Contém SPOILERS!
O segundo episódio de Penny Dreadful começou a dar as respostas apresentadas no início da temporada e eu não poderia estar mais entusiasmado. As alterações da visão de determinadas personagens e o estrelado de outras, que pareciam esquecidas na temporada inicial, vieram enriquecer a trama da nossa série. Até nas cenas mais paradas, o enredo aproveita para desenvolver sabiamente as personagens, fazendo com que Penny Dreadful esteja na minha lista de melhores séries da temporada.
John Logan, o guionista e criador da série, quer à força toda que vejamos Sir Malcom com outros olhos. Começámos a temporada inicial a vê-lo como um intrépido explorador britânico em África para, repentinamente, verificarmos que se trata apenas da máscara de um homem egoísta que busca apenas a sua própria glória. No season finale, Logan quer que retomemos o carinho que inicialmente tínhamos para com a personagem de Timothy Dalton. Já no episódio passado, notámos que Sir Malcom vê em Vanessa a filha que perdeu e tem demonstrado uma faceta mais humana e paternalista. Ora bem, Vanessa passou uma noite agitata a proteger-se das bruxas que a assediam e, logo pela manhã, bate à porta do seu pai adotivo em busca de conforto. Para nossa surpresa, Sir Malcom não passa o dia a tentar consolar a pobre coitada, mas tenta ocupar-lhe a mente com trabalho árduo: leva-a até ao “abrigo” que sustenta secretamente onde vivem dezenas de pessoas pobres, sendo que a maioria está infetada com cólera. Sir Malcom e Vanessa servem, durante horas, refeições aos mais carenciados, até que ele tem de sair. Vanessa prefere ficar e eis que se dá um improvável, mas delicioso encontro. Vanessa vai dar uma sopa a Caliban (perdão, John Clare) e vê algo de diferente nele! Iniciam um interessante diálogo acerca da vida e da religião e, para surpresa de Vanessa, o seu companheiro de conversa é um erudito! Tal como acontece com Sir Malcom, também Caliban nos tem demonstrado uma faceta mais humana, algo que me tem surpreendido bastante.
Caliban saiu, pois Victor pediu para ficar a sós com Brona (perdão, Lily) para facilitar o desenvolvimento deste novo ser. A verdade é que, em poucas horas, Lily começa a falar e a realizar raciocínios complexos, não se lembrando da sua vida passada, o que, para mim, será uma questão de tempo a vir ao de cima. Foi lindo ver Victor a adorar a sua nova filha (perdão, prima) e a transformá-la numa nova mulher. Este pequeno núcleo tem um enorme potencial a desenvolver.
Quem também regressa à segunda temporada é Ferdinand Lyle, o excêntrico (e sodomita, pelas palavras de Evelyn Poole, também conhecida por Madam Kali) historiador. Mas, ao que parece, desta vez o seu papel terá mais importância, pelo que julgo que o veremos com mais frequência. Como perito em línguas mortas, o nosso núcleo de heróis contrata-o para tentar perceber um pouco mais sobre a Verbis Diablo, a linguagem que Madam Kali e as suas filhas dominam fluentemente. Nada mais seria de esperar que Ferdinand entrasse em êxtase assim que se deparasse com Ethan. Ferdinand quase teve um orgasmo só de ver um americano alto que maneja armas na perfeição. Promete ajudar o grupo e nomeia Ethan como voluntário para o auxiliar a roubar uma caixa do British Museum, que contém a forma escrita dessa linguagem aparentemente morta. Tal foi escrito, no século XII, pelo monge cartuxo Gregory, que foi possuído pelo próprio Lucifer. Assim que abrem a caixa, descobrem um conjunto de objetos aleatórios onde estão escritas palavras que não entendem, mais parece um impossível puzzle.
Evelyn Poole inicia a sua jogada de aproximação de Sir Malcom. E tudo começa no boticário, com um perfume e um feitiço. O homem começa a ficar rendido aos encantos da senhora. Mais tarde, vemo-la na presença de Ferdinand e das suas filhas. Pois é… afinal o historiador trabalha para as bruxas como espião no núcleo dos heróis. A conversa interessante sobre a sodomia de Ferdinand é interrompida pela chega de uma das filha com uma mala. Supunha eu que a bebé ainda estaria viva e que serviria para substituir a bruxa que foi morta na semana passada, mas estava enganado. A criança já estava morta e Kali retirou-lhe o coração que colocou numa boneca-fantoche com as feições de Vanessa!
Quem também voltou foi Dorian. Ele está numa esplanada a admirar, melancólica e platonicamente, o retrato de Vanessa, talvez por ser a única que não pode ter à sua disposição. É aqui que conhece uma exótica rapariga chamada Angelique, que o cativa com a sua peculiar maneira de ser. Mais tarde, e não resistindo, Dorian vai à procura dela e entra num bordel. Para surpresa nossa, ou não, Angelique é um travesti… e Dorian expressa uma feição de satisfação!
Questões em análise:
Nota: 9/10
Rui André Pereira