Depois dos acontecimentos chocantes do episódio anterior, as nossas sestras enfrentam novos desafios. Agora que escaparam das forças militares, Sarah e Helena tentam “integrar-se” na paisagem árida mexicana, ao esperar que Mrs. S chegue para as ajudar. Helena está pouco conformada com S e, claro, tenta obter a sua vingança. Cosima recebe uma visita inesperada de Delphine que necessita da sua urina para as experiências do Projeto Castor mas entende que esta visita tem um propósito bem maior do que uma simples recolha de dados para o procedimento científico. Alison eleva o seu negócio a um novo patamar e conhecemos a Mãe Hendrix que parece não querer alinhar no esquema. Donnie e Jason metem-se em sarilhos assim que Donnie, um não-muito-experiente gangster, comete um erro.
Os eventos de “Certain Agony of the Battlefield” foram tão intensos que os argumentistas decidiram acalmar os ânimos dos espectadores ao focarem-se na estranha história de Alison que se afasta da narrativa em foco nas suas irmãs. Como já sabíamos, Alison e Donnie envolvem-se num negócio ilícito de tráfico de comprimidos e Alison necessita do estabelecimento da sua mãe (que se rege pela venda de cosméticos e sabões) para conseguir lavar as grandes quantidades de dinheiro que começam a amontoar devido ao sucesso do esquema. A Mãe Hendrix, uma engraçada e muito peculiar Sheila McCarthy, não está muito recetiva a ceder o seu negócio, que durante anos foi o seu ganha-pão, e isso não traz boas notícias à vida dos Hendrix. Nisto, Cosima decide pedir a urina a Alison para o teste do Projeto Castor mas, no timing errado, vê-se embrenhada na campanha de ascensão a Presidente da Escola, e necessita de passar despercebida pela mesma enquanto a sua irmã resolve a situação de Donnie e da sua mãe.
A leveza de “Community of Dreadful Fear and Hate” é extraordinariamente eficaz, focando-se com uma pitada de humor, na história que tem vindo a “destoar” nos momentos mais dramáticos da temporada. A dupla Alison & Donnie acaba por nos arrancar umas boas gargalhadas ou sorrisos, quebrando as situações de adrenalina constantes e que mantém o espectador em dúvida em relação a esta tão pouco explorada linha da narrativa. O facto de haver uma nova inversão de papéis das nossas adoráveis irmãs acaba por cativar-nos ainda mais na história de Alison, ainda que esta surja um pouco como um “empata a ação”. Mas acima de tudo, o episódio estende a sua premissa para uma pequena viagem emocional sobre família, sobre sacrifício, sobre dedicação. Não é um registo magnífico, mas traz uma brisa fresca no meio de tanto calor e emoção. E, como tenho vindo a insistir, é sempre genial a forma como Orphan Black provoca todo o tipo de sentimentos e emoções nos espectadores, caminhando para o seu desfecho que vai deixar muita saudade durante quase um ano inteiro. A ausência da temática que envolve a LEDA, DYAD e toda a busca por respostas do Projeto Castor acaba por surtir efeito, na medida em que não progride com a linha principal, mas explora as suas personagens mais divertidas. Rachel também não foi esquecida e o seu papel tem vindo a revelar-se mais importante do que se originalmente pensava mas, mesmo assim, aqui a estrela é mesmo Kristian Bruun que rouba os momentos mais duros, onde a sua postura tosca e muito inocente, consegue arranca o sorriso mais puro nos rostos dos fãs.
Nota: 8/10
Jorge Lestre