Com Claire e Geillis condenadas por bruxaria, o seu julgamento não tarda a chegar. As jovens estão aprisionadas e são tratadas miseravelmente pelo povo escocês. Ao longo do julgamento vão surgindo testemunhas que procuram confirmar os comportamentos normalmente associados com bruxaria por parte das mesmas, desde a jovem empregada de Geillis ao padre Alistair (que vimos nos episódios iniciais). O medo do desconhecido e daquilo que não compreendem reflete-se nos rostos dos membros do tribunal que, quer fosse verdade ou mentira, só pretendem queimar as duas jovens vivas. Ned Gowan, o advogado do clã MacKenzie, intervém em seu auxílio e uma decisão tem que ser tomada. Claire descobre um segredo importante de Geillis e Jamie descobre a verdade sobre Claire.
São muitas as surpresas e as novidades em “The Devil’s Mark”, surpresas estas que funcionam apenas como a cereja no topo do bolo. O novo capítulo de Outlander é aquilo a que chamamos um episódio completo; desde uma abordagem histórica à paranóia das bruxas, passando por uma dose violência física e psicológica, um salvamento intenso, traições, mentiras, medo e segredos até culminar num final digno de um verdadeiro conto-de-fadas. A escrita sublime de Toni Graphia capta a verdadeira essência de Outlander, onde não só conclui uma etapa fulcral na narrativa como o faz de forma absolutamente criativa e bela. A presença de Geillis já era, para o público, suspeita na sua maneira de agir e o segredo que esconde acerca da sua identidade é uma inesperada surpresa; Lotte Verbeek continua a provar que é uma atriz talentosa, cuja carreira cinematográfica e televisiva continua a progredir.
“The Devil’s Mark” explora as vertentes históricas, onde a série se insere, em momentos particularmente intensos, como por exemplo a constante intervenção do “Zé Povinho” a incitar para a morte das duas jovens, remetendo-nos para os tempos da clássica história de Salém em que o medo do desconhecido impera sobre as ações dos ignorantes. As palavras são uma arma impiedosa e o (dis)torcer das suas linhas pode ter consequências catastróficas e é nesta base que o argumento do episódio brilha. Outlander é também conhecida pela sua componente mística e pelos avanços e recuos temporais e, em “The Devil’s Mark”, as respostas que procurávamos chegaram. Claire conta a Jamie tudo o que lhe aconteceu até àquele preciso momento. O casal enfrenta o maior desafio de todos, saber se o seu amor é superior a todos estes elementos. A escrita de Graphia descreve todas estas situações de forma belíssima, procurando inserir-se nos contos-de-fada, tornando o episódio numa fábula moderna magnífica. Se imaginássemos as personagens de Outlander em versão animada iríamos ficar contentes por saber que as obras de Gabaldon nos fazem lembrar tanto daqueles contos mágicos que a Disney nos trouxe e que estão bem agarrados ao nosso coração.
Portanto, Outlander atinge com este episódio o seu auge e estou impaciente para saber o que vai acontecer nos capítulos seguintes mas, até lá, vejam e revejam “The Devil’s Mark” porque vale mesmo a pena.
Nota: 9,5/10
Jorge Lestre