Estamos de volta à vida de James McGill, “Attorney at Law”, que parece estar a progredir cada vez mais no seu percurso profissional. Temos algumas surpresas, muita diversão e muito entretenimento, ou seja, um dia normal para quem segue a aventuras do advogado.
Numa sequência inicial excelente, onde a câmara acompanha cartazes de bandidos procurados de forma descendente e pára assim que chega ao rosto de Jimmy, vemos que o assunto de Mike ainda não está resolvido. Já sabemos o porquê e a equipa de Better Call Saul não gosta (e muito bem) de deixar pontas soltas no argumento: Mike é confrontado pelos dois detetives que vasculham pelo seu passado e decide ter uma conversa bem pessoal com um deles que é seu amigo de longa data. Sem saber o que a sua nora poderá dizer, Mike não pode fazer mais do que aguardar pelo veredicto.
Jimmy, por outro lado, volta a ver dois dos seus amigos vigaristas, os Kettlemans. Os Kettlemans são duas personagens muito divertidas, no sentido em que personificam a vigarice no seu esplendor: são culpados mas não aceitam o acordo de Kim Wexler, sua advogada, que propõe 16 meses de cadeia numa tentativa de reduzir os 30 anos do que foi inicialmente estipulado; o receio de serem apanhados leva os Kettlemans a deixar a empresa que rivaliza Jimmy e a procurar o mesmo para os representar em tribunal. Uma vez que Jimmy tinha aceitado um suborno para compor a sua vida, dá a vantagem aos Kettlemans para o chantagear. “Ou nos defendes, ou então denunciamos”, para ser mais preciso. Jimmy está novamente em apuros, mas já voltamos aqui outra vez.
Um dos aspetos mais importantes da narrativa e que é construído com cuidado e alguma lentidão é a relação entre Jimmy e Kim. O espectador sabe que há ali uma química e Jimmy não esconde o quanto valoriza a “amizade” da mesma; os argumentistas não querem, para já, tornar Better Call Saul num melodrama, pelo que estas pequenas nuances romancistas funcionam sublimemente para evidenciar o fator amoroso, que aqui é apenas um aspeto secundário. Apesar de Kim mostrar alguma recetividade, não consegue aceitar tudo de uma só vez e vai dando umas “tampas” ao nosso querido advogado.
Voltando aos Kettlemans, Jimmy está encurralado e nada é melhor do que contactar o seu parceiro do crime para o ajudar. Mike entra em ação e é aqui que Better Call Saul continua a triunfar, na simplicidade e, no entanto, genial exploração dos seus atores. Jonathan Banks é o retrato de uma geração de bandidos “old school” que faz as coisas com profissionalismo e nunca mostra sinais de fraqueza. Jimmy, por outro lado, é um turbilhão de emoções e impulsos e sempre que estes impulsos tomam conta das suas ações, a sua técnica de manipulação fica mais aguçada.
Não é o melhor episódio da série, mas continua a ser um bom episódio.
Nota: 8/10
Jorge Lestre