(Contém Spoilers!)
Matthew Gray Gubler , realizador do mais recente episódio de Criminal Minds, Mr. Scratch, demonstra os seus dotes de cineasta, trazendo à temporada dez o elemento de horror psicológico, reviravoltas inesperadas e, em geral, um dos melhores episódios da série!
O episódio começa na perspetiva de Larry, suspeito principal do misterioso homicídio da sua esposa, do qual jura ser inocente. Porém, Hotchner diz-lhe que foi encontrado deitado ao lado da vítima, com a arma do crime na mão. Sem dúvidas, o culpado é Larry, mas o próprio lembra-se vivamente de testemunhar o assassato da parceira por uma criatura sobrenatural, com enormes garras e que emite um dos sons mais assustadores que já ouvi numa série. O suspeito também relata cheirar salvia antes de sentir uma forte dor e perder a consciência.
Quando mais homicídios que apresentam as mesmas características que as do último caso surgem, a equipa decide investigar mais a fundo as mortes, descobrindo que em cada um dos homicídios, os suspeitos inalaram involuntariamente uma espécie de droga que os deixa inconscientes e produz alucinações a qualquer pessoa que a consome. A droga desperta os medos das vítimas de tal maneira que uma das pessoas afectadas pelo unsub ficou em estado quase catatónico, chamando a criatura misteriosa de Mr. Scratch.
Parabéns a Gubler e ao escritor Breen Frazier (de Alias) por ter trazido à vida algo que se mantém ao mesmo tempo na sombra (figurativa e literalmente) e é assustador, apesar de Criminal Minds ser obviamente uma série realista e que apenas sugere elementos supernaturais nos seus episódios.
Mr. Scratch, contudo, revela um pedacinho da sua personalidade acidentalmente ao hackear o sistema da BAU, provando ser um génio com capacidades que, de acordo com Spencer, somente são ensinados em Harvard, e que são demasiado perigosos para serem usados por qualquer empresa, à exceção da Agência de Segurança Nacional.
Com alguma insistência, Hotchner consegue descobrir o culpado dos homicídios, Peter Lewis, cuja família geria uma casa de adoção, e cujo pai foi morto na prisão depois de ser acusado de pedofilia. Susannah Regan, à vista de Lewis, é a principal culpada pela desgraça da sua família. Ela persuadiu as “vítimas” que viviam na casa de adoção a acusarem o pai, usando até sálvia queimada, assim como Lewis usa nos seus crimes, para melhor “hipnotizar” as crianças.
Hotchner corre contra o tempo para tentar salvar Regan, que é a próxima vítima de Lewis, mas chega tarde demais: Lewis fez com que Regan inalasse a droga hipnotizante, e manda-a suicidar-se à frente do agente. Horrificado, Hotchner é subjugado e drogado, e tem alucinações relacionadas com o seu maior medo: perder a sua equipa às mãos de um assassino lunático. Quando a equipa chega, Lewis pede a Hotchner que dispare contra a sua equipa, com a sua própria arma, no momento em que entrarem. Mas o agente desafia a própria mente e atira contra o unsub, incapacitando-o.
A série, ou pelo menos o monstro causado pelas alucinações lembrou-me do filme Babadook, que atormenta as personagens principais psicologicamente.
Apesar de não ser um dos casos mais complicadas da equipa, ou a que mais os afetou, deixou uma marca em Hotchner, cujo trauma causado pelo Mr Scratch deixou rastos que deverão ser explorados em episódios no futuro.
Matthew Gray Gubler mostrou mais uma vez o quão talentoso e criativo é, e realizou o que é na minha opinião o melhor episódio que ele já dirigiu!
Estão de acordo comigo, ou nem por isso?
8.5/10
Cátia Neto