que o barão está fora de cena (terá ele uma mente tão afiada como o Mindinho de Game of Thrones?). É certo que ele estava habituado a ser ouvido pelo antigo barão, mas nem a Baronesa parece tão suscetível aos seus conselhos, como Wilkins também parece estar no caminho. Será interessante vermos no futuro como se irá desenvolver esta rivalidade entre Wilkins e Milus, e até que ponto Wilkins está disposto a aceitar curvar-se segundo os caprichos de Milus. Outra pergunta que se põe é, sabendo Milus que Wilkins é um rebelde, o que espera alcançar ao mantê-lo por perto?
Quanto ao castigo, graças a Wilkins e à Baronesa, a rapariga acaba por ser poupada e apenas é executado um “Olho por olho, nariz por nariz” (a banda sonora aquando das punições é um ponto forte). Seria ainda interessante se a rapariga permanecesse por perto, para podermos observar as repercussões que isto terá em Wilkins.
Pontos a considerar: The Bastard Executioner ainda tem que acertar bem o seu ritmo, de modo a presentear-nos com uma narrativa mais fluída e momentos ricos em caracterização das personagens, drama histórico e contexto político e religioso, sem nos parecer demasiado massudo; a relação entre Wilkins e os seus companheiros deve ser mais explorada, para perceber o que os unia antes do sentimento de vingança; neste tipo de séries históricas, os cenários costumam impressionar, e normalmente há um realce de cenas com paisagens de nos deixar de boca aberta, infelizmente, aqui parece não haver essa preocupação.
Emanuel Candeias