Blindspot tem, sem dúvida, uma das premissas mais intrigantes desta Fall Season.
Uma mulher aparece, dentro de um saco abandonado, nua e coberta de tatuagens, no meio de Times Square, em Nova Iorque. No saco, uma etiqueta a avisar para ligarem para o FBI. Nas costas da misteriosa mulher, à qual foram lavadas todas as memórias, está o nome do Agente Kurt Weller tatuado.
Sem mais nenhuma indicação do significado de tudo aquilo, é ao Agente Weller que recorrem para tentar identificar esta Jane Doe, mas nem ele a reconhece. Porque está o seu nome tatuado nas costas dela? É essa a primeira questão do episódio.
A sua memória foi apagada utilizando um químico que apaga memórias seletivas, quando administrado em pequenas quantidades, mas que em grandes quantidades pode levar à perda total de memória. As suas tatuagens são todas recentes e feitas pelas mesmas pessoas que a submeteram a tudo isto. A sua cara e impressões digitais não estão em nenhuma base de dados.
Mesmo após fazerem o scan de todas as tatuagens no seu corpo, o FBI não consegue interpretar nenhuma delas. Mas a ver uma em chinês, Jane consegue traduzi-la, e a tradução é reveladora. Um endereço e uma data. A data do dia presente.
Seguindo as pistas, o Agente Weller e os seus parceiros, com a ajuda de Jane, conseguem impedir um atentado terrorista. Começa a ficar mais claro qual o propósito das tatuagens de Jane. Mas a pergunta agora é “Porquê?”
À medida que o episódio decorre vamos acompanhando Jane na redescoberta de si própria, e as conclusões a que Weller começa a chegar quanto à misteriosa mulher.
Alguns acontecimentos vão despertando fragmentos de memórias de Jane, começando a abrir ligeiramente as cortinas que revelarão a conspiração por detrás do aparecimento incompreensível de Jane.
Não pretendo com esta review revelar mais detalhes sobre o episódio, apenas analisar aquilo que podia ter sido dos melhores pilots desta temporada, mas que por alguma razão decidiu revelar demais.
Sou muito picuinhas a ver pilots, e se há parâmetro que me leva a decidir se seguirei uma série ou não é ela ter um bom início. E um bom pilot não é obrigatoriamente aquele que é estrondoso e cheio de acção. É aquele que consegue dar ao espectador apenas o imprescindível para deixar água na boca e ânsia de ver o próximo. Um bom pilot não é obrigatoriamente aquele que avança muito na história logo à partida, nem aquele que avança muito pouco. É aquele que avança q.b., de forma inteligente. O que, no género de série que é Blindspot, sabe criar suspense e mistério.
Por alguma razão, Blindspot não me agradou totalmente neste aspeto e, embora não pondere já descartar a série, fiquei com pena de que tão bom potencial tenha começado logo a ser desperdiçado. Achei que houve coisas a ser reveladas já que podiam ter ficado para daqui a 2 ou 3 episódios, alimentando assim o mistério de uma forma mais básica, mas também mais vivida.
Dar muitos detalhes logo de mão beijada pode servir para criar mais interesse, mas no meu caso, retirou-mo. Gosto de saborear as coisas lentamente. E para quê atirar com 2 ou 3 mistérios para o ar logo de uma vez? Porquê até resolver logo alguns de início? Porque não deixá-los apurar mais um pouco para que a sua revelação seja mais sentida? Se calhar estou a ser picuinhas. E é por essa razão que vou dar uma segunda oportunidade a Blindspot, porque embora a premissa não seja original por aí além, poderá ser bastante boa se bem explorada.
E quanto à interpretação de Jaimie Alexander (Jane Doe) e Sullivan Stapleton (Kurt Weller) só tenho a dizer que me impressionaram de forma bastante positiva!
Mélanie Costa