O Projeto Castor está oficialmente em andamento, com os clones masculinos a espalhar o caos nas ruas. Sarah e a pequena Kira reúnem-se com Cal e, quando menos esperavam, o dever chama-as novamente. Cosima conhece o novo médico da DYAD que está algo relutante em transmitir as informações necessárias para iniciarem uma nova pesquisa. Alison está à procura de uma forma de derrotar a sua rival para Presidente da Câmara e, com a ajuda de Donnie, encontram um meio pouco convencional para o fazer. Helena, ainda na base militar da LEDA, não se conforma com o facto de a sua família a ter traído. E, finalmente, vejam lá quem está de volta, é o Paul! E, sinceramente, não traz boas notícias com ele.
“Transitory Sacrifices of Crisis” é mais um exercício brilhante da equipa de Orphan Black. Não mostra sinais de preguiça nem de divagações, mantém-se sempre no seu rumo, fiel à sua linha narrativa e continua a surpreender com twists frequentes e momentos de suspense que nos deixam em pulgas. A extraordinária abordagem científica da clonagem, que se estende para além daquilo que inicialmente se pensava, continua forte e no seu melhor sem cair em pretensiosismos nem em explicações megalómanas que só pessoas do ramo entendem. A aproximação que o espectador tem com as suas personagens é quase presencial, na medida em que nós próprios (enquanto público) nos esquecemos, por vezes, que é Maslany e Millen que interpretam todos estes magníficos clones que esperamos ansiosamente durante a semana. São tão credíveis e tão característicos que até já assumimos serem pessoas distintas, um pouco como ler os muitos textos dos heterónimos de Fernando Pessoa (todos diferentes e, no entanto, todos vindos da mesma pessoa). Esta particularidade continua e enaltecer o potencial criativo da equipa de Orphan Black que não tem medo de pisar os riscos do racional nem em explorar as virtudes dos seus atores. Os elementos masculinos da série, tirando Ari Millen e Jordan Gavaris, são postos em segundo plano, mas tanto Paul como Cal ou até mesmo Donnie, têm uma função importante para o desenvolvimento progressivo da sua história. Dylan Bruce e Michiel Huisman foram duas escolhas bem acertadas para os papéis, sendo que o seu visual acaba por funcionar como uma estratégia de marketing. Donnie, o talentoso Kristian Bruun, juntamente com Alison proporcionam momentos bem divertidos que quebram a seriedade do tema principal da série. Estas estratégias de casting foram pensadas ao pormenor e aliciam ainda mais os espectadores para se envolverem com a temática.
Sendo assim, podemos concluir que, no segundo capítulo da sua complexa narrativa, Orphan Black continua no seu auge e é direta na abordagem das várias vertentes da sua história, aproveitando o que de melhor consegue dos seus guionistas e atores, num registo televisivo que merece o seu devido estatuto de referência. Ainda que estejamos constantemente empolgados para o que vai acontecer a seguir e querermos sempre mais, ficamos sempre com aquele pensamento de que devemos apreciar a série pelo seu todo e esta ansiedade semanal para o que vai acontecer na semana seguinte acaba por fazer parte do espírito de quem vê a melhor série de televisão do momento.
Nota: 10/10
Jorge Lestre