O Clone Club está de volta esta semana com mais um episódio repleto de emoções. Mark tinha sido baleado pela matriarca dos Proletheans no final do capítulo anterior, Gracie foi levada pela mesma e Helena continua sob a asa das milícias da LEDA. Sarah parte em busca de respostas sobre o elemento originário do Projeto Castor enquanto ajuda Mark a tirar as balas do seu encontro. Alison e Donnie vêem-se numa alhada quando são visitados por um dealer que alega que os comprimidos que oferece na sua campanha pertencer a um determinado “barão da droga”. Cosima e Felix espairecem ao sair à noite e Helena tenta escapar da sua cela.
Escrito por Russ Cochrane, colaborador da equipa, “Newer Elements of Our Defense” assume-se como um capítulo intenso em que as respostas do Projeto Castor começam a fazer sentido. A linearidade científica acaba por surtir efeito no espectador que sente que as explicações são credíveis o suficiente para alimentar a já rica narrativa, permanecendo no registo imprevisível da história. Mas o fator que mais sobressai neste (e em todos) os episódios é, de facto, o talento de Tatiana Maslany e Ari Millen e nos seus retratos singulares. É incrível como não conseguimos retirar os olhos do ecrã sempre que um confronto entre os dois se despoleta. O argumento de Cochrane é astuto e ritmado, realçando as exigências físicas e morais dos seus atores. Vejamos o exemplo de Helena, uma das personagens mais complexas e mais deliciosas da série: a Sestra, que está sob o olhar atento da LEDA e é uma autêntica máquina de guerra, consegue aliar a sua aparente loucura com um lado ternurento que se vai gradualmente manifestando para com as suas irmãs. No final de “Newer Elements of Our Defense” temos um momento genial em que Helena acaba por surpreender ao controlar a sua ânsia de escapar da prisão da LEDA com o instinto maternal que se desenvolve dentro dela e é nestas escolhas que a performance de Maslany consegue ser ainda melhor do que se espera.
O tratamento de personagens de Orphan Black é a base do seu sucesso e complexidade da sua história permite retirar o que de melhor a atriz tem para oferecer. A dúvida espairece na minha mente sobre o porquê de Maslany ser rejeitada nas grandes cerimónias de prémios e penso ter chegado a uma conclusão. A versatilidade da atriz acaba por criar uma sombra em torno de todas as restantes que são nomeadas e a possibilidade de alguma conseguir superá-la é nula, resumindo-se num medo hollywoodesco de aceitação. O facto de Orphan Black manipular a atenção do público utilizando o talento da atriz como veículo é um acontecimento extraordinário de televisão e é esta característica que assusta as grandes cerimónias de prémios como os Globos de Ouro ou os Emmys. Portanto, Orphan Black continua a manter o seu registo extraordinário sem sinais de fraquezas e a forma como o faz é absolutamente cativante e, neste capítulo, há que dar mérito a estes talentosos atores que vamos ficar (quase) um ano inteiro sem os ver.
Nota: 9/10
Jorge Lestre