A epopeia dos nossos queridos e estimados clones está a chegar ao fim. As respostas começam a surgir de todo o lado, como que balas que são disparadas de todas as distâncias; Castor e Leda estão a colidir e aquilo que os torna mais próximos está prestes a ser revelado. Sarah Manning, Felix e Mrs. S partem para Londres em busca do original de Castor, enquanto que Helena e Donnie reencontram-se com a máfia portuguesa novamente pois estes estupidamente levaram os bebés da nossa querida sestra. Alison está ainda embrenhada na sua campanha e Cosima alia-se com Delphine para descobrir a verdadeira identidade da sua nova amante Shay.
Orphan Black tem mostrado não ter limites quanto à sua criatividade e, agora que as duas frações de história estão finalmente ligadas (falo de Alison e das restantes irmãs que andavam um pouco “fora da mesma página”), os acontecimentos tendem a tornar-se cada vez mais emocionantes. Vejamos a visita de Sarah e Felix a Londres com a sua mãe adotiva que se revela um interessante fortalecimento dos laços familiares que os unem e a talentosa Maria Doyle Kennedy ainda nos surpreende com o seu talento musical num divertido momento de karaoke. A família conhece alguns membros do passado de Siobhan e estes parecem estar a contribuir para a procura do original Castor que necessita de ser eliminado e eis que os seus inimigos (em especial um que já nos tínhamos esquecido) regressa para lhes complicar a vida. Entretanto, do outro lado do globo, Cosima começa a suspeitar de Shay, a sua atual amante e companheira, depois de Delphine lhe ter entregado um dossier que expunha a sua verdadeira identidade; a jovem, ainda doente, reage mal e apercebe-se dos erros que cometeu e da intimidade que partilhou com a suposta traidora, mas assim que recebe um telefonema inesperado, a sua certeza passa a incerteza. Donnie, espancado por Jason Kellerman numa pequena briga pela conquista de Alison, está novamente em maus lençóis, assim que a máfia portuguesa invade novamente a loja dos Hendrix em busca dos comprimidos que traficam; nisto, o pobre mafioso inconsciente tem o azar de levar uma vasilha que contém os embriões de Helena o que o coloca em grande perigo. De todas as frentes, o perigo começa a afunilar as saídas e as nossas meninas vêem-se a lutar pela sobrevivência e contra o relógio, assim que os meninos Castor começam a perder a paciência.
A complexidade narrativa de Orphan Black está finalmente a desenrolar-se; quando se pensa que tudo se sabe, há sempre mais qualquer coisa que nos deixa boquiabertos sobre a saga dos clones mais fenomenais da televisão. Os twists argumentativos e que vão delineando a história com pitadas de suspense e uma certa imprevisibilidade científica tornam a série cada vez mais fervorosa e o espectador sente-se completamente absorvido pela temática. As performances estão sempre em alta, já que vemos Maria Doyle Kennedy com um pouco mais de regularidade (o que é sempre bom) e assistimos a Kristian Bruun tornar-se cada vez mais relevante e importante para o desenvolvimento da narrativa. É caso para dizer que Orphan Black é uma caixinha de surpresas e, tal como a mãe do Forrest Gump lhe disse desde pequeno: “Life was like a box of chocolates; you never know what you’re gonna get”; é um pouco como o lema de vida de Forrest que encaramos Orphan Black, com esta constante alteração frenética da narrativa que nos deixa espantados e maravilhados com o palpitante argumento da série. Agora que o final de temporada está a uma semana de acontecer, vamos ficar curiosos com as respostas às nossas tantas perguntas que vão demorar mais um ano a chegar. Saborear o pouco que resta de Orphan Black até 2016 é caso para dizer que a comparação de Forrest Gump com os chocolates é ainda mais pertinente e bem aplicada.
Nota: 9,5/10
Jorge Lestre